Abstract:
Com a intenção de contribuirmos para o conhecimento dos riscos da exposição ambiental e a influência de outros fatores sobre a saúde, realizou-se este estudo transversal, com mulheres em idade fértil (15-49 anos)residentes nas comunidades próximas ao parque industrial do município do Rio Grande/RS, sendo identificado a prevalência de abortos espontâneos e os
fatores relacionados a este desfecho. A amostra compreendeu 565 mulheres, residentes nas áreas consideradas exposta (E) e não exposta(NE), de acordo com a distância do parque industrial e a análise do mapa dos ventos do município. Foram entrevistadas 285 mulheres da área E e 280 da área NE. Para avaliação dos fatores de risco, foi aplicado um questionário, o qual contemplava as condições socioeconômicas, os fatores ambientais e as condições de moradia, a história reprodutiva prévia e morbidades. Para análise dos dados foram utilizados o
teste qui-quadrado e regressão logística não-condicionada. Das mulheres entrevistadas que já gestaram (n=412) 17,7% referiram ocorrência de aborto espontâneo. Na análise bivariada verificou-se que o desfecho estudado mostrou associação significativa com idade da menarca, apresentando-se como fator de proteção(OR=0,26 (IC=0,11-0,55); p=0,0008) a idade da menarca entre 11 e 13 anos. O número de filhos também mostrou associação com a ocorrência de aborto espontâneo, apresentando um aumento do risco para três ou mais filhos (OR=4,00 (IC=1,86-8,58); p=0,001). A história de doença sexualmente transmissível(DST)
também apresentou tendência à significação (OR=2,01 (IC=0,97-4,15); p=0,06). Após ajuste
com as variáveis do modelo teórico hierarquizado, a presença de três ou mais filhos (OR=2,94(IC=1,28-6,77); p=0,009) e a história de DST(OR=2,55 (IC=1,13-5,77); p=0,02) permaneceram significativamente associados ao desfecho estudado. Nesta análise, o fato da mulher não possuir água encanada dentro de casa mostrou uma tendência de associação com a ocorrência de aborto espontâneo (OR=4,01 (IC=0,85-18,87); p=0,08). Não foi observada associação significativa entre o local de moradia nas proximidades do parque industrial e o
desfecho investigado. Além desta análise, este estudo também mostrou dados importantes
sobre a saúde reprodutiva dessas mulheres: 51,2% (E) e 40,6% (NE) das mulheres tiveram a
primeira gestação entre 12 e 19 anos (n=412); 30,5% possuíam três ou mais filhos (n=393); 13,6% (E) e 8,3% (NE) das mulheres que não menstruavam era devido à menopausa precoce (n=80); 72,7% utilizavam algum método contraceptivo (n=513), sendo 52,3% de pílula e 23,6% de laqueadura (n=373); 56,0% das esterilizações ocorreram entre 19 e 30 anos (n=75); 39,5% nunca realizaram preventivo de câncer uterino (n=565). Quanto à influência da exposição ambiental sobre o desfecho estudado, sugerimos a realização de outros estudos com o uso de biomarcadores, para identificar uma possível influência do ambiente sobre a saúde reprodutiva nessa população ou para afastar definitivamente essa suspeita. Os resultados desse estudo poderão subsidiar novas políticas de saúde, relacionadas com a saúde da mulher neste
município. Contribuirão também para uma nova prática assistencial dos profissionais de
enfermagem/saúde, onde a questão ambiental seja levada em consideração e priorizada a
educação em saúde, sobretudo com relação às questões que se referem aos resultados
encontrados.
With the intention of contributing for the knowledge of risks of environmental exposure and the influence of other factors on health, this cross-section study hás been done, with women in fertile age (15-49 years)living in communities close to the industrial district in the city of Rio
Grande/RS, being identified the prevalence of spontaneous abortion and the factors related to this result. The sample involved 565 women, all living in the areas considered as exposed(E) and non exposed (NE), according to the distance of the industrial district and the analysis of the map of winds in the city. 285 women of the E area were interviewed as well as 280 from
the NE area. For the evaluation of risk factors, a questionnaire was applied, which involved the socioeconomic conditions, environmental factors and housing conditions, the previous reproductive history and sicknesses. In order to analyse the data collected the qui-squared test
and thenon-conditioned logistic regression were used. Among the interviewed women who
have already given birth (n=412) 17,7% referred occurrence of spontaneous abortion. In the bivaried analysis it was noticed that the result studied showed significative association with the age of the first menstruation, presenting itself as a protection factor (OR=0,26 (IC=0,11-
0,55); p=0,0008) the age of the first menstruation between 11 and 13 years of age. The number of children also presented association with the occurrence of spontaneous abortion, presnting an increase of risk for three or more children (OR=4,00 (IC=1,86-8,58); p=0,001). The history of sexually transmissible disease (STD) also presented a tendency to signification
(OR=2,01 (IC=0,97-4,15); p=0,06). After adjusting with the variables of the hierarchized theoretical model, the presence of three or more children (OR=2,94 (IC=1,28-6,77); p=0,009) and the history of STD (OR=2,55 (IC=1,13-5,77); p=0,02) remained significantly associated to the result studied. In this analysis, the fact that the woman does not have canalized water at home showed a tendency of association with the occurrence of spontaneous abortion (OR=4,01 (IC=0,85-18,87); p=0,08). It was not observed a significative association between the place of residence close to the industrial district and the result investigated. Besides this analysis, this study hás also shown important data about the the reproductive health of these
women: 51,2% (E) and 40,6% (NE) of the women had their first pregnancy between 12 and 19 years of age (n=412); 30,5% had three or more children (n=393); 13,6% (E) and 8,3%
(NE) of the women who did not menstruate was due to the precocious menopause (n=80);
72,7% used some kind of contraceptive method (n=513), being 52,3% the pill and 23,6% the
ligature (n=373); 56,0% of the sterilizations took place when they were between 19 and 30 years of age (n=75); 39,5% have never done any preventive exam of uterine cancer(n=565). In terms of the influence of the environmental exposure on the result studied, we suggest that other studeis are done with the usage of biomarkers, in order to identify a possible influence of the environment on the reproductive health of this population or to definitely put away this suspicion. The results of this study may give a subsidy to new policies on health, related to the
health of the women in this city. This will also contribute for a new assistance practice of the professionals of nursing / health, where the environmental matter will be taken into consideration and made a priority for the education in health, specially in which it relates to questions referring to the results found.
Con la intención de contribuir al conocimiento de los riesgos de la exposición ambiental y la influencia de otros factores sobre la salud, se realizó este estudio transversal, con mujeres en edad fértil (15-49 años) residentes en las comunidades cercanas al parque industrial de la ciudad de Rio Grande/RS, siendo identificado la prevalencia de abortos espontáneos y los
factores relacionados a este desenlace. La muestra comprendió 565 mujeres, residentes en las áreas consideradas expuestas (E) y no expuesta (NE), de acuerdo con la distancia del parque industrial y el análisis del mapa de los vientos de la ciudad. Fueron entrevistadas 285 mujeres del área E y 280 del área NE. Para evaluación de los factores de riesgo, fue aplicado un cuestionario, lo cual contemplaba las condiciones socioeconómicas, factores ambientales y
condiciones de vivienda, la historia reproductiva previa y morbilidades. Para análisis de los datos fueron utilizados el test Qui-cuadrado y regresión logística no condicionada. De las mujeres entrevistadas que ya gestaron (n=412) 17,7% refirieron ocurrencia de aborto espontáneo. En el análisis bivariado se verificó que el desenlace estudiado mostró asociación
significativa con edad de la menarquia, presentándose como factor de protección (OR=0,26 (IC=0,11-0,55); p=0,0008) la edad de la menarquia entre 11 y 13 años. El número de hijos también mostró asociación con la ocurrencia de aborto espontáneo, presentando un aumento del riesgo para tres o más hijos (OR=4,00 (IC=1,86-8,58); p=0,001). La historia de enfermedad transmisible sexualmente (ETS) también presentó tendencia a la significación
(OR=2,01 (IC=0,97-4,15); p=0,06). Después de ajuste con las variables del modelo teórico
jerarquizado, la presencia de tres o más hijos (OR=2,94 (IC=1,28-6,77); p=0,009) y la historia de ETS (OR=2,55 (IC1,13-5,77); p=0,02 permanecieron significativamente asociados al desenlace estudiado. En este análisis, el factor de la mujer no poseer agua potable dentro de casa mostró una tendencia de asociación con la ocurrencia de aborto espontáneo (OR=4,01(IC=0,85-18,87); p=0,08). No fue observada asociación significativa entre el lugar de vivienda en las proximidades del parque industrial y el desenlace investigado. Además del análisis, este estudio también mostró datos importantes sobre la salud reproductiva de esas mujeres: 51,2% (E) y 40,6% (NE) de las mujeres tuvieron la primera gestación entre 12 y 19 años (n=412); 30,5% poseían tres o más hijos (n=393); 13,6% (E) y 8,3% (NE) de las mujeres que no menstruaban era debido a la menopausia precoz (n=80); 72,7% utilizaban algún método contraceptivo (n=513), siendo 52,3% de píldora y 23,6% de ligadura (n=373); 56,0% de las esterilizaciones ocurrieron entre 19 y 30 años (n=75);39,5% nunca realizaron preventivo de cáncer uterino (n=565). Con relación a la influencia de la exposición ambiental sobre el desenlace estudiado, sugerimos la realización de otros estudios con uso de biomarcadores, para identificar una posible influencia del ambiente sobre la salud reproductiva en esa población o para alejar definitivamente esa sospecha. Los resultados de ese estudio podrán subsidiar nuevas políticas de salud, relacionadas con la salud de la mujer en esta ciudad. Contribuirán también para una nueva práctica asistencial de los profesionales de enfermería/salud, en la que la cuestión ambiental sea considerada y priorizada la educación en salud, sobretodo con relación a las cuestiones que se refieren a los resultados encontrados.