Abstract:
O conhecimento desenvolvido no campo da Fisiologia, com questões voltadas para os desafios enfrentados e estratégias recrutadas pelos organismos em seus habitats, assume fundamental importância no que diz respeito à compreensão acerca da capacidade de sobrevivência quando submetidos a situações desfavoráveis. No ambiente aquático - em especial - a salinidade é reconhecida como um dos principais fatores abióticos que exerce efeito sobre a fisiologia dos organismos. Embora os padrões fisiológicos e desafios impostos por cada ambiente ocupado sejam distintos, tendem a convergir para oscilações osmóticas sobre estes. A partir de uma perspectiva comparada - objetivou-se caracterizar os padrões osmorregulatórios das espécies de moluscos bivalves Corbicula largillierti (berbigão asiático roxo), Erodona mactroides (berbigão de laguna) e Amarilladesma mactroides (marisco branco) - habitantes de diferentes nichos osmóticos - quando submetidos a variações hipo- e/ou hiperosmóticas de salinidade. Para isso, foi verificado previamente a capacidade de tolerância dos bivalves dulcícola, estuarino e marinho à intervalos de salinidade espécie-específicos, determinando ainda a concentração osmótica e iônica da hemolinfa, hidratação tecidual, bem como a capacidade de regulação isosmótica do fluido intracelular a partir do uso de osmólitos (orgânicos e inorgânicos). Ademais, incorporou-se a perspectiva filogenética com o intuito de inferir e ainda alargar o entendimento acerca dos padrões que compreendem a fisiologia osmo-iônica de representantes da Classe Bivalvia. Nesse sentido, os resultados apontam que a salinidade ambiental dirige a variação de traços fisiológicos, como a osmolalidade da hemolinfa e a composição dos principais íons do fluido extracelular (sódio e cloreto). Ainda, ressalta-se o importante papel desempenhado pela ancestralidade compartilha, a qual mostrou ter influência na variabilidade interespecífica do íon K hemolinfático junto a classe animal investigada. Finalmente, os padrões verificados experimentalmente juntos as espécies dulcícola C. largillierti, estuarina E. mactroides e marinha A. mactroides apontam uma maior utilização de osmólitos inorgânicos junto à regulação isosmótica intracelular dos tecidos avaliados (manto, músculo adutor e brânquias) após a exposição as condições experimentadas, os quais variam de acordo com o nicho osmótico ocupado por cada espécie.
The knowledge developed in the field of Physiology with questions focused on the challenges faced and strategies recruited by the organisms in their habitats assumes fundamental importance about the understanding about the ability to survive when subjected to unfavorable situations. In the aquatic environment, in particular, salinity is recognized as one of the main abiotic factors that have an effect on the physiology of organisms. Although the physiological patterns and challenges imposed by each occupied environment are distinct, they tend to converge to osmotic oscillations on them. From a comparative perspective - the objective was characterized the osmoregulatory patterns of bivalve molluscs Corbicula largillierti (purple Asian cockle), Erodona mactroides (lagoon cockle) and Amarilladesma mactroides (white clam) - inhabitants of different osmotic niches - when submitted to hypo- and/or hyperosmotic variations of salinity. In order to do so, the tolerance capacity of the freshwater, estuarine and marine bivalves were evaluated at species-specific salinity intervals, also determining the hemolymph osmotic and ionic concentration, tissue hydration, as well as the intracellular isosmotic regulation capacity from the use of osmolytes (organic and inorganic). In addition, the phylogenetic perspective was incorporated to infer and even broaden the understanding of the patterns that comprise the osmo-ionic physiology of representatives of the Bivalvia Class. The results indicate that the environmental salinity directs the variation of physiological traits, such as hemolymph osmolality and the composition of the main extracellular fluid ions (sodium and chloride), in the tested group. Also, the important role played by the shared ancestry is highlighted, which has been shown to influence the interspecific variability of the hemolytic K ion in the investigated animal class. Finally, the patterns verified experimentally together the freshwater C. largillierti, estuarine E. mactroides and marine A. mactroides species show a greater use of inorganic osmolytes together with intracellular isosmotic regulation of the tissues evaluated (mantle, adductor muscle and gills) after exposure the conditions experienced, which vary according to the osmotic niche occupied by each species.
