Abstract:
O acidente vascular cerebral é uma das principais causas de deficiência e morte
em todo o mundo. Apesar dos constantes esforços e de ensaios pré-clínicos promissores,
até o momento apenas tratamentos sintomáticos estão disponíveis, fazendo com que a
busca de novas alternativas terapêuticas seja necessária. A quercetina (QU) pertence à
classe dos bioflavonoides polifenólicos e encontra-se largamente na dieta. Trabalhos
recentes têm demonstrado resultados positivos da sua utilização em doenças do sistema
nervoso como Parkinson, Huntington, Alzheimer e inclusive o AVC, encorajando futuros
estudos clínicos com essa molécula. O encapsulamento de um fármaco num nanocarreador
adequadamente formulado pode aumentar as concentrações de fármacos no parênquima
cerebral, contornando as dificuldades que a barreira hematoencefálica impõe. Antes que se
pense em utilizar uma formulação para estudos clínicos, análises de toxicidade são
primordiais para avaliação e estudo de possíveis novos fármacos. O rim e o fígado são
órgãos centrais para esses estudos, pois estão envolvidos com a metabolização e a excreção
de substâncias, sendo normalmente os primeiros a serem afetados. Dessa forma, o presente
trabalho teve como objetivo realizar análises histopatológicas em rins e fígados de ratos
Wistar tratados com quercetina em nanoemulsão por duas vias de administração diferentes:
intraperitoneal (IP) e intranasal (IN), assim como avaliar qual das vias possui menor efeito
adverso decorrente do tratamento. Para tal investigação, foi realizado um modelo de
cirurgia estereotáxica para indução da hemorragia intracerebral em ratos Wistar. A seguir,
os animais foram tratados com 4 administrações da nanoemulsão de QU (2, 24, 48 e 72 h)
por duas vias (intraperitoneal 30 mg/kg ou intranasal 0,25 mg/kg). Após a eutanásia, rim e
fígado foram retirados, fixados, cortados e corados com hematoxilina e eosina e analizados
em microscopia óptica. Nossos resultados sugerem que, nas doses utilizadas, nas duas vias
e no modelo estudado, a nanoemulsão de QU não induz alterações histopatológicas
perceptíveis, assim sendo um agente neuroprotetor, encorajando-nos a seguir estudando
sua ação.
Stroke is one of the leading causes of disability and death around the world.
Despite ongoing efforts and promising pre-clinical trials, so far only symptomatic
treatments are available, making necessary the search for new therapeutic alternatives.
Quercetin (QU) belongs to the class of polyphenolic bioflavonoids, and is widely found in
the diet. Recent works have shown positive results of its use in nervous system diseases
such as Parkinson’s, Huntington’s, Alzheimer’s and even stroke, encouraging future
clinical studies with this molecule. Encapsulation of a drug in a suitable nanocarrier
formulation may increase drug concentrations in the cerebral parenchyma, bypassing the
difficulties that the blood-brain barrier imposes. Before a formulation is considered for
clinical studies, toxicological analyzes are paramount for the evaluation and study of
possible new drugs. The kidney and the liver are central organs for these studies because
they are involved in the metabolism and excretion of substances and are usually the first
ones to be affected. The aim of the present study was to perform histopathological analyzes
in the kidneys and livers of Wistar rats treated with QU in nanoemulsion by two different
routes of administration: intraperitoneal (IP) and intranasal (IN), as well as to evaluate
which of the routes is associated with fewer adverse effects. For this investigation, a
stereotactic surgery model was used to induce intracerebral hemorrhage in Wistar rats.
Next, the animals were treated with 4 administrations of QU nanoemulsions (2, 24, 48, and
72 h) by two routes (IP or IN). After euthanasia, the kidneys and the livers were removed,
fixed, cut, and stained with hematoxylin and eosin, and analyzed by light microscopy. Our
results show that QU nanoemulsions do not induce perceptible histopathological
alterations, and is therefore a promising neuroprotective agent.