Abstract:
Com o objetivo de avaliar a possibilidade de manutenção de juvenis de tainhas em sistema com bioflocos, três experimentos foram desenvolvidos na Estação Marinha de Aquacultura da Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, RS, utilizando juvenis de Mugil cf. hospes e Mugil liza. Os experimentos foram realizados em delineamento inteiramente casualizado, com três repetições em cada tratamento e os resultados foram submetidos às análises de variância ANOVA uma-via e Kruskal-Wallis (=0,05), considerando-se as premissas de normalidade (Kolmogorov-Smirnov) e homocedasticidade (Cochran C) dos dados. Quando detectada diferença significativa entre os tratamentos após ANOVA, o teste de Tukey foi aplicado para comparação das médias. O primeiro estudo foi realizado para verificar a possibilidade de manter bioflocos na criação de juvenis de Mugil cf. hospes (peso médio inicial de 4,55 ± 0,15 g). Foram avaliados três tratamentos: tainhas com inoculo de bioflocos (T), tainhas com bioflocos provenientes da criação de camarões Litopenaeus vannamei (TFC) e sem animais (SEM). Todos os tratamentos receberam ração comercial (44% PB). Após 21 dias a concentração final de sólidos suspensos totais não diferiu (P>0,05) entre os tratamentos TFC (785,33 ± 269,05 mg L-1), T (310,67 ± 126,0 mg L-1) e SEM (298,67 ± 30,28 mg L-1), enquanto que o volume final de bioflocos de TFC (76,66 ± 5,77 mL L-1) foi maior (P<0,05) do que SEM (3,1 ± 2,48 mL L-1) e T (18,66 ± 5,50 mL L-1) foi similar a todos os tratamentos. Estes resultados demonstram que foi possível manter os bioflocos na criação de juvenis de tainhas Mugil cf. hospes, tornando possível sua criação neste tipo de sistema. Com o objetivo de avaliar a importância da alimentação natural no desempenho em crescimento de juvenis de tainhas Mugil liza (peso médio inicial de 0,66 ± 0,21 g),três diferentes sistemas de criação foram utilizados durante 30 dias, sendo um sistema realizado em água clara, um sistema que consistia de água contendo bioflocos e substrato artificial com perifíton, e um terceiro sistema realizado em água clara contendo substrato artificial com perifiton. Todos os tratamentos receberam ração comercial (42% PB), e os tratamentos com água clara tiveram renovações de água diariamente. A sobrevivência final dos juvenis foi superior a 90% em todos os tratamentos, sem diferença entre eles. O tratamento que utilizou perifíton e bioflocos conjuntamente resultou em maior crescimento em peso dos juvenis de tainhas e menor taxa de conversão alimentar aparente, em comparação aos demais tratamentos. Adicionalmente, este tratamento registrou menor concentração média de amônia total na água dos tanques de criação.Um terceiro estudo teve por objetivo avaliar o efeito da adição de diferentes fontes de carbono orgânico sobre a qualidade de água e o desempenho zootécnico de juvenis de tainhas Mugil liza mantidas em sistema BFT. Com duração de 45 dias foram testados quatro tratamentos: dextrose, melaço de cana-de-açúcar líquido, farelo de arroz e um tratamento em água clara foi utilizado como controle (três réplicas cada). 15 juvenis de M. Liza (7,99 ± 2,57g) em cada unidade experimental (160 L, salinidade 14,0 ± 4,2 e temperatura de 27,0 ± 3,3 ºC). As tainhas foram alimentadas com ração comercial (55% PB) quatro vezes ao dia. Ao final do experimento os pesos dos juvenis de tainhas, ganho de peso e taxa de crescimento específico não apresentaram diferença significativa (P>0,05) entre os diferentes tratamentos. A sobrevivência foi superior a 90% em todos os tratamentos, sem diferença significativa entre eles. O maior volume médio de bioflocos foi registrado no tratamento farelo de arroz (161,4 ± 66,29 ml L-1), seguido de melaço (96,46 ± 96,24 ml L-1), e o menor volume foi observado no tratamento dextrose (52,54 ± 57,29 ml L-1), todos significativamente diferentes entre si.
A concentração média de SST (mg L-1) na água foi maior (P<0,05) nos tratamentos com bioflocos do que em água clara (492,05 ± 456,83 mg L-1), mas não diferiu entre os tratamentos dextrose, melaço e farelo de arroz (926,16 ± 299,03; 932,18 ± 309,72 e 809,31 ± 217,77 mg L-1, respectivamente). O tratamento dextrose apresentou maior (P<0,05) abundância de bactérias totais aderidas do que os tratamentos melaço, farelo de arroz e água clara. A adição de uma fonte suplementar de carbono orgânico, melaço ou farelo de arroz, se mostrou eficiente no desenvolvimento de bioflocos e controle dos níveis de amônia e nitrito da água, em comparação à utilização de dextrose e ao sistema de água clara.
With the purpose to evaluate the possibility of the culture of mullet in biofloc culture systems (BFT), three experiments were developed at Marine Station of Aquaculture, Federal University of Rio Grande, Rio Grande city, Rio Grande do Sul State, Brazil, using juveniles of Mugil cf. hospes and Mugil liza. The studies were conducted using randomized designs, three replicates per treatment and the results submitted to analysis of variance one-way ANOVA and Kruskal-Wallis (=0.05), taking into consideration the assumptions of normality (Kolmogorov-Smirnov) and the homoscedasticity (Cochran C). Tukey's test was applied to compare the means when was detected significant differences among the treatments. The first study was conducted to verify the formation of bioflocs in the rearing of juveniles of Mugil cf. hospes (4.55 ± 0.15 g), using three treatments: (1) mullet with inoculum of bioflocs (T); (2) mullet with bioflocs from culture of the Litopenaeus vannamei (TFC); (3) without livestock (SEM). All treatments received a commercial feed (44% CP). After 21 days the final concentration of total suspended solids was higher in TFC treatment (785.33 ± 269.05 mg L-1) compared to the treatment T (310.67 ± 126.0 mg L-1) and SEM (298.67 ± 30.28 mg L-1). The biofloc volume in the treatment TFC (76.66 ± 5.77 mL L-1) washigher (P<0.05) than SEM (3.1 ± 2.48 mL L-1) and T (18.66 ± 5.50 mL L-1) were similar to remaining treatments. The results showed that there was formation of bioflocs in the culture of the mullet’s juveniles. With the aim to evaluate the importance of the natural food on growth performance of juveniles of mullets Mugil liza (initial weight 0.66 ± 0.21 g), the second experiment using three different culture systems was conducted during 30 days: (1) system of clear water, (2) biofloc and periphyton, (3) clear water and periphyton. All treatments received a commercial feed (42% CP). The treatment biofloc and periphyton had a better influence in weight and length of the juveniles, as well as feed conversion rate, than other treatments. The parameters of water quality in biofloc and periphyton was more efficient, thru a significant decrease in ammonia. The survival was above 90% in all treatments, no significant difference between them.A thirdy study aimed at investigating the effect of addition in different organic carbon sources on the water quality parameters and production of juvenile mullet Mugil liza in Biofloc Technology Systems. In 45-days study four treatments were tested: dextrose, liquid molasses, rice meal a treatment in clear water was used as control (three replicates). Fifteen juveniles of M. Liza (7.99 ± 2.57g) were stocked in each experimental units (160 L, salinity 14.0 ± 4.2 and temperature of 27.0 ± 3.3 ° C). The mullet were fed with commercial feed (55% CP) four times per day. At the end of the trial mean final weight, weight gain and specific growth rate did not differ significantly (P>0.05) among the different treatments. Survival was superior to 90% for all treatments, without significant difference. The largest volume of biofloc was recorded in the treatment rice meal (161.4 ± 66.29 ml L-1), followed by molasses (96.46 ± 96.24 ml L-1), the lower volume was observed in the treatment dextrose (52.54 ± 57.29 ml L-1). The average concentration of TSS (mg L-1) into the water was higher (P <0.05) intreatments with biofloc than in clear water (492.05 ± 456.83 mg L-1), but did not differ among the treatments dextrose, molasses and rice meal (926.16 ± 299.03, and 932.18 ± 309.72 809.31 ± 217.77 mg L-1, respectively). Treatment dextrose showed higher (P <0.05) abundance of total bacteria attached than treatments molasses, rice meal and clear water. The addition of an additional source of organic carbon from molasses or rice meal was efficient in the development of biofloc and control of ammonia and nitrite levels of water, compared to the use of dextrose and the system of clear water.