O espetáculo do massacre: uma análise do discurso midiático sob a ótica da criminologia cautelar

Santos, Alana Ferreira dos

Abstract:

 
O contexto contemporâneo brasileiro está demarcado por um constante crescimento da cultura punitivista criminalizadora, que trata de reivindicar a utilização da pena como meio de resolução de conflitos sociais e redução da violência. Como principais formadores de opinião, os discursos promovidos pelos meios de comunicação em massa – a criminologia midiática – têm incitado a insegurança popular, estabelecendo verdadeiros pânicos morais através da formulação de uma realidade paranoide, e protagonizado debates acerca do enrijecimento da legislação penal como meio de promoção da segurança social, em uma espécie de causalidade mágica. Deste modo, atuam como reprodutores da violência simbólica contra o crime e o criminoso, que passa a ser identificado como inimigo social – um outro, alheio aos demais cidadãos, que pelo perigo que oferece deve ser afastado do convívio social, mitigando-se seus direitos e garantias fundamentais como um meio de defesa social do bem comum – o bode expiatório da mídia, que, como tal, deve ser sacrificado. Paralelamente, promove-se um discurso negacionista do dano social, ignorando-se os cadáveres reais produzidos diariamente pelos massacres em conta-gotas ocasionados pelo próprio sistema penal. Mediante tais processos, porém, acaba-se apenas por incentivar o anseio popular por vingança, comprometendo o próprio Estado Democrático de Direito: se retroalimenta a política criminal do inimigo. A compreensão destas relações engendradas pelos meios de comunicação em massa, seu poder de persuasão e suas formas de representação do crime, do criminoso e da sociedade, é fundamental para que se possa romper com discursos de ódio e insegurança e denunciar a falácia do enrijecimento penal que a criminologia cautelar pretende combater.
 
El contexto contemporáneo de Brasil está marcado por un crecimiento constante de la criminalización de la cultura punitiva que viene a reclamar el uso de la pena como un medio para resolución de conflictos sociales y reducción de la violencia. Como formadores de opinión, los discursos promovidos por los medios de comunicación – la criminología mediática – han promovido la inseguridad popular, estableciendo verdaderos pánicos morales a través de la formulación de una realidad paranoica, y protagonizada por los debates sobre el endurecimiento de la legislación penal como medio de promoción de la seguridad social, en un especie de causalidad mágica. Por lo tanto, actúan como reproductores de una violencia simbólica contra el crimen y el criminoso, que la media identifica como un enemigo social – el otro, ajeno a todos los ciudadanos y que el peligro que ofrece debe ser mantenido ajeno a la sociedad, mitigándose sus derechos y garantías como medio de defensa social del bien común – el chivo expiatorio de los medios de comunicación, que, como tal, debe ser sacrificado. Al mismo tiempo, promueve un discurso que deniega al daño social, haciéndose omiso a los cadáveres producidos diariamente por masacres en cuentagotas causados por el propio sistema penal. A través de estos procesos, sin embargo, tratase de incentivar al deseo popular por venganza, lo que compromete al Estado Democrático de Derecho: se retroalimenta la política criminal del enemigo. La comprensión de estas relaciones engendradas por los medios de comunicación, sus poderes de persuasión y sus formas de representación del delito, el delincuente y la sociedad, son fundamentales para que podamos romper con el discurso del odio y inseguridad y denunciar la falacia de endurecimiento de las penas que la criminología cautelar busca combatir.
 

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  • FADIR - Trabalhos de graduação do curso de Bacharel em Direito