IO - Instituto de Oceanografia
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- ItemContaminação por plásticos em ambiente de marisma e sua interação com o processo de bioincrustação(2022) Pinheiro, Lara Mesquita; Pinho, Grasiela Lopes Leães; Agostini, Vanessa OchiA contaminação por resíduos sólidos é um problema global principalmente devido ao uso de itens plásticos, atualmente categorizados de acordo com seu tamanho em macroplásticos (MAP), mesoplásticos (MEP) e microplásticos (MIP). Seu exacerbado consumo e persistência ambiental vêm causando problemas nos mais diversos ecossistemas, incluindo estuários. Outra problemática associada aos resíduos sólidos é que estes vêm sendo utilizados como substratos para o processo de bioincrustação. Apesar de se saber bem como esse processo ocorrem em superfícies naturais, ainda pouco se sabe dessa relação com resíduos sólidos como os plásticos. A comunidade bioincrustante em plásticos vem sendo chamada de Plastisfera, sendo que estudos nessa temática são escassos em ambientes estuarinos como marismas. Assim, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a contaminação por plásticos em uma marisma e avaliar a sua interação com o processo de bioincrustação. Para tal, foi escolhida a Marisma do Molhe Oeste, no Estuário da Lagoa dos Patos (ELP), que apresenta zonação bem definida pela vegetação e taxa de alagamento. As hipóteses testadas foram: (i) a Marisma do Molhe Oeste está contaminada por resíduos sólidos, predominantemente plásticos, com variação negativa de distribuição em relação à taxa de alagamento, e (ii) a bioincrustação na marisma é afetada por diferentes características dos resíduos sólidos e pela zonação. Os níveis de contaminação por resíduos sólidos atingiram 5,35 ± 6,02 itens m-2 (maioria plásticos), 8,89 ± 8,75 MIPs L-1 em água, 279,63 ± 410,12 MEPs e MIPs kg-1 de sedimento seco superficial, e 366,92 ± 975,18 MEPs e MIPs kg-1 de sedimento seco ao longo da coluna sedimentar. Quantidades significativamente maiores de resíduos foram vistas nas zonas mais secas da marisma do que em relação às zonas mais alagadas para MAPs, MEPs e MIPs, o que confirma a primeira hipótese. Isso pode ser explicado por uma combinação de fatores como anta entrada de material (principalmente de origem doméstica, de pesca ou portuária), o papel de aprisionamento da vegetação nessa zona, e a hidrodinâmica do ELP. Foram encontrados 13 grupos de macro- organismos associados aos resíduos sólidos, além de micro-organismos (bactérias, fungos e microalgas) em MEPs e MIPs. Os organismos demonstraram ocorrência variadas nas zonas da marisma e características do substrato, o que pode estar associado aos diferentes níveis de resistência a variações de disponibilidade de água e luz e à comunidade previamente estabelecida, sendo então a segunda hipótese confirmada. Futuros estudos temporais de monitoramento dessa contaminação e de investigação mais profunda da comunidade epiplástica (i.e. Plastisfera) são necessários para entender suas consequências para os ecossistemas de marismas.
- ItemTransporte de Sedimento na Região Central da Plataforma Interna do Atlântico Sul(2021) Lisboa, Paulo Victor de Araújo Brito; Fernandes, Elisa Leão; Sottolichio, AldoA Plataforma Continental do Atlântico Sudoeste é uma das maiores plataformas continentais do Hemisfério Sul e uma das mais importantes na produção biológica, devido à grande contribuição continental exercida tanto pelo Rio da Prata quanto pela Lagoa dos Patos. Estudos na região mostram que esses rios são significativamente afetados pelo efeito do El Niño – Oscilação Sul (ENOS), que pode interferir expressivamente na disponibilidade de material em suspensão inserido na região costeira. Apesar do grande esforço de diversos autores para compreender esses processos, algumas questões permanecem sem resposta. Assim, este trabalho visa preencher essa lacuna, respondendo a questões relacionadas à contribuição do sedimento de origem continental e seu comportamento na Plataforma Interna do Atlântico Sudoeste. O comportamento do sedimento em suspensão foi investigado com o auxílio do modelo hidromorfodinâmico TELEMAC-3D, através de 3 simulações devidamente calibrada e validada: uma representando anos normais, ou seja, sem o efeito do ENSO (2005-2006), outro experimentando o efeito do ENSO (2008-2009) e uma terceira simulação de longo prazo (2005-2012) para analisar os processos de deposição e evolução do fundo. Os resultados foram baseados em análises estatísticas, como Ondaletas e Análise Empírica da Função Ortogonal (EOF), além de séries temporais. Os resultados mostram que a Plataforma Interna do Atlântico Sudoeste é influenciada principalmente pela descarga fluvial do Rio da Prata e da Lagoa dos Patos, e pelo vento local. Além disso, a análise dos resultados da taxa exportação de sedimento para a plataforma interna mostra que o Rio da Prata é o maior exportador de sedimentos em suspensão da região, com uma taxa aproximada de 1,2x108 ton/ano em anos neutros (normais) e 3,0x108 ton/ano em anos sob influência do ENOS (fase quente e fria). Já a Lagoa dos Patos exporta aproximadamente 1,25x107 ton/ano no período sem o efeito ENOS e 1,35x107 ton/ano no período influenciado pelo ENOS. Os resultados também mostram que a descarga fluvial e o vento interagem com o sedimento em escalas sazonais a interanuais e sinóticas, respectivamente. Sobre a evolução de fundo, os resultados mostram que a Plataforma Interna do Atlântico Sudoeste tem um comportamento deposicional, apesar da presença de alguma área erosivas. Além disso, ficou evidente a influência do ENSO no fluxo de deposição na plataforma, refletindo na taxa de sedimentação, que variou desde 50mm/ano até 120mm/ano.
- ItemVariação sazonal da capacidade tampão do pH no sul do estuário da Lagoa dos Patos(2023) Effio, Paco Luisyn Quintana; Machado, Eunice da Costa; Pereira, Rodrigo Kerr DuarteEstudos precedentes mostraram que os ecossistemas costeiros estão experimentando uma ampla variação de pH entre -0,023 a 0,023 unidades de pH por ano, sendo suscetíveis principalmente a condições de acidificação ou basificação. Essa variabilidade está predominantemente associada ao metabolismo dos ecossistemas e à influência dos ambientes oceânicos e fluviais, como ocorre no sistema subtropical do estuário da Lagoa dos Patos (PLE, sul do Brasil), cuja variabilidade biogeoquímica é governada principalmente por processos de dissolução e concentração de sais. Este estudo analisou e quantificou, pela primeira vez, as mudanças sazonais do tamponamento do pH nas zonas interna e externa do PLE através de diferentes abordagens: (i) a variabilidade temporal dos parâmetros do sistema carbonato, (ii) o fator de sensibilidade do parâmetro (taxa de mudança de um componente específico do sistema de carbonato pela alteração de outro), (iii) a capacidade tampão do pH para mudança fracionária de carbono inorgânico dissolvido (βDIC), (vi) a salinidade máxima da acidificação estuarina (MEA) e (vi) os parâmetros controladores ou drivers sazonais de pH (temperatura, salinidade, DIC e alcalinidade total – TA). Um monitoramento superficial da TA, pH e parâmetros físico-químicos foi realizado de maio de 2017 a novembro de 2022. βDIC e outras variáveis do sistema de carbonato foram estimadas usando o pacote Seacarb do software R e a ferramenta macro do Excel CO2Sys. Os resultados não mostraram disparidade sazonal no pH e βDIC na zona externa, ao contrário da zona interna que registou uma variabilidade significativa principalmente entre verão e inverno. Durante o inverno, houve uma dissolução predominante de CaCO3 devido ao aporte fluvial com baixo tamponamento. No entanto, a zona interna apresentou um maior βDIC em baixa salinidade associada a seu valor mais alto da salinidade de máxima acidificação estuarina (MEA), onde o efeito das adições de CO2 no pH diminui à medida que se afasta da salinidade da MEA. A dinâmica mensal do βDIC em ambas zonas esteve principalmente relacionada com a variabilidade da salinidade, com influência predominante de janeiro a julho, enquanto a influência da variabilidade da clorofila-a prevaleceu durante os meses de alta descarga de água. O influxo de água doce determinou a disparidade sazonal da influência de cada driver ambiental na variabilidade do pH. Um efeito uniforme de cada driver foi observado no outono, em contraste com o verão, quando a mudança de pH foi associada principalmente ao efeito negativo do aumento da DIC, regulado pelo aumento da TA. As condições de subsaturação da aragonita em salinidade média e alta suportam a premissa de uma capacidade tampão moderada-baixa no baixo estuário da lagoa Dos Patos.
- ItemVariabilidade diária de troca estuário-plataforma na desembocadura da Lagoa dos Patos(2023) Rosa, Paulo Raphael do Amaral Santa; Schettini, Carlos Augusto FrançaA maioria dos estudos sobre a hidrodinâmica do estuário da Lagoa dos Patos é baseia-se em ferramentas de modelagem numérica, havendo relativamente poucos estudos observacionais. Embora estudos observacionais apresentem uma desvantagem à limitação logística, eles permitem a observação dos fenômenos que geralmente não são possíveis de reproduzir por modelos em função da escala espacial e temporal reduzida, deste modo o trabalho teve como objetivo quantificar o transporte total de água e avaliar sua variabilidade diária a partir de observações diretas, realizado um experimento de campo para obtenção de dados hidrodinâmicos e propriedades da água no estuário da Lagoa dos Patos no período de 23 de fevereiro até 23 de março de 2021, foram realizados levantamentos de dados de descarga líquida, velocidade e direção dos ventos, através de uma seção transversal localizada a cerca de 6 km a montante da barra da Lagoa dos Patos. Foi calculado um balanço hidrológico utilizando dados de vazão fluvial dos principais afluentes da Lagoa (Sistema Guaíba, Camaquã e Canal de São Gonçalo) e trocas Lagoa-atmosfera por meio de precipitação e evaporação. Os resultados médios obtidos a partir de medições diretas (~1000 m3/s) concordam razoavelmente bem com os dados obtidos a partir do balanço hidrológico (~850 m3/s). Como contribuição científica, o trabalho contribui para o entendimento dos processos de troca estuário- plataforma em um sistema de geometria complexa, de micro-marés, cuja dinâmica é fortemente dominada pelo vento e pela descarga fluvial, realizado de forma observacional e direta.
- ItemImpactos ecológicos e avaliação da eficiência de medidas redutoras de captura incidental na pesca artesanal de camarão-rosa (Penaeus paulensis) no sul do Brasil(2024) Borges, Samanta da Silveira; Dumont, Luiz Felipe Cestari; Duarte, Dérien Lucie VernettiA captura de espécies não alvo (bycatch) gera grandes prejuízos aos ecossistemas e à sustentabilidade de pescarias. As destinadas à captura de camarões são, em geral, as mais impactantes, sendo responsáveis por 1/3 dos descartes mundiais. Uma medida que visa minimizar o bycatch e manter a pescaria eficiente é o desenvolvimento de dispositivos redutores de bycatch (Bycatch Reduction Devices - BRD). Nesse sentido, esse estudo teve como objetivos: avaliar as variações do bycatch na pesca de camarão-rosa no estuário da Lagoa dos Patos entre anos, regiões e após um extremo climático, testar nove BRDs (três diferentes cores para atrativo luminoso e dois modelos de fisheyes, malhas-quadradas e grades); e projetar a biomassa da corvina (Micropogonias furnieri), principal espécie com captura reduzida pelos testes. Para a avaliação do bycatch foram realizadas coletas de amostras em: a) três diferentes anos (2020, 2021 e 2022); b) em três regiões diferentes na mesma safra de camarão (2022) e c) amostragem antes e após a passagem de um ciclone. Foi observado diferenças significativas no bycatch entre anos e regiões quanto a estrutura da comunidade capturada e diferença na riqueza de espécies após o ciclone. Para avaliação da eficiência de cada BRD foi realizado um total de 60 lances comparando redes com BRDs e sem (controle). Houve redução significativa de bycatch com a utilização dos modelos 1 e 2 dos fisheyes e grades e modelo 2 da malha-quadrada. Porém somente a grade modelo 2 (G2; ângulo de instalação de 32°) reduziu o bycatch sem reduzir significativamente a espécie-alvo. E por fim foi realizada uma projeção de biomassa, baseada em dados de crescimento e mortalidade, simulando a biomassa do bycatch (corvina) que sobreviveria devido à utilização do dispositivo. Estimou-se que com a G2 foi reduzido ~77% de corvinas. Considerando uma safra inteira, essa sobrevivência resultaria no acréscimo de 683 a 1367 kg de corvinas na população em um ano, e de ~1315 a 2630 kg em dois anos. Dado que os estuários são sistemas dinâmicos e podem variar constantemente, é importante entender como essas variações refletem na pesca e consequentemente nas resoluções de seus impactos.
- ItemVariabilidade espaço-temporal dos impactos da pesca de arrasto sobre as assembleias do macrozoobentos e estrutura do substrato em áreas rasas do estuário da Lagoa dos Patos, RS, Brasil(2018) Ortega, Ileana Margarita Ortega; Dumont, Luiz Felipe Cestari; Colling, Leonir AndréA distribuição de sedimentos e macrofauna em ambientes estuarinos é modulada por variações nos parâmetros ambientais, como ventos e descargas fluviais, gerando mudanças nas condições hidrodinâmicas. A pesca de arrasto é uma das perturbações mais prejudiciais que afetam a fauna bentônica e seu habitat, sendo melhor entendido seu impacto quando avaliado junto com a variabilidade natural. Foram analisadas as variações espaço-temporais da granulometria (Capítulo 1) e da macrofauna (Capítulo 2) em duas áreas rasas com diferentes condições hidrodinâmicas do estuário da Lagoa dos Patos e a sua relação com parâmetros ambientais entre os anos 2015-2017. Analisou-se desde o enfoque ecossistêmico (EAF) o impacto da pesca de arrasto nas densidades, estrutura das assembleias e estratificação vertical do macrobentos (Capítulo 2), e na estrutura populacional do tanaidáceo Monokalliapseudes schubarti (Capítulo 4), por ser esta uma espécie dominante do estuário e um importante elo trófico desse ecossistema. Para isto, foram realizadas amostragens sazonais de sedimento e macrofauna nas duas áreas e aplicados arrastos experimentais de diferente intensidade em zonas marcadas dentro dessas áreas durante a época da safra do camarão nos três anos. As amostragens avaliaram o estrato superficial (0-5 cm) e um mais profundo (5-10 cm). Foi observada uma variação sazonal na composição granulométrica e no teor de matéria orgânica, com maiores percentuais de sedimentos finos (areia muito fina, silte e argila) e matéria orgânica nas zonas mais profundas, principalmente no inverno e primavera. Em zonas protegidas a direção e velocidade do vento foram os principais fatores geradores da variabilidade granulométrica, enquanto que nas zonas expostas as diferenças na batimetria tiveram um efeito mais significativo. A macrofauna respondeu espacialmente às variações na granulometria e temporalmente às variações na salinidade e temperatura. A composição das assembleias foi diferente entre as duas áreas amostradas, apresentando uma maior riqueza e densidade de espécies na área com maior hidrodinâmica por circulação local. O efeito do arrasto sobre o fundo foi maior nas áreas rasas com maiores porcentagens de sedimentos finos. Igualmente, nestas áreas foram detectados maiores sinais de impacto no macrobentos, principalmente observando-se diminuição de densidades totais no estrato mais superficial. Não houve perda da estratificação vertical das assembleias macrobentônicas após o arrasto, mantendo-se maiores densidades e riqueza de espécies no estrato superficial. Foram observadas alterações nas densidades em algumas espécies de importância para as teias tróficas estuarinas como Erodona mactroides, Heleobia australis, H. charruana, Heteromastus similis, Laeonereis acuta e Monokalliapseudes schubarti. As respostas destas espécies frente ao arrasto variaram temporalmente, e foram mais marcadas as variações de densidade após o arrasto nas zonas onde foi simulada uma alta intensidade de pesca de arrasto. Foram observados decréscimos nas densidades de machos e juvenis de M. schubarti no estrato superficial, e houve desaparecimento de fêmeas ovigeras em áreas com maiores percentuais de areias médias. Conclui-se, portanto, que o impacto do arrasto sobre espécies chave estuarinas pode comprometer o funcionamento do ecossistema, pois a macrofauna VIII bentônica serve como importante fonte de alimento para muitas espécies estuarinas, incluindo recursos pesqueiros.
- ItemAbundância de Farfantepenaeus paulensis (PÉREZ FARFANTE, 1967) e captura incidental de Callinectes sapidus RATHBUN, 1896 no estuário da Lagoa dos Patos, RS(2015) Ruas, Vinicius Mendes; D’Incao, FernandoO camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis e o siri-azul Callinectes sapidus são espécies que utilizam os estuários durante seus ciclos de vida, e nestes ambientes são encontrados nas fases de pós-larva e juvenil, no caso do camarão-rosa, e zoé, megalopa, juvenil e adulto no caso do siri-azul. O sucesso de entrada destes organismos nos estuários onde ocorrem, depende das entradas de água salgada. Nos estuários estas espécies tornam-se alvo da pesca artesanal. Com o objetivo de contribuir para o conhecimento ecológico destas espécies, esta tese está composta por três capítulos independentes que avaliaram a variação espaço-sazonal na abundância, a seleção de habitat e a captura incidental. Os estudos foram realizados no estuário da Lagoa dos Patos, sul do Brasil. O primeiro capítulo aborda a variação espaço-sazonal na abundância relativa de pós-larvas e juvenis do camarão-rosa. Comparou-se a abundância dos organismos entre as áreas protegida (enseadas rasas) e a desprotegida (margens rasas do corpo de água central), e foi analisada a influência da salinidade e da temperatura. As maiores abundâncias de pós-larvas foram encontradas na área desprotegida, enquanto que os juvenis foram mais abundantes na área protegida. A abundância dos organismos aumentou com a temperatura e a salinidade, sendo que esta última variável influenciou na chegada das pós-larvas na área protegida. A abundância do camarão-rosa apresentou uma variação sazonal bem definida. O segundo capítulo comparou as variações da abundância relativa e do tamanho, das pós-larvas e juvenis do camarão-rosa, e de juvenis do siri-azul, considerando a influência da salinidade e da presença de pradarias de fanerógamas submersas. As espécies apresentam uma variação ontogenética na preferência por habitat no estuário. A salinidade e a presença de pradarias de fanerógamas submersas exerceram influência sobre a abundância e o tamanho dos indivíduos encontrados. O terceiro capítulo avaliou a captura incidental do siri-azul na pesca artesanal do camarão-rosa. A maior CPUE ocorreu na área mais próxima da abertura do estuário ao oceano. As capturas indicaram um maior impacto sobre os machos e uma baixa seletividade da rede, o que pode causar prejuízos na reprodução da espécie.
- ItemAnálise de risco de invasão de peixes exóticos cultivados no entorno da Lagoa dos Patos (RS)(2013) Troca, Debora Fernanda Avila; Vieira, João PaesOs peixes são o grupo de animais aquáticos mais introduzidos em todo o mundo,principalmente devido à aquicultura. No Brasil, mais da metade da produção daaquicultura é baseada em espécies não nativas. Quando uma espécie é introduzida noecossistema, existe o risco dela escapar para o ambiente natural, resultando empossíveis efeitos prejudiciais a biota nativa ou até mesmo ao funcionamento doecossistema. Este trabalho foi realizado a fim de auxiliar as decisões dos gestorespúblicos sobre quais espécies seriam adequadas, sob o ponto de vista desustentabilidade ambiental, ao uso na aquicultura na região costeira do RS. Foramdesenvolvidos nesta tese cinco trabalhos visando criar uma metodologia de avaliação dorisco de invasão, fundamentada no potencial invasor das espécies cultivadas (Anexo I -POTENCIAL INVASOR DOS PEIXES NÃO NATIVOS CULTIVADOS NAREGIÃO COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL), nos modelos dedistribuição de espécies, que indicam as áreas ambientalmente favoráveis aoestabelecimento da espécie (Anexo II – DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL DOS PEIXESNÃO NATIVOS USADOS NA AQUICULTURA NO BRASIL (em inglês)), e nopotencial de cada espécie quanto a capacidade de introdução, estabelecimento eimpactos (Anexo III - ANÁLISE DE RISCO DE PEIXES INVASORES DA LAGOADOS PATOS (RS)). Essas informações foram agrupadas, juntamente com o fatordeterminante da pressão de introduções a que a área de cultivo está exposta (pressão depropágulos), utilizando-se a ferramenta computacional ArcGIS, através de uma análisemulticritério associada ao SIG – Sistemas de Informações Geográficas (Anexo IV -ANÁLISE MULTICRITÉRIO APLICADA AO ESTUDO DO RISCO DE INVASÃODE PEIXES NÃO NATIVOS UTILIZADOS NA AQUICULTURA). Foi realizado omonitoramento das capturas das espécies não nativas pelos pescadores artesanais daregião, e amostragens experimentais de juvenis através de coletas em regiões de zonarasa (Anexo V - SITUAÇÃO ATUAL DA INVASÃO DE PEIXES NÃO NATIVOSNA LAGOA DOS PATOS, RS, BRASIL). Este trabalho permite concluir que asprincipais espécies utilizadas na aquicultura da região (carpa comum, carpa capim,carpa prateada, carpa cabeçuda e a tilápia do Nilo) apesar de apresentarem elevadopotencial invasor, somente a carpa comum e a tilápia do Nilo apresentam um risco deinvasão iminente. Além disso, mesmo que estas espécies estejam presentes no ambientenatural sob a forma adulta, algumas com indícios reprodutivos (Anexo VI –EVIDENCIAS DE ATIVIDADE REPRODUTIVA DA INVASORA CARPACOMUM CYPRINUS CARPIO (TELEOSTEI: CYPRINIDAE) EM UM SISTEMACOSTEIRO NO SUDESTE DO BRASIL), aparentemente elas não estão estabelecidas,pois não são encontrados juvenis.
- ItemPenetração da radiação UV na coluna d 'água do estuário da Lagoa dos Patos e seus efeitos sobre células e larvas de peixes(2009) Gouveia, Glauce Ribeiro; Muelbert, José Henrique; Trindade, GilmaOs objetivos desta tese foram conhecer a incidência sazonal de UVA eUVB na coluna d’água do estuário da Lagoa dos Patos e seus efeitosbiológicos em diferentes níveis organizacionais: linhagem celular estabelecidae larvas de peixe. Como indicador biológico celular, foi utilizada a linhagem deeritroforoma GEM-81 e como indicador larval, larvas do peixe-rei Odonthestesargentinensis. No estudo, foram feitas saídas de campo para coleta de dadosambientais, coleta de larvas de peixe e técnicas de cultura celular associadas aferramentas fluorimétricas para detecção de possíveis danos causados pelasradiações ultravioleta (UV). Os resultados indicam que a radiação UV penetrana coluna d'água do estuário até 1 m de profundidade, associada a eventos deintrusão salina, comum nos meses de outono e verão, quando temos águasmais claras. A linhagem celular GEM-81 mostrou que doses ambientais deUVA inibem a proliferação celular e a atividade do sistema de defesaantioxidante (TOSC), mas, em contrapartida, aumentam a concentração deROS (espécies reativas de oxigênio) e o conteúdo de lipídios peroxidados(LPO). UVB causou citotoxicidade na maior dose utilizada e foi capaz de induzirdano de DNA nas células irradiadas com a menor dose. Além disso, as larvasdo peixe-rei O. argentinensis apresentaram diminuição da taxa de crescimento,quando exposta ao UVA, e no sistema de defesa antioxidante, quando expostaao UVB. O conjunto dos resultados permite sugerir que organismosplanctônicos que vivem em regiões superficiais da coluna d’água do estuário daLagoa dos Patos estão sujeitos aos efeitos da exposição continuada à radiaçãoUV. O conhecimento deste impacto é relevante para o entendimento de futuras mudanças na dinâmica de populações de organismos planctônicos e suasimplicações ecológicas e econômicas para a região sul do Brasil.
- ItemVariabilidade de curto, médio e longo prazo das associações de macroinvertebrados bentônicos em uma enseada estuarina da Lagoa dos Patos, RS - Brasil(2011) Colling, Leonir Andre; Bemvenuti, Carlos EmílioA identificação de escalas de variabilidade temporal em comunidades faunísticas é um pré-requisito para a compreensão de fatores e processos que caracterizam os ecossistemas. A compreensão dessas variações torna-se uma ferramenta indispensável na interpretação de como as entidades ecológicas podem integrar, durante períodos subsequentes, as contínuas influências dos parâmetros ambientais. O objetivo desse trabalho é avaliar a variabilidade temporal de curto (dias), médio (meses, sazões) e longo prazo (anos) das associações de macroinvertebrados bentônicos em uma enseada estuarina da Lagoa dos Patos (RS - Brasil) e a possível influência dos parâmetros ambientais da coluna de água e do substrato em cada escala de tempo. Para as avaliações de curto prazo (primeiro capítulo) foram coletadas 12 amostras da macrofauna bentônica em intervalos de quatro a sete dias durante um mês de cada estação entre o outono de 2007 e o verão de 2008, além de amostras sedimentares para análises granulométricas e de deposição, medidas de topografia e leituras diárias da direção e intensidade dos ventos, salinidade, temperatura e profundidade da coluna de água. O estudo de médio prazo (segundo capítulo) foi desenvolvido em duas etapas: (a) durante a primeira etapa foram coletadas 18 amostras biológicas mensais entre outubro de 2002 e setembro de 2004, 12 amostras mensais para determinação de granulometria e percentual de matéria orgânica do substrato, leituras quinzenais da topografia e experimentos de deposição de sedimentos finos, e avaliadas leituras diárias de vazão, salinidade, profundidade da coluna de água e temperatura; (b) durante a segunda etapa foram coletadas 12 amostras biológicas mensais durante o período de fevereiro 2007 a fevereiro 2008, 12 amostras para granulometria e matéria orgânica, e avaliadas leituras diárias de salinidade, temperatura e profundidade da coluna de água. Para a abordagem desse capítulo também foram desenvolvidos experimentos de sobrevivência, em laboratório, do tanaidáceo Kalliapseudes schubarti sob diferentes tratamentos de salinidade (0, 2, 6, 15 e 30). Para a avaliação da variabilidade temporal de longo prazo (terceiro capítulo) foram desenvolvidas amostragens biológicas semestrais, compostas por 12 amostras de Inverno e 12 de Verão, entre o período do Inverno 1996 ao Verão 2008. Para o mesmo período foram avaliados dados diários de temperatura, salinidade, profundidade da coluna de água e vazão; e a presença de macrófitas durante as amostragens. A avaliação de curto prazo mostrou a ocorrência de processos de dinâmica do substrato, quantificados através das variações topográficas e deposição de sedimentos e provavelmente influenciados pela hidrodinâmica da região rasa estudada causada pelos regimes de ventos. Nessa escala temporal a macrofauna total não apresentou modificações temporais significativas em composição e densidade como resposta à dinâmica sedimentar. Durante alguns períodos foram identificadas variações de densidades dos organismos epifaunais Heleobia australis, Kupellonura sp. e Sphaeromopsis mourei, assim como do bivalvo subsuperficial Erodona mactroides, sendo essas variações não claramente relacionadas às características do substrato. Os resultados mostram que as espécies aparentemente utilizam sua capacidade de resistência e resiliência durante e após perturbações, sendo também importante o tipo de relação com o substrato (espécies infaunais ou epifaunais). Na avaliação da variabilidade de médio prazo, durante o período de 2002-2004 foram identificadas diferenças nos parâmetros da coluna de água, do substrato, em composição e abundância do macrozoobentos entre ENSO - El Niño Southern Oscillation - e pós-El Niño, principalmente em relação aos recrutamentos tardios dos principais componentes da macrofauna. De forma destacada os recrutamentos do bivalve E. mactroides foram associados às menores vazões após a influência do fenômeno. Os resultados de longo prazo evidenciaram a influência do ENSO - El Niño (fenômenos 1997-98 e 2002-03) e a presença de fundos de macrófitas submersas (Ruppia maritima e Ulva sp.) como os principais fatores estruturadores na dinâmica temporal do macrozoobentos. O desenvolvimento de estratégias amostrais de dias (curto prazo), mensais (médio prazo) e semestrais (longo prazo) apresentou-se adequado para a avaliação dos parâmetros ambientais relevantes em cada escala assim como para a variabilidade temporal do macrozoobentos de enseadas rasas na região estuarina da Lagoa dos Patos.
