Abstract:
O presente trabalho aborda o fenômeno solidariedade sob uma perspectiva dialética de análise. Busca-se trazer as discussões a respeito deste tema para o campo da gestão social, tomando como objeto de estudo a organização que emerge da luta de um grupo de lideranças das “Ilhas de Porto Alegre”. No artigo busca-se compreender as mediações que influenciam na construção de uma solidariedade substancial portadora de elementos críticos e transformadores em um território específico. Para isso, uma pesquisa empírica foi conduzida a partir da utilização das conhecidas categorias fundamentais da dialética hegeliana: a realidade imediata (em-si); as mediações (para-si), ou seja, as rupturas e experiências significativas; e as superações, ou suprassunções (em-si-e-para-si). A partir da análise da trajetória de algumas lideranças do território, concluiu-se que ali existe uma organização social, aqui chamada de Movimento dos Ilhéus. Ele acontece a partir de relações intersubjetivas e de identificação entre algumas lideranças que se orientam em torno de um propósito comum: o direito de viver no seu território. A solidariedade que se observa entre seus membros vai além do vínculo mais estreito entre aqueles considerados próximos e configura-se em uma atitude que se orienta se para a transformação das estruturas de dominação que sustentam o individualismo, o assistencialismo e o clientelismo ali presentes. Ela é, ao mesmo tempo, relação entre pessoas e ação política que se desenrola em diferentes esferas ou espaços.
This paper analyzes the solidarity in a dialectical perspective, from the study of the
organization that emerges from the relationships between a group of leaders of the “Islands of Porto Alegre”. The central aim is to reflect on the mediations that favor the establishment of relations of solidarity. The main question that seeks to answer concerns the possibility to construct a substantial solidarity that brings critical elements.
The survey revealed the organization of leaders who unite to pursue the social management of the territory. They try to occupy the formal spaces that political power establishes and turn them into deliberative spaces on the issues that matter most to islanders. They assume a kind of ethics based on the interest in the community and not
on personal goals or of a particular organization. It was concluded that the solidarity of the Islanders’ Movement is based on an attitude that guides the transformation of the structures of domination that sustain individualism, paternalism and clientelism.
En este trabajo se aborda la solidaridad en una perspectiva dialéctica que analiza la
organización que surge de las luchas de un grupo de líderes de las “islas de Porto Alegre”. El objetivo central es reflexionar sobre las mediaciones que conduzcan al establecimiento de relaciones de solidaridad. La pregunta principal que buscamos
responder se relaciona con la posibilidad de construir una solidaridad crítica. La encuesta reveló que la organización de líderes que se unen para perseguir la gestión social del territorio. Buscan a ocupar los espacios formales y transformarlos en espacios de deliberación sobre las cuestiones que más importan a los isleños. Asumen una especie de ética basado en el interés en la comunidad y no en metas personales. Se concluyó que la solidaridad del Movimiento de los Isleños es una actitud que guía la transformación de las estructuras de dominación que sostienen el
individualismo, el paternalismo y el clientelismo presentes. Ella es, al mismo tiempo, la relación entre las personas y la acción política que se desarrolla en distintos ámbitos o espacios.