A teorização e a prática do romance histórico em Os noivos, de Alessandro Manzoni

Tresoldi, Tiago

Abstract:

 
Esta dissertação discute a teorização e a prática do romance histórico oitocentista por Alessandro Manzoni (1785-1873), tanto em sua produção ensaística (em especial Del romanzo storico, de 1850) quanto naquela literária em I promessi sposi [Os noivos] (1842). Para isto, discuto a compreensão contemporânea de “romance histórico” a partir dos entendimentos correntes quanto aos gêneros literários, buscando uma solução na defesa do romance histórico como uma manifestação artística, geográfica e temporalmente particular de um modo narrativo sempre existente e necessário, que busca conciliar o discurso percebido como histórico (de uma verdade correspondente à realidade) com aquele percebido como ficcional (de uma verdade coerente à expectativa do universo literário narrado); a conhecida crise deste gênero é assim analisada pela sua relação com os debates contemporâneos sobre a historiografia, os quais, por sua vez, dificultam uma clara separação entre histórico e ficcional. O romance de Manzoni é deste modo inserido no jogo de forças entre compromissos históricos e ficcionais que, neste entender, marcou sua prática artística desde a juventude, culminando na obra aqui analisada: esta serviu-lhe ao mesmo tempo de laboratório para este gênero então novo e de veículo para a expressão irônica, fruto de uma rígida ética ao mesmo tempo iluminista e cristã que lhe era peculiar, desta capacidade de conciliar história e ficção
 
This dissertation discusses the theory and practice of the historical novel of the eighteenth century by Alessandro Manzoni (1785-1873), both in his essays (in particular Del romanzo storico, 1850) and his novel I promessi sposi [The Betrothed] (1842). Thus, I discuss the contemporary understanding of “historical novel” by the current debates about literary genres, aiming for a solution with the defense of the historical novel as a manifestation, artistically, geographically and temporally particular, of a narrative mode which always existed and has always been necessary, one that aims to conciliate a discourse perceived as historical (related to a truth that corresponds to reality) with one that is perceived as fictional (related to a truth that is consistent with the expectations of the literary universe it narrates); the mu-publicized crisis of this genre is thus considered by its relation to contemporary debates regarding historiography, which, in turn, hinder a clear distinction between history and the fiction. In this sense, Manzoni’s novel is taken as a subject of the struggle between historical and fictional requirements which, according to my view, marked his artistic efforts since his youth, culminating in the novel in exam: it would have served him at the same time as laboratory for this literary genre, at that time new, and as a vehicle for expressing ironically, as a result of his peculiar Enlightenment and Christian ethics, its supposed ability of combining history and fiction
 

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  • ILA- Mestrado em Letras – (Dissertações)