Abstract:
Na literatura grega antiga, Eros é representado como um princípio vital, uma força de reprodução. Seu poder se estende por todo o universo. Eros é também uma figura de contrastes: de um lado, inspira o desejo e a doçura; de outro, ataca suas vítimas, subjuga e põe quebrantos. O deus aparece mais tarde no mito "Eros e Psique", incluído na obra O asno de ouro, de Lúcio Apuleio. As núpcias com o amor invisível, a transgressão de Psique, a fuga de Eros e a busca pelo amor perdido são alguns dos mitemas centrais da narrativa. A presente tese busca investigar a reatualização dos mitos de Eros e de Eros e Psique na poesia de Gilka Machado (RJ, 1893-1980). O suporte teórico deste trabalho é construído a partir das contribuições de autores como Gilbert Durand, Gaston Bachelard, Mircea Eliade e Carl G. Jung. Com base no método mitocrítico, identificamos os mitemas dos mitos de Eros e de Eros e Psique em poemas de Estados de alma (1917), Mulher nua (1922) e Meu glorioso pecado (1928). Gilka incorpora em sua poesia a potência criadora do Éros mythóplokos, o "tecelão de mitos". Além disso, Eros restabelece a unidade essencial entre sujeito e Natureza. Psique também possui um papel importante na poesia de Gilka, ela representa a alma carente diante de um Eros obscuro, efêmero e volátil.
In ancient Greek literature, Eros is represented as a vital principle, a force of reproduction. His power extends through the whole universe. Eros is also a figure of contrasts: on the one hand, he inspires desire and sweetness, on the other, he strikes his victims, subjugates and causes pain. The god appears later in the myth "Eros and Psyche", included in the book The golden ass by Lucius Apuleius. The marriage to the invisible love, the Psyches penalty, the disappearance of Eros and the search for the lost love are some of the main mythemes of the narrative. The following work aims to explore the presence of the myths of Eros and Eros and Psyche in the poetry of Gilka Machado (RJ, 1893-1980). The theoretical support of this work is built on the contributions of authors such as Gilbert Durand, Gaston Bachelard, Mircea Eliade and Carl G. Jung. Based on the mythocritical method, we identify the mythemes of the myths of Eros and Eros and Psyche in poems of Estados de alma (1917), Mulher nua (1922) and Meu glorioso pecado (1928). Gilka incorporates in her poetry the creational function of the Eros mythoplokos, the "story-weaver". Besides, Eros re-establishes the essential unity between subject and Nature. Psyche also has an important role in Gilkas poetry, she represents the needy soul facing an Eros obscure, ephemeral and volatile.