Abstract:
A Pandemia de Covid-19 foi um dos maiores desafios deste século. As consequências deste
período não agravaram somente os índices de mortalidade em escala global, como desafiaram
os sistemas de vigilância em saúde dos países. Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS) já foram notificadas no mundo mais de sete milhões de mortes por Covid-19 até maio
do ano de 2024. O Brasil é o segundo país mais afetado em números absolutos, com mais de
702 mil mortes, atrás dos Estados Unidos da América (USA), com 1,2 milhão de mortes.
Contudo, é possível que essas estatísticas não reflitam a realidade nos índices de mortalidade
durante este período. Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi estimar o excesso de
mortalidade durante a pandemia de Covid-19 e sua associação com indicadores
socioeconômicos. Foram produzidos dois artigos: o primeiro artigo incluiu os 5570 municípios
brasileiros e compreendeu os anos de 2020 e 2022 e o segundo artigo incluiu os 35 países da
região das Américas (estados membros segundo o estatuto do Conselho Permanente das
Organizações dos Estados Americanos – OEA) e compreendeu os anos de 2020 e 2021. Tratase de um estudo ecológico de séries temporais baseado em dados secundários. Os dados
utilizados neste estudo foram extraídos do Departamento de Informática do SUS (DATASUS);
painel de monitoramento Covid-19 do Ministério da Saúde; Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA); Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE); painel Covid da OMS
e plataforma de dados do Banco Mundial. O excesso de mortalidade foi definido como a
diferença entre as mortes observadas e as esperadas. O percentual de excesso de mortalidade
em relação às mortes esperadas foi denominado de Pscore. As variáveis socioeconômicas
incluídas foram: PIB per capita; IDH e Gasto per capita em saúde. As análises foram realizadas
através do programa estatístico STATA 14.0. Foram utilizados os seguintes testes: regressão de
Prais-Winsten para estimar as mortes esperadas; coeficiente de correlação de Spearman; test t
e anova. Os resultados dos dois artigos mostraram que houve excesso de mortalidade no Brasil
e na região das Américas, indicando diferenças regionais na distribuição desse excesso, além
da associação com indicadores socioeconômicos.
The COVID-19 pandemic has been one of the greatest challenges of this century. The
consequences of this period have not only worsened mortality rates on a global scale, but have
also challenged countries' health surveillance systems. According to the World Health
Organization (WHO), more than seven million deaths from COVID-19 have already been
reported worldwide by May 2024. Brazil is the second most affected country in absolute
numbers, with more than 702 thousand deaths, behind the United States of America (USA),
with 1.2 million deaths. However, it is possible that these statistics do not reflect the reality of
mortality rates during this period. In this context, the objective of this study was to estimate
excess mortality during the COVID-19 pandemic and its association with socioeconomic
indicators. Two articles were produced: the first article included the 5,570 Brazilian
municipalities and covered the years 2020 and 2022, and the second article included the 35
countries of the Americas region (member states according to the statute of the Permanent
Council of the Organization of American States - OAS) and covered the years 2020 and 2021.
This is an ecological time series study based on secondary data. The data used in this study
were extracted from the SUS Information Technology Department (DATASUS); the Ministry
of Health's COVID-19 monitoring panel; the Institute of Applied Economic Research (IPEA);
the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE); the WHO COVID panel; and the
World Bank data platform. Excess mortality was defined as the difference between observed
and expected deaths. The percentage of excess mortality in relation to expected deaths was
called Pscore. The socioeconomic variables included were: GDP per capita; HDI; and per capita
health expenditure. The analyses were performed using the statistical program STATA 14.0.
The following tests were used: Prais-Winsten regression to estimate expected deaths;
Spearman's correlation coefficient; t-test and anova. The results of both articles showed that
there was excess mortality in Brazil and in the Americas region, indicating regional differences
in the distribution of this excess, in addition to the association with socioeconomic indicators.