Abstract:
A salinidade é um fator abiótico chave em ambientes aquáticos e pode possuir uma ampla variação natural, tendo uma grande influência em atividades fisiológicas e processos adaptativos dos organismos. Além disso, animais aquáticos também são submetidos à exposição a diversos poluentes, os quais podem causar efeitos adversos aos organismos. Com base neste panorama, o objetivo desta tese é comparar as respostas fisiológicas e a influência na análise de biomarcadores no mexilhão Perna perna da costa sul do Rio Grande do Sul frente a uma condição de estresse hiposmótico. Cabe salientar que os dois pontos de coleta selecionados para o estudo, um situado nos Molhes da Barra ("Molhes" - ambiente estuarino) e outro no Farol Conceição ("Farol" - ambiente marinho), apresentam um histórico distinto tanto de exposição a poluentes quanto a variações de fatores ambientais naturais. Mexilhões coletados no "Farol" apresentaram respostas clássicas de organismos osmoconformadores com relação ao consumo de oxigênio e aos processos de osmorregulação avaliados através das análises de osmolalidade, concentração de íons e aminoácidos livres na hemolinfa. Entretanto, os mexilhões coletados nos "Molhes" apresentaram respostas similares a organismos osmorreguladores, como regulação da osmolalidade na hemolinfa e aumento da atividade da Na+K+-ATPase nas brânquias, além de uma resposta inversa com relação ao consumo de oxigênio. Com relação aos biomarcadores de estresse oxidativo analisados, podemos relatar que suas respostas foram tanto afetadas pelo estresse hiposmótico quanto diferente entre os pontos estudados. Neste sentido, estes resultados reforçam a necessidade da validação dos biomarcadores frente a influência de fatores abióticos para sua utilização em programas de monitoramento ambiental.
Salinity is an abiotic factor that can undergo temporal and spatial oscillations in environments such as estuaries, and organisms inhabiting these environments must respond to these variations to survive. Some authors hypothesized that the ecological history of organisms may be related to different responses and adaptations to stressors. This study aims to evaluate whether marine mussels (Perna perna) collected from sites with distinct histories of fluctuations in abiotic parameters, including salinity, respond differently to hypoosmotic stress. Mussels collected at the "Farol" site (no history of salinity variation) showed reduced haemolymph osmolality when exposed to hypoosmotic stress (salinities of 25 and 20) in the laboratory, as expected for osmoconforming organisms. Moreover, these animals showed reduced concentrations of Na+, Cl-, and K+; increased levels of ninhydrin-positive substances in the haemolymph; and no changes in gill Na+/K+-ATPase activity. For animals collected at the "Molhes" site (typical salinity variations), this same pattern was observed on day 1 of hypoosmotic stress. On days 4 and 14, the osmolality and ionic concentration returned to near-baseline values (corresponding to salinity of 35), and these mussels showed an increase in gill Na+/K+-ATPase activity at day 4. This long-term response observed for "Molhes" mussels is similar to that observed for osmoregulating organisms. These results suggest that the ecological history, evidenced here by differences in organismal origin (sampling sites), can influence the physiological parameters of mussels in response to a stressful situation. Furthermore, "Molhes" mussels seem to be adapted to this condition, showing responses similar to those of osmoregulating organisms.