Abstract:
A limitação das atividades básicas e instrumentais da vida diária (ABVD/AIVD) serve
como indicador de incapacidade funcional. O isolamento durante a pandemia afetou a
atividade física e a incidência de indivíduos infectados pela covid-19. Este estudo teve
como objetivo investigar a incidência de incapacidade funcional e fatores de risco, bem
como o efeito da prática de atividade física na capacidade funcional de indivíduos com
covid-19 no município do Rio Grande/RS. Realizou-se um estudo longitudinal com
indivíduos acima de 18 anos diagnosticados com covid-19 via teste de RT-PCR em 2020.
A pesquisa foi dividida em duas etapas: o estudo de linha de base (ELB), de junho a
outubro de 2021, e o acompanhamento de outubro de 2022 a maio de 2023. Na primeira
etapa, foram investigados 2.919 indivíduos; na segunda, 1.927. A incapacidade funcional
foi avaliada pelas escalas de Katz e Lawton e Brody. As exposições a sintomas
prolongados de covid-19 foram avaliadas em cinco categorias: 1) demográficas e
socioeconômicas; 2) hábitos de vida; 3) morbidades prévias; 4) internação hospitalar; 5)
sintomas de covid longa. Dos 612 indivíduos com dados sobre incapacidade funcional no
ELB e acompanhamento, 48 (7,8%) deixaram de apresentar incapacidade do ELB ao
acompanhamento, enquanto 111 (18,1%) permaneceram com incapacidade. A
prevalência no ELB foi de 8,4% (IC95% 7,3-9,4) e a incidência de 27,7% (IC95% 25,6-
29,9). A maior incidência foi observada em mulheres com 60 anos ou mais, menor
escolaridade, pior autopercepção de saúde, fumantes e aqueles com morbidades prévias.
Da mesma maneira, a medida que aumenta a escolaridade (OR 0,66; IC95%: 0,49-0,88)
aumenta a proteção para o desfecho (OR 0,58; IC95%: 0,42-0,81). Morbidades prévias e
três ou mais sintomas de covid longa (OR:1,36; IC95%1,05-1,67) e (OR:1,56; IC95%
1,14-2,14), respectivamente, também foram fatores de risco. Indivíduos ativos antes da
infecção apresentaram até 50% menos probabilidade de desenvolvimento de limitações
nas ABVD após seis meses e 20% nas AIVD após 24 meses. Além disso, a prática de AF
demonstrou ser um fator protetor eficaz contra os sintomas persistentes da covid-19 como
covid longa. Concluímos que a covid de longa duração está associada à alta incidência de
incapacidade funcional e que a prática regular de atividade física pré-infecção reduz
limitações funcionais, sublinhando a importância de intervenções para otimizar os
resultados funcionais e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados pela covid19 e covid longa.
The limitation of basic and instrumental activities of daily living (ADL/IADL) serves as
an indicator of functional disability. Isolation during the pandemic affected physical
activity and the incidence of infection in individuals infected with COVID-19. This study
aimed to investigate the incidence of functional disability and risk factors, as well as the
effect of physical activity on the functional capacity of individuals with COVID-19 in the
municipality of Rio Grande, RS. A longitudinal study was conducted with individuals
over 18 years old diagnosed with COVID-19 via RT-PCR testing in 2020. The research
was divided into two phases: the baseline study (BS), from June to October 2021, and
follow-up from October 2022 to May 2023. In the first phase, 2,919 individuals were
investigated; in the second, 1,927. Functional disability was assessed using the Katz and
Lawton and Brody scales. Exposure to prolonged COVID-19 symptoms was evaluated in
five categories: 1) demographic and socioeconomic; 2) lifestyle habits; 3) pre-existing
morbidities; 4) hospitalization; 5) long COVID symptoms. Of the 612 individuals with
data on functional disability, 48 (7.8%) no longer exhibited disability from the BS to
follow-up, while 111 (18.1%) remained disabled. The prevalence at the BS was 8.4%
(95% CI: 7.3-9.4) and the incidence was 27.7% (95% CI: 25.6-29.9). The highest
incidence was observed in women aged 60 years or older, with lower education, poorer
self-perceived health, smokers, and those with pre-existing morbidities. Similarly, as
education level increased (OR 0.66; 95% CI: 0.49-0.88), protection against the outcome
also increased (OR 0.58; 95% CI: 0.42-0.81). Pre-existing morbidities and three or more
long COVID symptoms (OR: 1.36; 95% CI: 1.05-1.67) and (OR: 1.56; 95% CI: 1.14-
2.14), respectively, were also risk factors. Individuals who were active before the
infection had up to a 50% lower probability of developing limitations in ADL after six
months and 20% in IADL after 24 months. Furthermore, physical activity proved to be
an effective protective factor against persistent COVID-19 symptoms such as long
COVID. We conclude that long COVID is associated with a high incidence of functional
disability, and that regular physical activity prior to infection reduces functional
limitations, underscoring the importance of interventions to optimize functional outcomes
and improve the quality of life for individuals affected by COVID-19 and long COVID.