Abstract:
Trabalhadores de enfermagem vivenciam problemas morais em seus cotidianos
profissionais, o que lhes provoca sofrimento moral, o qual pode estar associado ao
desenvolvimento da síndrome de burnout, visto apresentarem manifestações
emocionais e físicas semelhantes. Assim, o presente estudo apresentou como
objetivo geral “identificar relações entre sofrimento moral e burnout nas vivências
profissionais dos trabalhadores de enfermagem”; e como objetivos específicos:
identificar a freqüência e intensidade de sofrimento moral vivenciada por
trabalhadores de enfermagem; avaliar a ocorrência da síndrome de burnout em
trabalhadores de enfermagem; e, identificar as dimensões do burnout mais
significativamente associadas ao sofrimento moral. Trata-se de um estudo
exploratório-descritivo de abordagem quantitativa, realizado em três instituições
hospitalares (H1, H2 e H3) do sul do Rio Grande do Sul, localizadas em dois
distintos municípios (M1 e M2). Os sujeitos do estudo foram enfermeiros, técnicos e
auxiliares de enfermagem atuantes nessas instituições. Os dados foram colhidos, de
outubro de 2010 a julho de 2011, mediante questionário para caracterização dos
sujeitos, uma adaptação do Moral Distress Scale e o instrumento Maslach Burnout
Inventory (MBI). Para análise dos dados, utilizou-se de estatística descritiva; análise
de variância (ANOVA); análise bivariada com utilização da correlação de Pearson; e,
análise multivariada, através de regressão múltipla. A validação dos dados ocorreu
através da análise fatorial e alfa de Cronbach. Para o sofrimento moral foram
validados quatro constructos denominados Falta de competência na equipe de
trabalho, Desrespeito a autonomia do paciente, Condições de trabalho insuficientes
e Obstinação terapêutica. Para o burnout foram validadas as três dimensões que o
caracterizam, exaustão emocional, realização profissional e despersonalização. A
partir da análise dos dados foram construídos três artigos para apresentação dos
resultados. O primeiro artigo “Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem:
quem vivencia maior sofrimento moral?” demonstrou que enfermeiros e
auxiliares de enfermagem possuem médias mais elevadas de percepção de
sofrimento moral comparados aos técnicos de enfermagem, sendo a percepção de
sofrimento moral influenciada, principalmente, por questões organizacionais e
formas de comunicação. O segundo artigo “Burnout em trabalhadores de
enfermagem do sul do Rio Grande Do Sul” demonstrou que esses trabalhadores
de enfermagem apresentaram níveis de baixo a moderado nas dimensões de
exaustão emocional e despersonalização e, de moderado a alto em realização
profissional, fatores que são influenciados também por características dos
trabalhadores e seus ambientes de trabalho. Por fim, no terceiro artigo “Sofrimento
moral e síndrome de burnout: existem relações entre esses fenômenos na
enfermagem?”, verificou-se a existência de uma correlação baixa entre sofrimento
moral e burnout, além de uma possível correlação positiva entre obstinação
terapêutica e burnout, e uma correlação negativa entre realização profissional e
sofrimento moral. Parece evidente a necessidade de implementação de ações de
melhoria das condições de trabalho e da comunicação nos ambientes de atuação da
enfermagem, favorecendo os enfrentamentos, as tomadas de decisão, o exercícioda autonomia, e, principalmente, a qualidade do cuidado de enfermagem e
saúde/satisfação de seus trabalhadores para que possam expressar seus valores e
saberes, em defesa dos valores profissionais e dos direitos dos pacientes.
Nursing staff are confronted with moral issues in their day-to-day profession, which
cause them moral distress and can be associated with the development of burnout
syndrome, given the presence of similar emotional and physical manifestations.
Thus, this study reveals the general objective of “identifying the relation between
moral distress and burnout in nursing staff’s day-to-day working experiences”, and
the specific objectives of: identifying the frequency and severity of moral distress
experienced by nursing staff; assessing the occurrence of burnout syndrome more
significantly associated with moral distress. This is a descriptive research study of
quantitative approach that was conducted in three Hospitals (H1, H2 and H3) of the
southern region of Rio Grande do Sul, located in two separate cities (M1 and M2).
The research subjects were nurses, technicians and auxiliary nurses working at
these Hospitals. The data was gathered between October 2010 and July 2011,
through a character survey incorporating the Moral Distress Scale and the Maslach
Burnout Inventory (MBI), as instrument. For the data analysis, were used descriptive
statistics, analysis of variance (ANOVA); bivariate analysis using the Pearson
correlation coefficient; and multivariate analysis, through multiple regression. Data
validation was done using factor analysis and Cronbach’s alpha. For moral distress,
four constructs were identified and validated: lack of competence when working as a
team; disregard for patient’s autonomy, insufficient working conditions and
therapeutic obstinacy. With regards to Burnout Syndrome, the three dimensions that
characterise it are: emotional exhaustion, job satisfaction and depersonalisation.
There have been three articles elaborated based on the data analysis, for reporting of
results. The first article “Nurses, nursing technicians and auxiliary staff: who
experiences greater moral distress?” showed that nurses and auxiliary nurses
have a greater perception of moral distress when compared to nursing technicians,
this being influenced, mainly by organisational issues and methods of
communication. The second article “Burnout within nursing staff of the southern
region of Rio Grande do Sul” showed that the nursing staff presented lower to
moderate dimensions of emotional exhaustion and depersonalisation, however
moderate to high dimensions of job satisfaction, these factors also being influenced
by the staff’s working conditions. Finally, article three “Moral distress and burnout
syndrome: is there a relation between these phenomena in nursing?” it was
found that there is a low correlation between moral distress and burnout, in addition
to a possible positive one between therapeutic obstinacy and burnout, and a negative
correlation between job satisfaction and moral distress. This highlights the need to
improve the working conditions and communication within the nursing environment,
thus encouraging confrontation, decision making, the right to exercise one’s
autonomy, and especially, the quality of nursing care and health/satisfaction of staff in
order that they may express their values and knowledge in defence of the patient’s
rights.
Personal de enfermería tiene problemas morales en su día a día profesional, lo que
les causa angustia moral, que puede estar asociada con el desarrollo del síndrome
de burnout, ya que presentan manifestaciones físicas y emocionales similares. Por lo
tanto, el presente estudio tuvo como objetivo general,“identificar relaciones entre
angustia moral y burnout en las experiencias profesionales del personal de
enfermería”; y como objetivos específicos: identificar la frecuencia y la intensidad de
la angustia moral sufrida por el personal de enfermería; evaluar la incidencia del
síndrome de burnout en el personal de enfermería, así como identificar las
dimensiones de burnout más significativamente asociadas con la angustia moral. Se
trata de un estudio exploratorio-descriptivo de enfoque cuantitativo, realizado en tres
hospitales (H1, H2 y H3) del sur de Rio Grande do Sul, ubicados en dos
municipalidades diferentes (M1 y M2). Los sujetos del estudio fueron enfermeros,
técnicos y auxiliares de enfermería que trabajan en estas instituciones. Los datos
fueron recogidos desde octubre del 2010 a julio del 2011, a través de un cuestionario
para caracterizar a los sujetos,una adaptación del Moral Distress Scale y el
instrumento Maslach Burnout Inventory (MBI). Para el análisis de datos se utilizó la
estadística descriptiva, análisis de variación (ANOVA), análisis bivariado utilizando la
correlación de Pearson y el análisis multivariado mediante regresión múltiple. La
validación de datos se produjo a través de análisis factorial y alfa de Cronbach. Para
la angustia moral se validaron cuatro construcciones llamadasFalta de competencia
en el equipo de trabajo, Falta de respeto a la autonomía del paciente, Condiciones
de trabajo inadecuadas y Obstinación terapéutica. Para el burnout se han validado
tres dimensiones que lo caracterizan, agotamiento emocional, satisfacción laboral y
despersonalización. A partir del análisis de los datos se construyeron tres artículos
que reportan los resultados. El primer artículo “Enfermeros, técnicos y auxiliares
de enfermería: ¿quién sufre mayor angustia moral?” demostró que enfermeros y
auxiliares de enfermería tienen el promedio más alto de dificultad de percepción de
angustia moral frente a los técnicos de enfermería, siendo la percepción de angustia
moral, influenciada principalmente por cuestiones de organización y formas de
comunicación. El segundo artículo “Burnout en personal de enfermería del sur de
Rio Grande Do Sul” ha demostrado que este personal de enfermería presentó
niveles de bajo a moderado en las dimensiones de agotamiento emocional y
despersonalización y, de moderado a alto en satisfacción laboral, factores que
también son influenciados por características de los trabajadores y su entorno de
trabajo. Finalmente, en el tercer artículo “Angustia moral y síndrome de burnout:
¿existen relaciones entre esos fenómenos en la enfermería?” se constató que
existe una baja correlación entre la angustia moral y burnout, además de una posible
correlación positiva entre la obstinación terapéutica y burnout, y una correlación
negativa entre la satisfacción laboral y la angustia moral. Parece evidente la
necesidad de implementar acciones para mejorar las condiciones de trabajo y de
comunicación en el entorno de actuación de la enfermería, favoreciendo los
enfrentamientos, la toma de decisiones, el ejercicio de la autonomía, y sobre todo la
calidad de los cuidados de enfermería y la salud/satisfacción de sus empleados para que puedan expresar sus valores y conocimientos en la defensa de los valores
profesionales y de los derechos de los pacientes.