Abstract:
A Corrente Costeira Antártica (ACoC) é uma importante componente na circulação do Oceano Austral, que flui quase continuamente para oeste, ao redor do continente Antártico, controlando o regime oceanográfico sobre a plataforma continental. A ACoC também atua modulando e pré-condicionando as águas de plataforma que eventualmente atuam na formação da Água de Fundo Antártica, sendo assim uma peça chave na circulação oceânica global e regulação do clima. Desta forma, o presente trabalho investigou aspectos da variabilidade do sistema da ACoC utilizando dados de fundeios oceanográficos ao longo da plataforma continental e talude ao redor do continente Antártico. Os 32 fundeios analisados forneceram uma visão circumpolar da variabilidade temporal e a partição de energia associadas com o sistema da ACoC. A banda da alta frequência (com períodos entre 40 horas e 8 dias) contribuiu significantemente com a partição de energia nas camadas superficial e intermediárias. Esta banda foi atribuída a vórtices e Ondas Costeiras Aprisionadas (CTW), que possuem um importante papel na troca de calor na plataforma continental Antártica. Entretanto, a maioria dos instrumentos foram dominadas pela banda sinóptica (com períodos entre 8 e 20 dias), principalmente devido à presença de um intenso sinal quinzenal, atribuído à influência dos ciclos de maré de sizígia e quadratura. De todos os instrumentos analisados, os fundeios localizados próximos à Depressão de Drygalski, na região do Cabo Adare possuíram a maior quantidade total de energia, com grande dominância do ciclo quinzenal, representando mais de 80% da partição de energia. Com exceção da região do Mar de Ross, as bandas da mesoescala superior (com períodos entre 20 e 50 dias) e inferior (períodos entre 50 e 140 dias) foram mais importantes nos fundeios próximos às depressões, como na Depressão de Filchner (Mar de Weddell), Depressão de Dotson (Mar de Amundsen) e Depressão de Marguerite (Mar de Bellingshausen). As oscilações com períodos maiores do que 140 dias (banda da baixa frequência) dominaram a partição de energia em apenas um instrumento (com 95% de intervalo de confiança), localizado no talude continental próximo à Plataforma de Gelo Fimbul.
The Antarctic Coastal Current (ACoC) was investigated using long-term mooring data over the continental shelf and slope around the Antarctic continent. The 32 moorings used in the present study provide an attempt of having a circumpolar view of the temporal variability and energy partition associated with the ACoC system. Wavelet analysis has been used to investigate the main signals of variability and how they vary with time. Most of instruments of the surface and upper intermediate layers had significant contribution from a relatively high frequency band (periods between 40 hours and 8 days) to the energy partition. This band has been linked with eddies and Coastal Trapped Waves (CTW), which can play important roles in the heat exchange across the shelf break. However, the majority of the instruments were dominated by the frequency window we defined as weather band (with periods between 8 and 20 days), mainly due a distinct peak at the fortnightly tidal period, which have been attributed by the influence of the spring/neap tidal cycle. The moorings near Drygalski Trough, near the Cape Adare, had the largest total energy among all instruments, with a great dominance of the spring-neap tidal cycle, representing more than 80% of the energy partition. The upper and lower mesoscale bands (with periods between 20 and 50 days for the first, and between 50 and 140 days for the latter) showed to be more important at the moorings near depressions, such as the Filchner Trough (Weddell Sea), Dotson Trough (Amundsen Sea) and Marguerite Trough (Western Antarctic Peninsula). The oscillations with periods greater than 140 days have dominated the energy partition in only one instrument, positioned at the continental slope near Fimbul Ice Shelf, mainly due to a prominent peak at the semi-annual cycle.