Abstract:
Patrícia Galvão foi uma mulher de múltiplas faces. Atuando em diferentes áreas como
escritora, poeta, tradutora, desenhista, dramaturga, crítica e jornalista, ela se reinventou
diversas vezes ao longo de sua vida. Com essa multiplicidade de atuação, P. Galvão foi capaz
de ousar em sua produção literária, rompendo os limites do movimento vanguardista e
mantendo-se anônima ao assumir diferentes pseudônimos – tudo em prol de uma escrita livre.
No entanto, sua participação e mesmo sua diferença frente ao movimento antropofágico
brasileiro são pouco conhecidas. P. Galvão permanece velada pela simbologia que o “mito
Pagu” ganhou, ao longo dos tempos, enquanto militante política e ativista na luta proletária.
Com isso, este trabalho vislumbra desvelar Patrícia Galvão enquanto escritora legítima de
uma produção que sofre interferências surrealistas ao passo em que se constrói como estética
antropofágica, cuja devoração é a da própria vida. Neste estudo, dou destaque ao seu percurso
biográfico em uma pesquisa guiada, sobretudo, pelas teorias de L. Arfuch (2010) e N. Huston
(2010) e seus respectivos conceitos de espaço biográfico e fabulação. A proposta é entender a
produção das poesias “Natureza Morta” (1948), “Nothing” (1962) – ambas de uma
subjetividade reveladora das experiências de vida – e de sua carta, definida como
autobiográfica e reunida postumamente no livro Paixão Pagu: uma autobiografia precoce de
Patrícia Galvão (2005). Ao evidenciar o percurso de vida, marcado em sua escrita, objetivo
ofuscar o mito para, então, trazer à luz a autora - Patrícia Galvão.
Patrícia Galvão a été une femme de plusieurs visages. En agissant dans des différents
domaines comme écrivaine, poète, traductrice, dessinatrice, dramaturge, critique et
journaliste, elle s’est reinventée plusieurs fois tout au long de sa vie. Avec cette multiplicité
d’actuation, P. Galvão a été capable d’oser dans sa production littéraire en cassant les limites
du mouvement avant-gardiste et tout en restant anonyme avec l’utilisation de différents
pseudonyms –tout en faveur d’une écriture libre. Portant, sa participation et sa différence face
au mouvement anthropophagique brésilien sont peu connues. P. Galvão demeure voilée par la
symbologie que le “mythe Pagu’’ a gagné au cours des temps, em tant que militante politique
et activiste dans sa lutte prolétarienne. Ainsi, ce travail envisage dévoiler Patrícia Galvão en
tant qu’écrivaine légitime d’une production qui souffre des interférences surréalistes en même
temps qui est construite comme esthétique anthropophagique dont le dévorement est celui de
la propre vie. Dans cet étude, je souligne son parcours biographique dans une recherche
guidée, surtout, par les théories de L. Arfuch (2010) et N. Huston (2010) et ses concepts
respectifs d’espace biographique et fabulation. La proposition est celle de comprendre la
production des poésies “Natureza Morta”(1948), “Nothing”(1962) – tous les deux d’une
subjetivité révélatrice des expériences de vie – et de sa lettre, définie comme autobiografique
et réunie à titre posthume dans le livre “Paixão Pagu: uma autobiografia precoce de Patrícia
Galvão (2005). En mettant en évidence le parcours de vie, marqué dans son écriture,
j’envisage éblouir le mythe pour mettre en lumière la personne – Patrícia Galvão.