Distribuição Geoquímica do mercúrio nos sedimentos do estuário da Lagoa dos Patos

Quintana, Guilherme Castro da Rosa

Abstract:

 
O estuário da Lagoa dos Patos está sujeito a um regime hidrológico irregular e recebe efluentes contaminados com mercúrio (Hg) da cidade de Rio Grande, localizada na zona intertidal direita. A cobertura do solo de Rio Grande está severamente contaminada por Hg (até 27 mg kg-1 ) até o nível do lençol freático. A concentração de mercúrio dissolvido nas águas subterrâneas foi 13 vezes maior do que a encontrada no ponto controle. Apesar da identificação das fontes de Hg orinudas de Rio Grande para o estuário (cobertura do solo e águas subterrâneas), não havia evidências claras da antiguidade da contaminação por Hg em Rio Grande. Uma avaliação conjunta da distribuição de traçadores geoquímicos (mercúrio, chumbo, cobre e urânio) nos sedimentos de uma enseada rasa perto de Rio Grande e a consulta a documentos históricos nos permitiram descobrir que a contaminação por Hg começou no período colonial no sul do Brasil (século dezoito). A distribuição de mercúrio em sedimentos de áreas rasas ao longo do gradiente de salinidade no estuário é controlada pelo teor de grãos finos e provavelmente pela formação de sulfetos metálicos. A imobilização de Hg em sedimentos provavelmente ocorre através da ligação ao revestimento de matéria orgânica em partículas de sedimentos de granulometria fina, bem como pela incorporação e/ou co-precipitação com sulfeto de ferro. A distribuição de mercúrio em sedimentos de marismas é principalmente controlada pelo conteúdo de sedimentos de granulometria fina. A adsorção/incorporação de mercúrio em sulfetos de ferro provavelmente é um processo de menor importância em sedimentos de marismas devido à bioturbação causada principalmente por plantas e caranguejos.
 
The Patos Lagoon Estuary is subject to an irregular hydrological regime and receives mercury (Hg) contaminated effluents from the city of Rio Grande, which is located on its right intertidal zone. The soil cover of Rio Grande is severely contaminated by Hg (up to 27 mg kg-1 ) down to the water table level. Dissolved mercury concentration in groundwater was up to 13 times higher than that found in the background site. Despite the identification of Hg sources from Rio Grande to the estuary (soil cover and groundwater), there was no clear evidence of the antiquity of Hg contamination in Rio Grande. A joint assessment of the distribution of geochemical tracers (mercury, lead, copper and uranium) in the sediments of a shallow cove close to Rio Grande and the consultation to historical documents allowed us to discover that Hg contamination started in the colonial period in Southern Brazil (eighteenth century). The mercury distribution in sediments from shallow areas along the salinity gradient in the estuary is controlled by fine grain contents and probably by the formation of metal sulfide. Immobilization of Hg in sediments probably occurs via binding to organic matter coating on fine grain sediment particles, as well as by incorporation into and/or coprecipitation with iron sulfide. Mercury distribution in salt marsh sediments is chiefly controlled by fine grain sediment contents. The adsorption/incorporation of mercury into iron sulfide probably is a process of minor importance in salt marsh sediments because of the bioturbation caused mainly by burrow crabs and plants.
 

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  • IO - Doutorado em Oceanografia Física, Química e Geológica - (Teses)