Resposta nociceptiva - comparação entre duas espécies de roedores: Calomys laucha Olfers, 1818 (Rodentia:Muridae) e Mus musculus (Mammalia: Rodentia)

Abstract

Neste trabalho procurou-se evidenciar as respostas comportamentais do roedor silvestre Calomys laucha, avaliadas usando-se diferentes estímulos nociceptivos, comparadas como roedor Mus musculus. Ambas as espécies respondem ao estímulo nociceptivo representado pela injeção intraperitoneal de ácido acético com o M. musculus apresentando freqüência maior do que o C. laucha (60,0±5,2/16,0±4,67). A resposta foi antagonizada pela morfina e o antagonismo revertido pela naloxona. Com o teste da retirada da cauda os resultados mostram um prolongamento do tempo de reação para ambas as espécies, antagonizado pela morfina, revertido pela naloxona, evidenciando uma resposta de origem central mediada possivelmente pela via opióide. Com o teste da formalina confirmamos as respostas do M. musculus, e verificamos que para o C. laucha a resposta é com maior intensidade (127,0±5,4/52,4±5,09). No teste da placa quente ocorreu um aumento significativo do tempo de permanência para o M. musculus, prolongado pela utilização de morfina confirmando resultados obtidos anteriormente. Porém para o C. laucha, estes não exibiram nenhum comportamento que pudesse ser associado ao contato com a placa aquecida (a espécie permaneceu os 30 minutos permitidos sobre a placa). Estes resultados permitem sugerir que as respostas nociceptivas aqui evocadas frente a estímulos químicos ou térmicos seguem o mesmo padrão para ambas as espécies, exceção ao teste da placa quente, onde não foi possível observar o mesmo padrão de resposta. É provável de que o fato do C. laucha sobreviver no ambiente com grandes variações de temperatura pode ter determinado o desenvolvimento de mecanismos adaptativos para suportar as variações. Os mecanismos envolvidos nas respostas comportamentais frente aos estímulos nociceptivos não estão totalmente esclarecidos, contudo permitem sugerir o envolvimento da via opióide. Este trabalho amplia os estudos referentes à espécie C. laucha, quanto ao comportamento frente às respostas nociceptivas, tornandoa um modelo experimental em potencial para investigações futuras quanto ao tipo de neurotransmissor envolvido e a sua via de ação.