Utilização de métodos diretos e vídeo-imagens ARGUS na caracterização morfodinâmica da zona de arrebentação da praia do Cassino, RS
Abstract:
Bancos arenosos são feições morfológicas que comumente ocorrem dentro e próximas à zona de arrebentação das praias arenosas, locais onde a amostragem de dados de forma direta é difícil de ser realizada de forma contínua. Em função disto, métodos de sensoriamento remoto baseados em vídeo têm sido bastante utilizados para estudos neste tipo de ambiente. O presente trabalho tem por objetivos principais caracterizar a morfologia e a dinâmica dos bancos arenosos na Praia do Cassino, RS, utilizando métodos diretos (perfis praiais) e indiretos de amostragem (Sistema de vídeo-imagens Argus), bem como avaliar estimativas de posições dos bancos arenosos através destes tipos de imagens. Setenta e um perfis de praia foram obtidos diariamente durante um experimento de campo realizado na Praia do Cassino, RS, simultaneamente à aquisição de vídeo-imagens Argus e dados hidrodinâmicos medidos na zona de arrebentação. Foi observada baixa mobilidade da praia na porção emersa, e alta na porção submersa, sendo esta atribuída à mobilidade dos bancos arenosos na zona de arrebentação. Três bancos arenosos foram amostrados com os perfis de praia, e observados através de padrões de quebra das ondas através das imagens, sendo o primeiro do tipo inter-mareal e os outros dois submersos. O primeiro banco apresentou alta mobilidade em escalas temporais de horas, induzida por variações nas posições de espraiamento na praia, enquanto o segundo, com posição média de 99 m a partir da linha de praia, caracterizou-se por ser mais estável na escala de horas, porém apresentou alta mobilidade na escala temporal de dias. Uma seqüência de migração contínua do segundo banco em direção à costa foi observada durante um período de 13 dias, culminando com a união do primeiro e do segundo banco na região do alinhamento do perfil, e a formação de uma morfologia crescente, típica de estágios praiais intermediários. Foram encontrados indícios de que os padrões de dissipação de energia das ondas na zona de arrebentação estão bastante associados à morfologia do perfil. Imagens Argus do tipo Timex e Variance, as quais retratam padrões de longa exposição e de variabilidade na quebra das ondas, respectivamente, foram utilizadas para estimar as posições dos bancos arenosos. Foi observada boa correlação entre as posições medidas com os perfis e as estimadas com ambas as imagens. Entretanto, oscilações consideráveis em escalas de horas foram observadas, principalmente com as imagens do tipo Variance, induzidas em grande parte por variações em altura de onda e nível. Estas variações alteram o ponto de quebra das ondas com relação à posição dos bancos, e representam assim migração aparente, que deve ser eliminada. A remoção de parte desta variabilidade foi obtida através de modelos de regressão múltipla, os quais melhoraram as estimativas dos bancos, resultando em erros residuais predominantemente restritos a 10 m entre as posições medidas e as estimadas.
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