Abstract:
O ano de 1835 marca, na história do Pará, um momento significativo de guerras e
lutas protagonizadas pelos cabanos que sonharam um Grão-Pará livre do jugo dos
portugueses, de início, e do Império do Brasil, em momento posterior. Em 1835,
acontece o que há de mais violento nesta luta que já vinha sendo gestada há vários
anos num movimento de revolta que ficou conhecido como Cabanagem. Este é um
período pouco explorado em nossa historiografia, contando com poucas discussões
e, mesmo, pouco conhecimento do que ocorreu no norte do Brasil naquele
momento. Márcio Souza, escritor amazonense, tem, ao longo de sua carreira
literária, dedicado especial atenção à criação de ficções históricas nas quais narra
episódios da história da Amazônia. Além das ficções históricas também tem
produzido ensaios, artigos e peças teatrais sobre a temática. Nas Crônicas do Grão-
Pará e Rio Negro, uma tetralogia que consta dos títulos Lealdade, Desordem,
Revolta e Derrota (ainda não publicado) aborda a Cabanagem num período que vai
de 1783 a 1840. A partir de diferentes narradores, a história do movimento cabano
vai sendo desenhada de uma maneira séria e plena de informações no primeiro
romance, com as lembranças e emoções se destacando no segundo e a urgência do
contar na guerra no terceiro, o que surpreende os leitores de Souza acostumados ao
riso e à ironia das ficções históricas anteriores e que se depara, nas crônicas, com
um novo contar. Tendo o objetivo de ler as obras das crônicas neste estudo, na
condição de ficções históricas e no conjunto das obras escritas por Souza,
percorremos um longo caminho teórico que vai desde o romance histórico clássico
até o novo romance histórico da América Latina, passando pela metaficção
historiográfica. Além disso, pensar a memória nestas narrativas mostrou-se um
caminho interessante ao longo do estudo à medida que os romances vivificam a
memória do evento. Da leitura dos romances das crônicas somada ao pensamento
sobre a memória e sobre a construção de ficções históricas e, ainda, pensando as
ficções históricas anteriores produzidas por Souza compreendemos que o escritor se
afastou, ao longo do tempo, da proposta que o tornou conhecido com Galvez,
Imperador do Acre, primeiro livro publicado, e foi experimentando diferentes formas
de narrar, caminhos outros que resultaram numa produção multifacetada e rica no
quadro das ficções históricas na literatura brasileira.
El año de 1835 marca, en la historia del Pará, un momento significativo de guerras y
luchas protagonizadas por los cabanos que soñaron un Grão-Pará libre del yugo de
los portugueses, de inicio, y del Imperio brasileño, en momento posterior. En 1835,
acontece lo que hay de más violento en esta lucha que ya venía siendo gestada
hace varios años en un movimiento de revuelta que quedó conocido como
Cabanagem. Éste es un momento poco estudiado en nuestra historiografía,
contando con escasas discusiones y poco conocimiento del que ocurrió en el norte
de Brasil. Márcio Souza, escritor amazonense, tiene, al largo de su carrera literaria,
dedicado especial atención a la creación de ficciones históricas, las cuales tienen
como foco los episodios de la historia de la Amazônia. El escritor también ha
producido ensayos, artículos y piezas teatrales sobre la temática. En las Crônicas do
Grão-Pará e Rio Negro, una tetralogía que consta de los títulos Lealdade,
Desordem, Revolta e Derrota (aún no publicado) aborda la Cabanagem en un
periodo que va de 1783 a 1840. A partir de distintos narradores, la historia del
movimiento cabano va siendo diseñada de una manera seria y plena de
informaciones en el primer romance, en el segundo se destacan los recuerdos y
emociones, ya en el tercero, la urgencia del contar en la guerra, lo que sorprende los
lectores de Souza, acostumbrados a la risa y a la ironía de las ficciones históricas
anteriores, si deparan, en las crónicas, con un nuevo contar. Teniendo por objetivo
leer las obras de las crónicas en este estudio, en la condición de ficciones históricas
y en el conjunto de las obras escritas por Souza, recorremos un largo camino teórico
que va desde el romance histórico clásico hasta el nuevo romance histórico de
Latinoamérica, pasando por la metaficción historiográfica. Además, pensar la
memoria en estas narrativas se mostró un camino interesante al largo del estudio a
medida que los romances vivifican la memoria del evento. Con la lectura de los
romances de las crónicas sumada al pensamiento sobre la memoria y sobre la
construcción de ficciones históricas y, aún, pensando en las ficciones históricas
anteriores producidas por Souza comprendemos que el escritor se alejó, al largo del
tiempo, de la propuesta que lo hizo conocido con Galvez, Imperador do Acre, primer
libro publicado, y fue experimentando diferentes formas de narrar, caminos otros que
resultaron en una producción multifacética y rica en el cuadro de las ficciones
históricas en la literatura brasileña.