Abstract:
A histoplasmose, causada pelo fungo dimórfico Histoplasma capsulatum, pode assumir caráter
disseminado no paciente imunodeprimido. Mais de 90% dos pacientes com histoplasmose
disseminada têm infecção pelo vírus da imunodeficiência humana. A mortalidade é elevada
nesta população, devido a inespecificidade clínica associada a métodos laboratoriais pouco
sensíveis, o que culmina com atraso diagnóstico e progressão da doença. Desta forma, esta tese
teve como objetivo determinar a frequência da histoplasmose disseminada em pacientes com
infecção pelo HIV atendidos em um hospital que é referência para o tratamento do HIV/aids,
em Rio Grande, Rio Grande do Sul, extremo sul do Brasil no período entre 2010 e 2019. Dados
clínicos, laboratoriais, terapêuticos, desfecho e coinfecções foram avaliados. Um total de 31
pacientes foram incluídos no estudo, correspondendo a uma taxa média de incidência de 12
casos/1.000 pacientes hospitalizados com aids. No entanto, essa taxa oscilou
consideravelmente, passando de 8/1.000 pacientes hospitalizados com aids nos primeiros anos
do estudo, para 24/1.000 após ações buscando aumento da suspeita clínica e implementação da
pesquisa de antigenúria para H. capsulatum, correspondendo a um incremento em 300% no
diagnóstico a partir de 2017. A taxa de mortalidade foi de 35% e a coinfecção com tuberculose
ocorreu em 29% dos pacientes. Outros dois artigos abordam casos de coinfecções atípicas.
Reportado o primeiro caso da coinfecção histoplasmose disseminada e Mycobacterium avium
em um paciente vivo no Brasil. Juntamente é apresentada uma revisão da literatura sobre essa
coinfecção, incluindo sete artigos científicos descrevendo 15 casos no mundo. O segundo artigo
relata um caso de coinfecção histoplasmose disseminada e covid-19 em uma paciente com aids,
sendo o primeiro relato desta coinfecção publicado no Brasil e o segundo no mundo, e com um
desfecho positivo. Portanto, a histoplasmose deve ser inserida de forma sistemática na
investigação das coinfecções no paciente com aids. Reforça-se ainda a importância da
disponibilidade de métodos diagnósticos mais sensíveis juntamente ao aumento da suspeição
para contribuir com o desfecho positivo de pacientes com esta infecção fúngica
sistêmica.
Histoplasmosis, caused by the dimorphic fungus Histoplasma capsulatum, can assume a
disseminated character in immunocompromised patients. Indeed, more than 90% of patients
who present disseminated histoplasmosis are infected with the human immunodeficiency virus.
Mortality is high in this population, due to nonspecificity symptoms associated with low
sensitivity laboratory methods, which culminates with diagnosis delay and disease progression.
Thus, this thesis aimed to determine the frequency of disseminated histoplasmosis in patients
with HIV infection attended at a reference hospital for HIV/AIDS patients, in Rio Grande, Rio
Grande do Sul, southern Brazil in the period between 2010 and 2019. Clinical, laboratory,
therapeutic, outcome and coinfection data were acquired. A total of 31 patients were included
in the study, corresponding to an average incidence rate of 12 cases/1,000 patients hospitalized
with AIDS. However, this rate fluctuated considerably, from 8/1,000 patients hospitalized with
AIDS in the first years of the study, to 24/1,000 after actions seeking to increase clinical
suspicion and implementation of antigenuria research for H. capsulatum, corresponding to an
increase in 300% at diagnosis from 2017 onwards. The mortality rate was 35% and co-infection
with tuberculosis occurred in 29% of patients. Two other articles address cases of atypical
coinfections. The first case of disseminated histoplasmosis and Mycobacterium avium
coinfection in a live patient in Brazil is reported. Additionally, a review of the literature
regarding this coinfection was performed, found seven scientific articles reporting 15 cases in
the world. The second article reports a case of disseminated histoplasmosis and covid-19
coinfection in a patient with aids, being the first case on this coinfection published in Brazil and
the second in the world, highlighting the positive outcome of the case. Therefore,
histoplasmosis must be inserted in a systematic way in the investigation of coinfections in aids
patients. We reinforce the importance of the availability of diagnostic tests with high sensitivity
together with an increase in the suspicion for early diagnosis, in view of to contribute to a
positive outcome of patients with systemic fungal infection