Abstract:
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), causada pelo vírus da
imunodeficiência humana (HIV). Relatórios da UNAIDS.org estimam que exista entre
450 000 e 1 400 000 pessoas vivendo com HIV/aids no Brasil em 2020. Neste mesmo
ano, 13 000 pessoas morreram em decorrência da aids e houve cerca de 48 000
novos casos de infecção por HIV. Ainda não existe cura para esta afecção, desta
forma a rápida detecção de novos casos, instituição precoce de tratamento
antirretroviral (TARV) e extensa difusão de informação a respeito desta doença,
constituem as medidas mais valiosas para reduzir a transmissão do HIV. Devido ao
avanço dos esquemas terapêuticos antirretrovirais, pessoas vivendo com HIV/aids na
atualidade apresentam expectativa de vida maior que o observado há duas décadas,
embora esta ainda esteja aquém da expectativa de vida de pessoas HIV-negativas.
Esta diferença deve-se, em parte, a alta ocorrência de doenças crônicas nãotransmissíveis (DCNT), como por exemplo, doenças cardiovasculares e diabetes
mellitus tipo 2. A região sul do Brasil, detentora de uma das maiores prevalências de
infectados por HIV do país, apresenta fatores ambientais e hábitos não saudáveis,
relacionados ao desenvolvimento de DCNTs, como taxas elevadas de inatividade
física e ingesta de alimentos calóricos, fatores de risco bem descritos na população
geral. No entanto, apesar destes fatores poderem contribuir com o adoecimento dos
portadores de vírus HIV, possivelmente esse seja um grupo com maior suscetibilidade
a DCNTs em decorrência de inflamação persistente e desordens metabólicas
provocadas pelo uso de antirretrovirais. Este estudo busca realizar descrição dos
fatores associados ao desenvolvimento de alterações metabólicas em portadores de
HIV vivendo no sul do Brasil através de síntese de evidências cientificas levantadas
por meio de revisão de literatura.
Acquired Immunodeficiency Syndrome (AIDS), caused by the human
immunodeficiency virus (HIV), belongs to the group of sexually transmitted infections.
UNAIDS.org reports between 450 000 and 1 400 000 people living with HIV/AIDS in
Brazil, in 2020. In this same year, 13 000 people died from AIDS and there were around
48 000 new cases of HIV infection. There is still no cure for this affection, so the rapid
detection of new cases, early institution of antiretroviral treatment, and extensive
dissemination of information, are the most valuable measures to reduce HIV
transmission. Due to advanced antiretroviral therapy regimens, people living with
HIV/AIDS today have a much higher life expectancy than that observed just two
decades ago, although still lower than HIV-negative individuals. This difference is, in
part, a result of the high occurrence of chronic non-communicable diseases, such as
cardiovascular diseases and type 2 diabetes mellitus. The South of Brazil, region that
bears one of the highest prevalence of HIV-infected individuals, holds environmental
factors and unhealthy habits associated with the development of NCDs, like an
elevated index of physical inactivity and high intake of caloric food, known risk factors
to the general population. Even though these elements can contribute to the illness of
people living with HIV, this group is possibly more susceptible to NCDs, as a
consequence of viral chronic inflammation and metabolic disorders caused by
antiretroviral drugs. This study aims to do a literature review of scientific evidence
available on factors associated with the development of metabolic disorders in HIVinfected patients living in Southern Brazil.