Abstract:
Os ambientes aquáticos temporários possuem uma comunidade bem adaptada a variações
de hidroperíodo, dentre elas podemos destacar as metacomunidades de microcrustáceos. O
conceito de metacomunidades busca entender a interação de comunidades ligadas por dispersão.
Para entender a interação destas metacomunidades os índices de diversidade são uma excelente
ferramenta. Dentre estes índices, podemos destacar a diversidade beta, definida como
dissimilaridade na composição de espécies entre locais, e esta ainda pode ser particionada em
turnover e nestedness. O turnover é quando ocorre substituição de algumas espécies por outras e
nestedness é quando um local apresenta um conjunto de espécies que fazem parte de um
conjunto maior. A urbanização é um fator importante para determinar a composição das
metacomunidades de microcrustáceos, onde a crescente urbanização de áreas como, por exemplo,
a deste estudo, tem causado grandes impactos. Além da urbanização, os fatores ambientais, como
por exemplo, profundidade, concentração de nutrientes e área, podem influenciar as
metacomunidades de microcrustáceos nos ambientes aquáticos temporários. Desta forma o
objetivo do presente trabalho foi determinar a composição e diversidade da metacomunidade de
microcrustáceos em ambientes aquáticos temporários de uma área urbana separada em duas
categorias, área construída e área preservada. Foi avaliado como os fatores ambientais
estruturam esta metacomunidades e qual o mecanismo da diversidade beta explica a
dissimilaridade de táxons entre os locais amostrados. Temos como hipóteses que a riqueza de
táxons e diversidade alfa será elevada nos ambientes aquáticos de área preservada. E acreditamos
que nas áreas construídas ocorrerá uma perda de espécies, gerando assim uma diversidade beta
explicada pelo padrão de aninhamento (nestedness). As coletas foram realizadas entre agosto e
setembro de 2016 no Campus Carreiros da Universidade Federal do Rio Grande, RS, Brasil.
Nesta área urbana de 250 ha foram amostrados 14 ambientes aquáticos temporários, divididos
em duas categorias, área construída (6) e preservada (8). Em cada ambiente aquático foram
filtrados 20 litros de água com rede de plâncton de 68µm por ponto, no total de três pontos por
ambiente. As amostras foram fixadas com álcool 80% corado e posteriormente identificadas a
menor nível taxonômico possível. No mesmo momento também foram coletadas variáveis
limnológicas, como oxigênio, nitrogênio, pH e clorofila, com sonda multiparâmetro e com
amostras de água para posterior análise em laboratório. Também variáveis morfometricas, como
área e profundidade média dos ambientes aquáticos temporários, utilizando régua para
profundidade e GPS e google Earth para área. Nossos resultados demonstraram uma riqueza de
69 táxons, com elevada diversidade alfa e homogeneidade e baixa dominância, corroborando
nossa primeira hipótese. Os índices de diversidade beta foram explicados pelo mecanismo de
turnover, rejeitando nossa segunda hipótese. Essa dissimilaridade entre os ambientes amostrados foi explicada provavelmente por fatores como predação e cobertura vegetal, gerando assim uma
diferença na composição de táxons entre as áreas construída e preservada. Já em relação aos
fatores ambientais, o fator profundidade média apresentou diferença significativa entre as duas
áreas, onde as áreas construídas continham ambientes aquáticos de menos profundidade e as
áreas preservadas com ambientes aquáticos de maior profundidade. Assim, a profundidade média
foi considerada o principal fator ambiental estruturador das comunidades nos ambientes
aquáticos temporários.
Temporary ponds have a well-adapted community to hydroperiod variations, among
which we can highlight the metacomunidades of microcrustaceans. The concept of
metacommunities search to understand communities connected by dispersion. To understand the
interaction of these metacommunities, the diversity indices are an excellent instrument. Among
these indices, we can highlight beta diversity, define as dissimilarity in species composition
between sites, and this can be partitioned in turnover and nestedness. Turnover is the
replacement of species from one site to the next and nestedness is when a site presents a set of
species that are part of a larger group. Urbanization is an important factor in determining the
composition of the metacommunities of microcrustaceans. Where the increasing urbanization of
areas such as a study on large impacts. In addition to urbanization, environmental factors, such
as depth, nutrient concentration and area, can influence the metacommunities of
microcrustaceans in temporary aquatic environments. In this way, the objective of the present
work was to determine the composition and diversity of the metacommunity of microcrustaceans
of a urban area, separate in two categories, built area and preserved area. Evaluating how
environmental factors structure this metacommunities and what the mechanism of beta diversity
explains the dissimilarity of taxa among the sampled sites. We hypothesize that the richness of
taxa and alpha diversity will be high in the ponds of preserved area. And we believe that in the
built areas there will be a loss of species, thus generating a beta diversity explained by the
pattern of nestedness. The collect were realized between August and September of 2016 in the
Carreiros Campus of the Federal University of Rio Grande, RS, Brazil. In this urban area of 250
ha were sampled 14 temporary ponds, divided into two categories, constructed area (6) and
preserved (8). In each pond, 20 liters of water were filtered with plankton netting of 68μm per
point, totaling three points per environment. As samples were fixed with alcohol 80% ruddy and
identified lower taxonomic level. At the same time, limnological variables such as oxygen,
nitrogen, pH and chlorophyll were also collected, with a multiparameter and water samples for
later laboratory analysis. Also morphometric variables, such as area and average depth of
temporary ponds, were using the ruler for depth and GPS and google Earth for area. Our results
demonstrated a richness of 69 taxa, with high alpha diversity and homogeneity and low
dominance, corroborating our first hypothesis. The beta diversity indexes were explained by the
turnover mechanism, rejecting our second hypothesis. This dissimilarity among the sampled
environments was probably explained by factors such as predation and plant cover, generated
mainly by the difference in the composition of taxa between the built and preserved areas. The
environmental factors, the mean depth showed a significant difference between the two areas,
where the constructed areas contained shallow ponds and the preserved areas with deep ponds.
Being the depth the main environmental factor structuring of the communities in the temporary
ponds.