Abstract:
Este trabalho analisa dois livros de poesia escritos por Maria Teresa Horta, autora portuguesa: Os anjos (1983) e Minha mãe, meu amor (1986). O foco principal é a relação estabelecida entre ambos, na qual o elo entre um e outro é a imagem do útero enquanto cosmos feminino, apreendido como ponto espaço-temporal de origem da imagem feminina abundante em toda a obra hortiana: um feminino alado. A recorrência da temática do voo feminino vem sendo observada através de vertentes sociológicas e estudos alicerçados nas diferentes teorias feministas, analisando as relações de poder existentes entre o feminino e o masculino. A partir disso, e acolhendo esses estudos, proponho uma pesquisa embasada nas teorias referentes ao Imaginário, principalmente nos estudos de Gaston Bachelard e sua fenomenologia cosmogônica, desenvolvendo um exercício de imaginação que explora o potencial criativo da linguagem poética, através do devaneio. A leitura enfatiza a relação do feminino consigo, forjando o nascimento e o desenvolvimento da imagem do feminino alado hortiano. A análise parte da origem, em meio intrauterino, deslocando-se ao voo, e constantemente retornando ao ponto original, num mergulho imaginário nas águas uterinas, através da memória. Ainda como suporte teórico, convergindo com Bachelard e sua concepção de imagem poética, fazem parte da pesquisa Edgar Morin, Gilbert Durand, Mircea Eliade e Octavio Paz.
This work analyzes two poetry books written by the portuguese author Maria Teresa Horta: Os anjos (1983) and Minha mãe, meu amor (1986). The primary focus is the relationship established between both works, in which the link between one and the other is the image of the uterus as a female cosmos, apprehended as the spatio-temporal point of origin of the feminine image abundant throughout the Hortian work: a feminine winged. The recurrence of the female flight theme has been observed through sociological strands and studies based on different feminist theories, analyzing the power relations existing between the feminine and the masculine. From this, and accepting these studies, I propose a research based on theories concerning the Imaginary, mainly in the studies of Gaston Bachelard and his cosmogonic phenomenology, developing an exercise of imagination that explores the creative potential of the poetic language, through the daydream. The reading emphasizes the relationship of the feminine with itself, forging the birth and the development of the image of the Hortian feminine winged. The analysis starts from the origin, in the intrauterine environment, moving to the flight, and constantly returning to the original point, in an imaginary diving into the uterine waters through memory. As a theoretical support, converging with Bachelard and his conception of poetic image, there are still Edgar Morin, Gilbert Durand, Mircea Eliade and Octavio Paz as part of this research.