Magalhães, Joanalira CorpesRibeiro, Paula Regina CostaHatje, Luis Felipe2025-06-152025-06-152023HATJE, Luis Felipe. Experiências e processos de subjetivação de homens autores de violência em grupos reflexivos de gênero da comarca do Rio Grande/RS. 2023. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2023.https://repositorio.furg.br/handle/123456789/13055Tese (doutorado)Esta tese de doutorado foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências, na linha de pesquisa “Discursos, culturas e subjetividades na Educação em Ciências”. A Lei Maria da Penha instituiu, em 2006, mecanismos de coibição da violência doméstica e familiar, estabelecendo medidas de prevenção, assistência e proteção às mulheres, como a formação de grupos reflexivos de gênero, compostos por homens autores de violência, para acompanhamento em centros de educação e reabilitação. A pesquisa tem como objetivo problematizar Grupos Reflexivos de Gênero da Comarca do Rio Grande/RS e as experiências dos homens autores de violência participantes desses grupos. E como objetivos específicos: analisar os aspectos regulatórios e legais dos grupos reflexivos gênero para homens autores de violência doméstica; problematizar as transformações das formas de punição, desde os suplícios até abordagens pedagógicas, e investigar a percepção dos homens que participam dos grupos em relação à função dessas práticas como instrumentos de reeducação para autores de violência; analisar as narrativas de homens autores de violência, a fim de perceber as experiências desses sujeitos sobre as relações de gênero e produções das masculinidades. Esta pesquisa está subsidiada nos estudos pós-estruturalistas, bem como em autoras/es que discutem a temática da violência doméstica e familiar articulada com os saberes educacionais e jurídicos.No que diz respeito às discussões em torno do campo da Educação em Ciências, este estudo parte do pressuposto de que a produção de saberes presentes nos grupos, as condições de possibilidade para emergência deles e as pedagogias envolvidas são construções históricas, sociais, culturais e discursivas, permeadas de valores e significados, os quais são representados e engendradas mediante relações de poder-saber. Como metodologia de pesquisa, valemo-nos de análise documental e de investigação narrativa. Dessa forma, foram realizadas: 1) análise documental da legislação protetiva da mulher e de documentos regulatórios dos Grupos Reflexivos de Gênero; 2) entrevistas com homens autores de violência envolvidos nesses grupos, facilitadores/as dos grupos e magistrada do Juizado da Violência Doméstica e Familiar; 3) produção de diários de campo. Para a análise dos dados, utilizamos algumas ferramentas de inspiração foucaultiana. Nas análises realizadas, verificou-se, nos documentos legais, série de estratégias para conduzir os sujeitos a conduta não violenta no ambiente doméstico, como recomendações de desconstrução da masculinidade hegemônica e possibilidade de produção e de vivência das masculinidades. Constatou-se existência de currículo nos grupos reflexivos de gênero, com a finalidade de tornar homens autores de violência capazes de se governarem. Por meio das entrevistas, constatou-se a violência doméstica vinculada às desigualdades de gênero e às visões dominantes de masculinidade. Por outro lado, inferiu-se participação dos homens nos grupos não enquanto prática punitiva, mas construindo processo pedagógico capaz de promover reflexões e responsabilização de atos. Assim, interpelados por construções socioculturais, a mudança de comportamentos violentos dos homens torna-se possível a partir de grupos reflexivos emergentes como estratégia para combater a violência. Portanto, a relevância desta pesquisa consistiu em promover o debate acerca de masculinidades de comportamento violento e de mecanismos utilizados para tentar inibir tais práticas.This doctoral thesis was developed within the Postgraduate Program in Science Education, under the research line "Discourses, cultures, and subjectivities in Science Education." The Maria da Penha Law, established in 2006, instituted mechanisms to curb domestic and family violence, laying down measures for the prevention, assistance, and protection of women, such as the formation of gender-reflective groups composed of men who commit acts of violence, for monitoring in educational and rehabilitation centers. The research aims to investigate the Gender Reflective Groups of the Rio Grande/RS jurisdiction and the processes of subjectification of the violent male participants in these groups. Specific objectives include: analyzing the regulatory and legal aspects of the gender-reflective groups for men who commit domestic violence; problematizing the transformations of punishment forms, from tortures to pedagogical approaches, and investigating the men's perceptions participating in the groups regarding the role of these practices as reeducation tools for violent offenders; analyzing the narratives of violent men to understand their experiences concerning gender relations and the production of masculinities. This research is based on post-structuralist studies, as well as authors discussing the topic of domestic and family violence combined with educational and legal knowledge. Concerning discussions about the field of Science Education, this study assumes that the knowledge produced in the groups, the conditions for their emergence, and the pedagogies involved are historical, social, cultural, and discursive constructions permeated by values and meanings, represented and brought about through power-knowledge relations. For research methodology, we relied on documentary analysis and narrative investigation. Thus, the following were carried out: 1) documentary analysis of women's protective legislation and regulatory documents of the Gender Reflective Groups; 2) interviews with violent men involved in these groups, group facilitators, and a judge from the Domestic and Family Violence Court; 3) production of field diaries. For data analysis, we used some Foucault-inspired tools. In the analyses carried out, several strategies were identified in the legal documents to guide individuals to non-violent behavior in the domestic environment, such as recommendations for deconstructing hegemonic masculinity and the possibility of producing and experiencing masculinities. There was found to be a curriculum in the gender-reflective groups aimed at enabling violent men to govern themselves. Through the interviews, domestic violence was linked to gender inequalities and dominant views of masculinity. On the other hand, men's participation in the groups was inferred not as a punitive practice but as a pedagogical process capable of promoting reflections and accountability for actions. Thus, when confronted by sociocultural constructions, the change in violent behaviors in men becomes possible through emerging reflective groups as a strategy to combat violence. Therefore, the significance of this research lay in fostering a debate about violent male behaviors and the mechanisms used to try to curb such practices.poropen accessHomens autores de violênciaGrupos reflexivosExperiênciaGêneroMasculinidadesSubjetivaçãoViolent menReflective groupsExperienceGenderMasculinitiesSubjectivationdoctoralThesis