Oficinas e imagens sacras: a produção da imaginária como meio de defesa e difusão de códigos missionais (Missões indígenas-jesuíticas. Século XVII-XVIII. Paraguai)
Abstract:
Os artífices inígenas inseridos nas oficinas das Missões aprimoraram uma série de técnicas e transformações de significados capazes de divulgar seus próprios interesses, principalmente por meio de reformulações estéticas (cores e formas) e linguísticas (novos nomes). Exemplos desse fenômeno podem ser identificados em pinturas, esculturas, catecismos e relatos oníricos onde as santidades ocidentais passam a ser entendidas como marangatu, neologismo missional destinado a identificar um conjunto de seres criados naquele contexto para especialmente representarem e defenderem a moral pregada pelos índios congregantes e os padres. Tal fato aponta à possibilidade de entender essas produções não como potentados da religiosidade experimentada nos povoados, menos ainda como reproduções restritamente vinculadas à hagiografia ocidental, mas, sim, como um conjunto de representações oriunda de um dos tantos grupos nascidos no interior do complexo central de cada Missão.