Representações de mulheres acerca da histerectomia em seu processo de viver

Nunes, Maria da Penha da Rosa Silveira

Abstract:

 
O presente estudo teve como objetivo compreender as representações sociais que as mulheres possuem acerca da histerectomia, antes e após o procedimento cirúrgico. Caracteriza-se por uma pesquisa qualitativa, descritiva, tendo como base teórico-metodológica a Teoria das Representações Sociais. Foram sujeitos deste estudo, treze mulheres em processo de histerectomia, residentes em Rio Grande e em São José do Norte - RS. A coleta de dados efetuou-se em dois momentos, utilizando-se entrevistas semi-estruturadas, gravadas e transcritas. Os dados do préoperatório foram colhidos no ambulatório de ginecologia do H.U e do pós-operatório, na área acadêmica e no domicílio das informantes. Utilizou-se a análise de conteúdo na modalidade temática para o tratamento dos dados. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da Universidade do Rio Grande - FURG. Apreendeu-se por meio deste estudo que as representações sociais das mulheres variaram em função da presença ou ausência de filhos(as), do motivo da primeira consulta e da patologia de base, evidenciando os diferentes olhares frente ao impacto da retirada do útero. No pré-operatório, as mulheres sem filhos(as) manifestaram sentimentos de insatisfação, lamentando a impossibilidade de cumprirem seu papel social por meio da maternidade e assim realizarem seu sonho. A maioria das participantes, com filhos(as), demonstrou satisfação e alívio, pela solução dos problemas advindos do quadro clínico. As questões relacionadas à sexualidade mostraram-se carregadas de preocupação e insegurança com os aspectos relativos à vida sexual e afetiva. Os mitos, crendices e tabus referentes à histerectomia, não guardaram relação com a maternidade, gerando incertezas quanto às conseqüências da histerectomia. Em relação aos seus companheiros, a maioria concordou com a realização do procedimento, no entanto, referiram-se apenas ao corpo biológico e ao desempenho sexual. No pós-operatório imediato, as mulheres que não possuíam filhos(as), objetivaram queixa de dor intensa e persistente, caracterizada em alguns casos como dor psíquica. Por outro lado, as participantes mães objetivaram tal queixa, a partir da patologia de base, manifestando dor, frente a um câncer, e ausência de dor na miomatose uterina. No pós-operatório mediato distinguiram-se repercussões negativas, ancoradas na impossibilidade de tornarem-se mães, na incapacidade de manterem o casamento, nas incertezas de sentir prazer e serem aceitas socialmente. E repercussões positivas, referentes a solução de problemas e alívio de sintomas, medidas preventivas, cuidado de si, resgate da auto-estima, desmistificação, vida conjugal e afetiva, incluindo aspectos emocionais e sociais. Nesse sentido, percebeu-se que o comportamento da mulher frente à histerectomia, manifestado pelo êxito e satisfação, foi reconstituído a partir de suas vivências. Tal comportamento não se ancorou nos tabus e preconceitos e sim no bem-estar readquirido após terem vivenciado o processo cirúrgico. No entanto, a representação expressou o significado e valor que cada mulher atribui ao seu útero, inspirado no seu contexto de vida e nas suas relações sociais. Dessa forma, entende-se que a problematização das questões imbricadas na prática da histerectomia contribui para que a mulher tenha uma representação menos traumática frente à indicação de retirada do útero. Evidencia-se a enfermagem como coadjuvante na prática do cuidado em saúde a clientes em processo de histerectomia.
 
Este estudio tuvo como objetivo comprender las representaciones sociales que tienen las mujeres acerca de la histerectomía, antes y después del procedimiento cirugico. Se caracteriza por una investigación cualitativa, descriptiva, teniendo como base teórico-metodológica la Teoría de las Representaciones Sociales. Fueran sujetos de este estudio, trece mujeres en el proceso de histerectomía, residentes en Rio Grande y São José do Norte - RS. La colecta de datos fue realizada en dos etapas, mediante entrevistas semiestructuradas, grabadas y transcritas. Los datos del pre-operatorio fueron recogidos en el ambulatorio de ginecología del HU y del post-operatorio en los medios académicos y en los hogares de los informantes. Fue utilizado el análisis de contenido en la modalidad temático para el tratamiento de los datos para el tratamiento de los datos. La investigación fue aprobada por el comité de ética de la Fundacão Universidade de Rio Grande. Aprehendiese através de este estudio que las representaciones sociales de las mujeres varían en función la presencia o ausencia de los hijos(as), del motivo de la primera consulta y de las patologías de base, evidenciando las diferentes visiones frente al impacto de la retirada del útero. En el pre-operatorio, las mujeres sin hijos (as) expresaron sentimientos de insatisfacción, lamentando la imposibilidad de cumplir con su papel social por medio de la maternidad y, por tanto, alcanzar su sueño. La mayoría de las participantes, con hijos (as), mostró satisfacción y alivio, para la solución de los problemas derivados de la situación clínica. Las cuestiones relacionadas con la sexualidad apareció cargado de incertidumbre y preocupación por los aspectos relacionados con la vida sexual y la vida afectiva. Los mitos, creencias y tabúes en relación con la histerectomía, no mantiene relación con la maternidad, generando incertidumbre sobre las consecuencias de la histerectomía. Para sus compañeros, la mayoría concordó con la realización del procedimiento, sin embargo, refiéranse apenas al cuerpo biológico y el desempeño sexual. En el post-operatorio inmediato, las mujeres que no tienen hijos (as), tuvieran quejas de dolor intenso y persistente, caracterizado en algunos casos, como el dolor psíquico. Además, las participantes madres tuvieran tal queja partiendo de la patología de base, expresando dolor, frente a un cáncer, y ausencia del dolor en la miomatosis uterina. En el postoperatorio mediato demostraran repercusiones negativas, basada en la imposibilidad de convertirse en madres, el fracaso para mantener el matrimonio, la incertidumbre de sentir placer y ser aceptadas socialmente. Y efectos positivos, para la solución de problemas es el alivio de los síntomas, las medidas de prevención, el cuidado de sí mismos, el rescate de la autoestima, la desmitificación, el matrimonio y la vida afectiva, incluyendo aspectos emocionales y sociales. En ese sentido, percibiese que el comportamiento de la mujer frente a la histerectomía, es expresada por el éxito y satisfacción, fue reconstituida a partir de sus experiencias. Ese comportamiento no se fijó en los tabúes y los prejuicios, pero en el bienestar readquirido después de tener experimentado el procedimiento quirúrgico. Sin embargo, la representación expresó el significado y valor que cada mujer da a su útero, inspirada en su contexto de vida y sus relaciones sociales. De este modo, se entiende que la problematización de las cuestiones interrelacionadas en la práctica de una histerectomía, contribuye a que la mujer tenga una representación menos traumática, frente a la indicación de la extracción del útero. Evidenciase la enfermería, como la coadyuvante en la práctica de la atención de la salud a los clientes en el proceso de histerectomía.
 
The goal of the study is to understand the social representations that women have before and after the hysterectomy. It is a descriptive and a qualitative research, which bases on the Social Representations Theory. Thirteen women who are in the hysterectomy process were the people of this study and they live in Rio Grande and in São José do Norte – RS. The data were collected by semi-structured interviews that were recorded and typed. The preoperative center data were collected at the gynecology ambulatory from the HU and the data from the postoperative center were collected at the academic area and at the informer’s homes. We used the content analysis into thematic modalities to analyze the data. The ethics committee from Fundação Universidade do Rio Grande approved the research. The study allows knowing that the social representations of women change according to three reasons: the children presence or absence, the reason why women first go to the doctor and base pathology, noticing the different views toward the hysterectomy impact. In preoperative, women who do not have children show dissatisfaction and they felt sorry because they cannot be mothers and then, they do not play their social role as mothers. Most of women who have children showed satisfaction and relief by solving clinical problems. They were very concerned and insecure in despite of questions about sexuality, and they were insecure about their sexual and affective life aspects. Myths, beliefs and taboos did not relate to motherhood, creating doubts about the hysterectomy consequences. Most of women agreed with the procedure when they thought about their partners, however, they referred just to the biological body and the sexual acting. In immediately postoperative center, women who do not have children, complained about an intensive and a permanent pain named as a psycho pain. On the other hand, this complainant was due to the base pathology, women manifest pain toward cancer and they manifest no pain toward the uterine miomatose. Negative repercussions were differed in the promptly postoperative. That is because women cannot have children, they also are not able to keep on married, and they are not sure about feeling pleasure and about being socially accepted. Positive repercussions referred to solve problems, symptoms relief, prevention ways, self-care, self-esteem rescue, and demystification, affective and conjugal life including social and emotional aspects. Under this sense, we realized that women’s behavior in front of hysterectomy is showed by the success and by the satisfaction, and it was reconstructed through their experiences. Such behavior was not linked to taboos and bias but it was linked to the reacquired welfare after women had experienced the surgery process. However, the representation expressed the meaning and the value that each woman gave to her uterus inspired by her life context and by her social relationships. Thus, it is possible to understand that the questions about the hysterectomy practice problematization contribute for the woman to have a less traumatic representation toward the advice of to take the uterus off. Nursery is helpful in the health care practice to clients in the hysterectomy process.
 

Description:

Dissertação(mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Escola de Enfermagem, 2008.

Show full item record

 

Files in this item

This item appears in the following Collection(s)

:

  • EENF – Mestrado em Enfermagem (Dissertações)