Percepção da família acerca da sua permanência junto ao recém-nascido na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Santos, Milene Costa dos

Abstract:

 
A gestação é vista como um processo de preparação para o nascimento do filho e a expectativa é sempre de um filho saudável. Porém nem sempre essa realidade se concretiza, às vezes, a família recebe a notícia da necessidade de sua internação em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, descontruindo o imaginário idealizado para esse momento. Nesse contexto objetivou-se conhecer a percepção dos familiares acerca de sua permanência junto ao recém-nascido na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Realizou-se uma pesquisa exploratória descritiva com abordagem qualitativa. Participaram 10 familiares de recém-nascidos internados em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, de um Hospital Universitário do Sul do Brasil. Os dados foram coletados no segundo semestre de 2018 por meio de entrevistas semiestruturadas e submetidos à Análise de Conteúdo. Foram respeitados os princípios éticos da pesquisa envolvendo seres humanos de acordo com a resolução 466/12, sendo aprovado pelo Comitê de Ética sob o parecer nº 148/2018. Verificou-se que a necessidade da internação do recém-nascido causa forte impacto na família que a aceita como necessária para o bem da criança. Se preparam para o seu enfrentamento a partir do recebimento de informações referentes à causa da internação. Algumas já previam esse acontecimento mesmo antes do nascimento, pois apresentaram gravidez de risco, outras mães internaram previamente para evitar o parto prematuro, mas houve a necessidade da sua indução. Apresentaram como sentimentos medo, angústia, pena, tristeza, incapacidade e culpa. Referiram ter sido convidadas a ajudar em alguns cuidados com o recém-nascido, mas, no início, tiveram medo de tocá-lo, principalmente nos que nasceram prematuros, com baixo peso e que se encontravam em incubadoras. Referiram como dificuldades vivenciadas durante sua permanência no setor a organização de seus horários para dar conta do cuidado dos outros filhos que estão em casa, e o tempo despendido com o transporte entre a casa e o hospital. O impedimento de entrar na unidade com uma cadeira de rodas externa dificultou a permanência de mães com dificuldade de locomoção. Além disso, as acomodações foram consideradas inadequadas para uma longa permanência no setor e o tempo limitado de permanência do pai dificulta a interação deste com o recém-nascido, a vivência da sua internação e a oportunidade de propiciar uma participação mais ativa. Concluiu-se que a permanência da família junto ao recém-nascido durante a internação é importante para fortalecer esse vínculo, diminuir as angústias que a distância proporciona e preparar para um melhor cuidado domiciliar. Acredita-se que o estudo possibilitou a construção de conhecimentos acerca da permanência da família junto ao recém-nascido na unidade de terapia intensiva neonatal, podendo contribuir para um repensar das práticas da equipe de enfermagem que presta cuidados no setor.
 
La gestación es vista como un proceso de preparación para el nacimiento del hijo y la expectativa es siempre de un hijo sano. Pero no siempre esa realidad se concreta, a veces, la familia recibe la noticia de la necesidad de su internación en una Unidad de Terapia Intensiva Neonatal, descontruyendo el imaginario idealizado para ese momento. En ese contexto se objetivó conocer la percepción de los familiares acerca de su permanencia junto al recién nacido en la Unidad de Terapia Intensiva Neonatal. Se realizó una investigación exploratoria descriptiva con abordaje cualitativo. Participaron 10 familiares de recién nacidos internados en una Unidad de Terapia Intensiva Neonatal, de un Hospital Universitario del Sur de Brasil. Los datos fueron recolectados en el segundo semestre de 2018 por medio de entrevistas semiestructuradas y sometidas al Análisis de Contenido. Se respetaron los principios éticos de la investigación envolviendo seres humanos de acuerdo con la resolución 466/12, siendo aprobado por el Comité de Ética bajo el dictamen nº 148/2018. Se verificó que la necesidad de la internación del recién nacido causa un fuerte impacto en la familia que la acepta como necesaria para el bien del niño. Se preparan para su enfrentamiento a partir de la recepción de informaciones referentes a la causa de la internación. Algunas ya preveían ese acontecimiento incluso antes del nacimiento, pues presentaron embarazo de riesgo, otras madres internaron previamente para evitar el parto prematuro, pero hubo la necesidad de su inducción. Presentaron como sentimientos miedo, angustia, pena, tristeza, incapacidad y culpa. En el caso de los recién nacidos, se les preguntó si habían sido invitados a ayudar en algunos cuidados con el recién nacido, pero al principio tuvieron miedo de tocarlo, principalmente en los que nacieron prematuros, con bajo peso y que se encontraban en incubadoras. Se refirieron como dificultades vivenciadas durante su permanencia en el sector la organización de sus horarios para dar cuenta del cuidado de los otros hijos que están en casa, y el tiempo gastado con el transporte entre la casa y el hospital. El impedimento de entrar en la unidad con una silla de ruedas externa dificultó la permanencia de madres con dificultad de locomoción. Además, las acomodaciones fueron consideradas inadecuadas para una larga permanencia en el sector y el tiempo limitado de permanencia del padre dificulta la interacción de éste con el recién nacido, la vivencia de su internación y la oportunidad de propiciar una participación más activa. Se concluyó que la permanencia de la familia junto al recién nacido durante la internación es importante para fortalecer ese vínculo, disminuir las angustias que la distancia proporciona y preparar para un mejor cuidado domiciliar. Se cree que el estudio posibilitó la construcción de conocimientos acerca de la permanencia de la familia junto al recién nacido en la unidad de terapia intensiva neonatal, pudiendo contribuir a un repensar de las prácticas del equipo de enfermería que presta cuidados en el sector.
 
Gestation is seen as a process of preparation for the birth of the child and the expectation is always of a healthy child. However, this reality does not always materialize, sometimes the family receives the news of the necessity of their hospitalization in a Unit of Neonatal Intensive Care, disrupting the imaginary idealized for that moment. In this context, the objective was to know the perception of the relatives about their permanence with the newborn in the Neonatal Intensive Care Unit. An exploratory descriptive research with a qualitative approach was carried out. Participants were 10 relatives of newborns hospitalized in a Neonatal Intensive Care Unit of a University Hospital of Southern Brazil. Data were collected in the second half of 2018 through semi-structured interviews and submitted to Content Analysis. The ethical principles of research involving human beings were respected in accordance with resolution 466/12 and was approved by the Ethics Committee under opinion 148/2018. It was found that the need for hospitalization of the newborn has a strong impact on the family that accepts it as necessary for the child's good. They prepare for their confrontation after receiving information regarding the cause of the hospitalization. Some had already predicted this event even before the birth, because they presented a risk pregnancy, other mothers hospitalized previously to avoid the premature birth, but it was necessary the induction. They presented as feelings fear, anguish, pity, sadness, incapacity and guilt. They reported being invited to help with some newborn care, but at first they were afraid to touch it, especially those born preterm, underweight, and in incubators. They described as difficulties experienced during their stay in the sector the organization of their schedules to account for the care of the other children who are at home, and the time spent with transportation between the house and the hospital. The impediment of entering the unit with an external wheelchair made it difficult for mothers with mobility difficulties to remain. In addition, the accommodations were considered inadequate for a long stay in the sector and the limited time of stay of the father hinders the interaction of the father with the newborn, the experience of their hospitalization and the opportunity to provide a more active participation. It was concluded that the family's stay with the newborn during hospitalization is important to strengthen this bond, reduce the distress that distributes and prepare for a better home care. It is believed that the study made it possible to construct knowledge about the family's permanence with the newborn in the neonatal intensive care unit, and can contribute to a rethinking of the practices of the nursing team that provides care in the sector.
 

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  • EENF – Mestrado em Enfermagem (Dissertações)