Abstract:
Apesar de comunidades de plantas costeiras oferecerem proteção contra a erosão costeira e constituírem importantes recursos alimentares e hábitats para várias espécies economicamente importantes, os impactos da radiação ultravioleta (UV) sobre a marismas são pouco compreendidos. Durante o verão-outono 2002, plântulas e plantas adultas de Salicornia gaudichaudiana foram expostas a diferentes níveis de radiação UV-B (280-320 nm) em experimentos de exclusão da UV-B solar realizados na marisma da Ilha da Pólvora e no horto da FURG (ambos no município de Rio Grande, RS) e suas respostas cromáticas quantificadas. No horto também foi avaliado o impacto da adição de sal (20 gNaCl l-1) nas respostas cromáticas à radiação UVB. No experimento da marisma hastes rebrotadas de plantas que foram cortadas no início da estação tiveram a concentração clorofila a significativamente reduzida pelos níveis ambientes da radiação UV-B (0,2 a 6,5 KJ m-2 dia-1; média = 3,1 KJ m-2 dia- 1). No experimento do horto, plântulas de Salicornia gaudichaudiana tiveram a concentração média de clorofila a reduzida 32% pela adição de sal, mas a exposição a radiação UV-B não afetou significativamente os teores de clorofila a. De forma geral, as plantas da marisma demonstraram maiores concentrações de pigmentos absorventes de radiação UV-B do que as plantas cultivadas em jardim a céu aberto. Hastes, rebrotes e plântulas nos quadrados de controle (expostas a UV) demonstraram concentrações de pigmentos absorventes de UV-B 34% a 188% maiores do que suas semelhantes em quadrados recobertos com Mylar (protegidas da UV). Apesar da produção de pigmentos protetores por Salicornia gaudichaudiana ser uma resposta adaptativa a radiação UV-B, a espessura de estruturas epidérmicas parece explicar as diferenças na sensibilidade a UV-B
entre hastes maduras e rebrotes. A intensidade do estresse salino e de outros fatores físicos atuantes no ambiente de marisma podem afetar marcadamente a composição de pigmentos da Salicornia gaudichaudiana e consequentemente sua capacidade de suportar um aumento da radiação UV-B.
Although coastal plant communities protect the shorelines from erosion and serve as food source and habitat for a variety of economically important species, the impact of ultraviolet radiation (UV) on salt marshes is poorly understood. During the 2002
summer-autumn, the chromatic responses of seedlings and full-grown Salicornia gaudichaudiana plants were quantified for different levels of UV-B radiation (280-320 nm) in an solar UV-B-exclusion experiment in the field (Pólvora Island salt marsh) and an open garden at Universidade do Rio Grande Campus (Rio Grande, RS, Brazil). The impact of sea salt addition (20 gNaCl l-1) on UV-B radiation responses was also evaluated in the open garden experiment. In the marsh experiment only young sprouts of Salicornia gaudichaudiana had their chlorophyll a concentrations depleted by ambient UV-B radiation (0.2 to 6.5 KJ m-2 day-1; average = 3.1 KJ m-2 day-1). In the open garden experiment, seedlings of Salicornia gaudichaudiana had their chlorophyll a concentration reduced 32% by salt addition but not by UV-B exposition. Overall marsh plants had higher concentration of UV-B absorbing pigments than plants cultivated in open garden. Adult shoots, sprouts and seedlings showed 34% to 188% more UV-B absorbing pigments in Control plots (UV-exposed) than in Mylar (UV-B protected). Although the production of shielding pigments by Salicornia gaudichaudiana is an adaptive response to UV-B radiation, the thickness of epidermic structures seems to explain the distinctive UV-B sensitivity of adult shoots and sprouts. The intensity of salt stress and other physical factors in the marsh environment can strongly affect the pigment composition of Salicornia gaudichaudiana and thus its capability to withstand UV-B radiation rising.