Abstract:
Os fatores que influenciam a dinâmica do fitoplâncton na região Sul-Sudeste do
talude continental e plataforma interna do sudoeste do Atlântico Sul são
relativamente conhecidos, mas a maneira como estes afetam a produção de
pigmentos lipossolúveis e hidrossolúveis no fitoplâncton ainda é pouco discutida.
Também há poucos trabalhos que abordem a quantificação de organismos
tóxicos de variados grupos (dinoflagelados, diatomáceas e cianobactérias),
juntamente com a quantificação de toxinas como o AD e a STX nessa região
oceânica. Por isso, o objetivo deste trabalho foi descrever a comunidade
fitoplanctônica (abundância e em biomassa em carbono), a composição dos
principais pigmentos (por espectrofotometria) e a concentração de ficotoxinas
(por cromatografia de alta eficiência) em certos setores do Oceano Atlântico
Sudoeste, para analisar a influência de variáveis oceanográficas (temperatura,
salinidade, camada de mistura) sobre essas variáveis biológicas. Foram
analisadas amostras advindas de dois cruzeiros: um em junho (inverno) e outro
em setembro (primavera) de 2018 no âmbito do projeto “Bonito Listrado” na
região costeira do Rio de Janeiro (sudeste); e amostras coletadas ao longo do
talude sul-sudeste (projeto TALUDE-V, novembro de 2012) de maneira
independente. Baseando-se nos dados de 2018, foi possível observar uma
significativa diferença (p<0,05) tanto entre a biomassa (clorofila-a) quanto entre
a abundância fitoplanctônica no inverno e na primavera. Essas diferenças foram
relacionadas com a profundidade da camada de mistura (r
2= -0,626, p<0,05) e
temperatura (r
2= 0,641, p<0,05). O inverno apresentou maior concentração de
CHL-a, caracterizado por abundância de Pseudo-nitzschia spp., enquanto a
primavera se caracterizou por predominância de diatomáceas do gênero
Rhizosolenia e dinoflagelados, associando-se com uma maior concentração de
carotenoides e ficobiliproteínas. Em relação a toxinas (AD e STX), houve
diferença significativa (p<0,05) apenas para STX, provavelmente relacionada à
presença de dinoflagelados dos gêneros Alexandrium e Gymnodinium e a
cianobactéria Trichodesmium spp. Quanto a novembro de 2012 (primavera),
xii
foram revisitados os dados de abundância ao longo do talude sul-sudeste, sendo
possível adicionar nesta dissertação que a abundância de Trichodesmium não
foi relacionada (r2= 0,0125) com a concentração de ficobiliproteínas. Por outro
lado, Trichodesmium foi apontado como um dos potenciais produtores de STX
(de 0,087 a 2,61µg L -1
) ao longo do talude sul-sudeste do Brasil, embora outros
organismos, particularmente dinoflagelados, devam ser mais importantes para a
produção de STX
Within the Southwestern Atlantic Ocean, the relationship between environmental
parameters and plankton dynamics is relatively well known. However, their
effects over the production of lipo and hydrosoluble pigments are still poorly
studied. There are also a few studies that estimate the numbers of many kinds of
potentially toxin-producing phytoplankton (such as dinoflagellates, diatoms and
cyanobacteria), along with the quantification of toxins [Domoic Acid (DA) and
Saxitoxins (STX)] in that ocean region. There were analyzed biological samples
collected under the umbrella of two projects: two surveys (Bonito Listrado project)
corresponding to June (winter) and September (spring) of 2018, and one survey
(TALUDE-V project) from November, 2012 (springtime). Therefore, the main goal
was to describe the phytoplankton community (abundance and biomass), a broad
pigment composition (by spectrophotometry) and major toxin analysis (by High
Performance Liquid Chromatography) in certain sectors of southwestern Atlantic
Ocean. At the same time, there was assessed the influence of oceanographic
variables (temperature, salinity, mixed layer depth) over these biological
variables. Regarding the 2018 surveys, there was a significant difference
(p<0.05), both in terms of abundance of cells and (carbon) biomass, between the
winter and spring periods. This difference was associated with the mixed layer
depth (r
2= -0.626, p<0.05) and temperature (r2= 0.641, p<0.05). Winter high
abundance was related mostly to the numbers of pennate diatom Pseudonitzschia spp., while springtime showed a predominance of diatoms from the
genus Rhizosolenia and dinoflagellates.There was only a significant difference
(p<0.05) in STX concentration between these sampling periods, probably related
to the relatively high numbers of dinoflagellates Alexandrium and Gymnodinium,
and the cyanobacteria Trichodesmium, in spring. Considering the dataset
revisited (2012), the abundance of Trichodesmium spp. trichomes showed no codependency with concentration of phycobiliproteins (r2= 0.0125), and
Trichodesmium was considered as potential STX-producer (low amounts) as well
as dinoflagellates in higher amounts