Abstract:
O presente trabalho tem como objetivo analisar a representação ficcional de biblioteca no conto “A biblioteca de Babel”, de Jorge Luís Borges, estabelecendo uma relação com as definições de bibliotecas dadas por autores da área de Biblioteconomia, assim como propor um diálogo entre esta área e a Literatura. Para tanto, utiliza como categorias de análise o espaço da biblioteca, sob o referencial teórico proposto por Antonio Dimas, no volume Espaço e Romance (1985) e a intertextualidade como processo compositivo a partir do conceito de intertextualidade de Julia Kristeva(1968). No que se refere ao espaço pode-se constatar que a biblioteca representada no conto não é de nenhum dos tipos de bibliotecas aqui apresentados mas tem características de diversas delas; no que se refere-se a intertextualidade pode-se verificar a relação com o texto bíblico “A Torre de Babel”, cuja proximidade se destaca pela confusão presente em ambos os textos e que fazem parte da sua narrativa. Em “A Torre de Babel” a confusão se expressa através da separação da linguagem enquanto no conto “A Biblioteca de Babel” ele faz parte da própria composição da biblioteca. Ainda no que se refere às definições de biblioteca, foi possível inferir a relação que a biblioteca do conto estabelece com as bibliotecas reais. Dessa forma, conclui-se a existência de alguns pontos em comum entre as teorias de Biblioteconomia e o conto, como, por exemplo, a biblioteca ser um local de saber e aprendizado. Contudo, são percebidos afastamentos, como a falta de uma organização sistematizada dentro dela que, por vezes, provoca uma ideia de confusão.
This work aims to analyze the fictional representation of the library in the short story “The library of Babel”, by Jorge Luís Borges, establishing a relationship with the definitions of libraries given by authors in the area of Librarianship, as well as proposing a dialogue between this area and Literature. Therefore, it uses the library space as categories of analysis, under the theoretical framework proposed by Antonio Dimas, in the volume Espaço e Romance (1985) and intertextuality as a compositional process based on the concept of intertextuality by Julia Kristeva (1968). With regard to space, it can be seen that the library represented in the story is not one of the types of libraries presented here, but has characteristics of several of them; with regard to intertextuality, one can verify the relationship with the biblical text “The Tower of Babel”, whose proximity stands out for the confusion present in both texts and which are part of its narrative. In “The Tower of Babel” confusion is expressed through the separation of language while in the short story “The Library of Babel” it is part of the library's own composition. Still with regard to library definitions, it was possible to infer the relationship that the library of the tale establishes with the real libraries. Thus, we conclude the existence of some points in common between the theories of Librarianship and the short story, such as, for example, the library being a place of knowledge and learning. However, departures are perceived, such as the lack of a systematized organization within it, which sometimes causes an idea of confusion.