Influência da exposição in vitro ao fulereno c60 no estado redox e peroxidação lipídica de cérebro e brânquias da carpa Cyprinus carpio (Teleostei, Cyprinidae)
Abstract:
Os estudos sobre o impacto das nanopartículas, especialmente o fulereno C60 em ambientes de água doce e seus efeitos sobre a fisiologia dos organismos aquáticos ainda permanecem em pequeno número e com resultados conflitantes. Isso porque nanocompostos em geral, incluindo os derivados do carbono, estão sujeitos a inúmeras variáveis que podem levar a modificações estruturais, elétricas e químicas durante a exposição in vivo de um organismo, o que afeta diretamente sua toxicidade, a qual acredita-se estar vinculada à produção de espécies reativas de oxigênio (ERO). Levando em consideração um conceito emergente de estresse oxidativo, no qual as ERO atuam como moléculas sinalizadoras e de controle de processos redox celulares, o presente estudo teve como objetivo verificar o efeito in vitro do fulereno C60 em extratos de cérebro e brânquias de carpa (Cyprinus carpio) durante 1, 2 e 4 horas de exposição, avaliando os seguintes parâmetros de estado redox: níveis de peroxidação lipídica, estado de oxidação do tripeptídeo glutationa (GSH/GSSG) e do aminoácido cisteína (Cys/CySSyC), capacidade antioxidante total e atividade das enzimas glutationa redutase (GR) e glutationa-S-transferase (GST). O fulereno induziu aumento significativo (p<0.05) em lipídios peroxidados após 2 hs em ambos os órgãos, inibiu a atividade da GR em brânquias (1 h) e cérebro (4 hs) e reduziu a capacidade antioxidante no cérebro (4 hs), aumentando os níveis de GSSG no cérebro em 1 h e reduzindo-os em 2 hs. Considerando esses resultados, pode-se inferir que o fulereno pode interferir no estado redox celular através de mecanismos tiol/dissulfeto, levando ao dano oxidativo e perda de competência antioxidante. Esse tipo de distúrbio possui implicações importantes, pois mecanismos de controle redox envolvendo grupos tiol fazem parte de vários processos celulares que, até o momento, não estão sendo estudados pela nanotoxicologia.
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