Barlem, Edison Luiz DevosBiondi, Heitor Silva2025-05-122025-05-122022BIONDI, Heitor Silva. Governamentalidade do parto: modulações na parturição na perspectiva de profissionais da assistência obstétrica. 2022. 350f. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Escola de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2022.https://repositorio.furg.br/handle/123456789/12858Tese (doutorado)As maneiras como assistência ao parto são desenvolvidas advém da construção histórica dos saberes e verdades, que constituem em uma intelecção das práticas envoltas na parturição, configurando-se em racionalidades. Por estarem difundidas e introjetadas no corpo social, as racionalidades passaram a prescrever condutas e regular comportamentos, por meio do acionamento de instituições, procedimentos, táticas, estratégias, análises, reflexões e cálculos que, articuladamente, engendrando uma governamentalidade do parto. Partindo desta compreensão, este estudo de natureza qualitativa, exploratória e descritiva, tem como objetivo de analisar como a governamentalidade engendrada por racionalidades modula a parturição através do governamento dos sujeitos. Possuindo como referencial teórico-analítico as teorizações sobre a governamentalidade, teve como cenário investigativo o Centro Obstétrico de um Hospital Universitário no sul do Brasil. Participaram 24 profissionais de saúde que atuam diretamente na assistência ao parto, sendo 10 enfermeiras(os), e 14 médicas(os). A produção dos dados se deu por meio de entrevista semiestruturada, realizadas durante o mês de julho de 2022, sendo as falas analisadas por meio das ferramentas analíticas da governamentalidade. Os aspectos éticos concernentes às pesquisas foram respeitados durante seu desenvolvimento. O estudo foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, registrado sob o número 5.492.379, e Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE), número 58273022.6.0000.5324. Por meio do processo analítico foram constituídos três artigos. O primeiro artigo revela que muitos dos saberes e verdades relativos à gênese e consolidação da ciência obstétrica permanecem sedimentados nas práticas assistenciais, demonstrando-se como racionalidade, que é antagonizada por outras racionalidades, em um contraste discursivo da ciência contemporânea, frente a outros conhecimentos e ações que sustentam práticas considerados parcial ou totalmente obsoletos. Este constructo está associado a formação profissional e a composição de um ambiente de trabalho que fomenta, de modo insidioso, uma compreensão patologizada das vivencias singulares do parto, elencando a medicalização como uma necessidade. O segundo artigo demonstra que o governamento das condutas das mulheres tem início já no pré-natal, através de estratégias que visam a subjetivação, efetivadas por um crescente pedagógico voltado a assegurar a internalização de certas verdades, e a disciplinamento das mentes e dos corpos, e são somadas a outras estratégias, como a busca ativa de mulheres que não iniciam ou abandonam o pré-natal, a criação de grupos de gestantes e o entrelaçamento das estratégias governamentais de gestão da vida e da sociedade, que permitem a captura e vigilância efetivas, por articular distintos vetores de força sociais e institucionais, através de discursos que versam acerca das dimensões da segurança, da insegurança, e do risco. Este conjunto visa a docilidade diante das práticas de disciplinamento, bem como, o estabelecimento de um governo de si que efetive a autorregulação dentro dos moldes estabelecidos pelos profissionais, incluindo o afastamento de condutas anormais e desviantes. Já o terceiro artigo aborda a centralidade das estratégias maquinadas em meio a sociedade para a obtenção de condutas subjetivadas das parturientes, em que desponta a funcionalidade governamental das relações de poder que ocorrem em distintos contextos e com diferentes indivíduos, com destaque aos familiares e a malha social, viabilizando ações de vigilância e controle dos comportamentos femininos, por meio de práticas pedagógicas, que tem seu conteúdo manifestado posteriormente nos direcionamentos do governo de si. Além disso, destacou-se a positividade do noopoder, a valorização das práticas de medicalização do corpo em contraste com as ações humanizadas, e o respeito a autonomia da mulher, sendo esta resultante da subjetivação anterior a verdades e discursos que ganham espaço em sua fala durante o parto, e a fazem adentrar as engrenagens da condução das condutas dos profissionais. Não somente, foram elencadas novas práticas que incidem na condução das condutas, como os planos de parto; a ampliação progressiva da atuação do enfermeiro obstetra e das doulas; a maior exposição dos eventos singulares da parturição em diferentes mídias e a do aprimoramento tecnológico voltado à gestação e ao parto. Concluiu-se que a assistência ao parto está concatenada a duas racionalidades distintas que modulam a assistência, tendo a atuação profissional papel central nos processos na viabilização de estratégias de governamento. A circulação de discursos acerca do parto em meio da malha social, torna a população instrumento da governamentalidade do parto. Sugere-se o desenvolvimento de novos estudos que possam contribuir para o estabelecimento de estratégias propagar e fomentar em meio a sociedade, práticas discursivas e performáticas alinhadas com as políticas públicas e com a medicina baseada em evidências, sedimentando a racionalidade humanizadora do parto no fazer e na formação dos profissionais de saúde, em detrimento da racionalidade intervencionista.Los modos en que se desarrolla la asistencia al parto provienen de la construcción histórica de saberes y verdades, que constituyen una intelección de prácticas involucradas en el parto, configurándose en racionalidades. Por generalizarse e introyectarse en el cuerpo social, las racionalidades pasaron a prescribir comportamientos y regular comportamientos, a través de la activación de instituciones, procedimientos, tácticas, estrategias, análisis, reflexiones y cálculos que, articuladamente, engendraron una gubernamentalidad de parto. A partir de esa comprensión, este estudio cualitativo, exploratorio y descriptivo tiene como objetivo analizar cómo la gubernamentalidad engendrada por las racionalidades modula el parto a través del gobierno de los sujetos. Teniendo como referente teórico-analítico las teorizaciones sobre la gubernamentalidad, tuvo como escenario de investigación el Centro Obstétrico de un Hospital Universitario del Sur de Brasil. Participaron 24 profesionales de la salud que actúan directamente en la atención del parto, 10 enfermeras y 14 médicos. La producción de datos se realizó a través de entrevistas semiestructuradas, realizadas durante el mes de julio de 2022, y los discursos fueron analizados utilizando las herramientas analíticas de gubernamentalidad. Los aspectos éticos concernientes a la investigación fueron respetados durante su desarrollo. El estudio fue evaluado y aprobado por el Comité de Ética en Investigación, registrado bajo el número 5.492.379, y Certificado de Presentación de Apreciación Ética (CAAE), número 58273022.6.0000.5324. A través del proceso analítico, se constituyeron tres artículos. El primer artículo revela que muchos de los saberes y verdades relacionados con la génesis y consolidación de la ciencia obstétrica quedan sedimentados en las prácticas asistenciales, manifestándose como racionalidad, que es antagonizada por otras racionalidades, en un contraste discursivo de la ciencia contemporánea, frente a otros saberes y acciones que sustentan prácticas consideradas parcial o totalmente obsoletas. Este constructo está asociado a la formación profesional y a la composición de un ambiente de trabajo que fomenta insidiosamente una comprensión patologizada de las experiencias únicas del parto, catalogando la medicalización como una necesidad. El segundo artículo demuestra que la gobernanza de la conducta de las mujeres ya comienza en el prenatal, a través de estrategias dirigidas a la subjetivación, realizadas por una pedagogía creciente dirigida a asegurar la interiorización de ciertas verdades, y el disciplinamiento de mentes y cuerpos, y se suman a otras estratégicas, como la búsqueda activa de mujeres que no inician o abandonan el control prenatal, la creación de grupos de gestantes y el entrecruzamiento de estrategias gubernamentales de gestión de vida y sociedad, que permitan una efectiva captación y vigilancia, al articular diferentes vectores de y fortaleza institucional, a través de discursos que aborden las dimensiones de seguridad, inseguridad y riesgo. Este conjunto tiene como objetivo la docilidad frente a las prácticas disciplinarias, así como el establecimiento de un autogobierno que implemente la autorregulación en el marco establecido por los profesionales, incluida la eliminación de conductas anormales y desviadas. El tercer artículo discute la centralidad de las estrategias ideadas en la sociedad para obtener comportamientos subjetivos de las parturientas, en la que emerge la funcionalidad gubernamental de las relaciones de poder que se dan en diferentes contextos y con diferentes individuos, con énfasis en los miembros de la familia y la red social, posibilitando acciones de vigilancia y control del comportamiento femenino, a través de prácticas pedagógicas, que tienen su contenido manifestado posteriormente en las directivas de autogobierno. Además, se destacó la positividad del noopower, la valoración de las prácticas de medicalización del cuerpo frente a las acciones humanizadas, y el respeto a la autonomía de la mujer, que es fruto de la subjetivación previa a verdades y discursos que ganan espacio en su discurso durante el parto. , y hacerlo entrar en los engranajes de la conducción de la conducta de los profesionales. No solo, se enumeraron nuevas prácticas que afectan la conducta conductual, como los planes de nacimiento; la progresiva ampliación del papel de las enfermeras y doulas obstétricas; mayor exposición de eventos singulares del parto en diferentes medios y mejora tecnológica dirigida al embarazo y parto. Se concluyó que la atención al parto está ligada a dos lógicas distintas que modulan la atención, teniendo la actuación profesional un papel central en los procesos de viabilidad de las estrategias de gobierno. La circulación de discursos sobre el parto en medio del tejido social hace de la población un instrumento de la gubernamentalidad del parto. Se sugiere el desarrollo de nuevos estudios que puedan contribuir al establecimiento de estrategias para propagar y promover en el medio de la sociedad prácticas discursivas y performativas alineadas con las políticas públicas y con la medicina basada en evidencias, sedimentando la racionalidad humanizadora del parto en el hacer. y en la formación de profesionales de la salud, en detrimento de la racionalidad intervencionista.The ways in which childbirth assistance is developed comes from the historical construction of knowledge and truths, which constitute an intellection of practices involved in parturition, configuring themselves in rationalities. Because they were widespread and introjected into the social body, rationalities began to prescribe behaviors and regulate behaviors, through the activation of institutions, procedures, tactics, strategies, analyses, reflections and calculations that, articulately, engendering a governmentality of childbirth. Based on this understanding, this qualitative, exploratory and descriptive study aims to analyze how the governmentality engendered by rationalities modulates parturition through the governance of subjects. Having as a theoretical-analytical reference the theorizations about governmentality, it had as an investigative scenario the Obstetric Center of a University Hospital in the south of Brazil. Participants were 24 health professionals who work directly in childbirth care, 10 nurses and 14 physicians. Data production took place through semi-structured interviews, carried out during the month of July 2022, and the speeches were analyzed using the analytical tools of governmentality. The ethical aspects concerning the research were respected during its development. The study was evaluated and approved by the Research Ethics Committee, registered under number 5.492.379, and Certificate of Presentation of Ethical Appreciation (CAAE), number 58273022.6.0000.5324. Through the analytical process, three articles were constituted. The first article reveals that many of the knowledge and truths related to the genesis and consolidation of obstetric science remain sedimented in care practices, demonstrating itself as rationality, which is antagonized by other rationalities, in a discursive contrast of contemporary science, compared to other knowledge and actions that sustain practices considered partially or totally obsolete. This construct is associated with professional training and the composition of a work environment that insidiously fosters a pathologized understanding of the unique experiences of childbirth, listing medicalization as a necessity. The second article demonstrates that the governance of women's conduct already begins in prenatal care, through strategies aimed at subjectivation, carried out by a growing pedagogy aimed at ensuring the internalization of certain truths, and the disciplining of minds and bodies, and are added to other strategies, such as the active search for women who do not initiate or abandon prenatal care, the creation of groups of pregnant women and the interweaving of government strategies for managing life and society, which allow effective capture and surveillance , by articulating different vectors of social and institutional strength, through discourses that deal with the dimensions of security, insecurity, and risk. This set aims at docility in the face of disciplining practices, as well as the establishment of a self-government that implements self-regulation within the framework established by professionals, including the removal of abnormal and deviant conduct. The third article discusses the centrality of strategies devised in society to obtain subjective behaviors of parturients, in which the governmental functionality of power relations that occur in different contexts and with different individuals emerges, with emphasis on family members and the network. social, enabling actions of surveillance and control of female behavior, through pedagogical practices, which have their content manifested later in the directives of self-government. In addition, the positivity of noopower was highlighted, the valuation of medicalization practices of the body in contrast to humanized actions, and the respect for women's autonomy, which is the result of subjectivation prior to truths and discourses that gain space in their speech during childbirth, and make it enter the gears of conducting the conduct of professionals. Not only, new practices were listed that affect conduct conduct, such as birth plans; the progressive expansion of the role of obstetric nurses and doulas; greater exposure of unique events of parturition in different media and technological improvement aimed at pregnancy and childbirth. It was concluded that childbirth care is linked to two distinct rationales that modulate care, with professional performance having a central role in the processes in the viability of government strategies. The circulation of speeches about childbirth in the midst of the social fabric makes the population an instrument of the governmentality of childbirth. It is suggested the development of new studies that can contribute to the establishment of strategies to propagate and promote in the midst of society, discursive and performative practices aligned with public policies and with evidence-based medicine, sedimenting the humanizing rationality of childbirth in the doing and in the training of health professionals, to the detriment of interventionist rationality.poropen accessEnfermagemComportamentos Relacionados com a SaúdePartoGovernoPolítica de SaúdeEnfermeríaConductas Relacionadas con la SaludGobiernoPolítica de SaludNursingHealth BehaviorParturitionGovernmentHealth PolicyGovernamentalidade do parto: modulações na parturição na perspectiva de profissionais da assistência obstétricaGubernamentalidad del parto: modulaciones en el parto desde la perspectiva de los profesionales de la atención obstétricaGovernmentality of birth: modulations in parturition from the perspective of obstetric care professionalsdoctoralThesis