Autoconstrução narrativa em E se eu fosse pura (2018), de Amara Moira

Martins, Gabriel Silveira

Abstract:

 
Em E se eu fosse pura (2018), a escritora brasileira contemporânea Amara Moira articula uma série de narrativas autodiegéticas acerca de suas vivências como travesti e como profissional do sexo. Ao mesmo tempo que lança um olhar retrospectivo para si, a autora também denuncia as violências múltiplas e a exclusão social a que muitas sujeitas que exercem a prostituição estão vulneráveis. Ciente da marginalização que atravessa os imaginários sobre as identidades trans e sobre a prostituição, Moira os retoma, subverte e reconstrói, entrelaçando-os com um novo espaço simbólico: o ofício da escrita. Tendo como objetivo caracterizar sua obra como uma possibilidade autoficcional, um espaço potencial de criação de subjetividades e um instrumento de reivindicação política, a presente dissertação parte de discussões sobre identidade e contemporaneidade (HALL, 2011; BAUMAN, 2001; SIBILIA, 2008) e de debates acerca da escrita autoficcional (LEJEUNE, 2014; ARFUCH, 2010; FAEDRICH, 2014, 2015). Finalmente, a análise das narrativas destaca as seguintes particularidades da obra de Moira: o caráter estético híbrido, os processos de adaptação entre as duas edições (2016 e 2018) e os deslocamentos entre a voz individual e as vozes coletivas.
 
On E se eu fosse pura (2018), Brazilian contemporary writer Amara Moira develops a series of autodiegetic narratives about her life experiences as both a travesti and a sex worker. As she delves into and reflects about her own self, the author also denounces the violence and the social exclusion to which many of the individuals that partake in the business of prostitution are vulnerable to. Aware of the marginalization that comes along with the prototypical images associated to both the identity of trans people and prostitution, Moira rethinks, subverts and reconstructs them, adding a new symbolic horizon, the writing craft, to an otherwise formulaic structure. In order to characterize Moiras memoir as an autofiction, a literary space open to the creation of subjectivities and a social instrument for political vindication, this thesis takes into account discussions on the topics of identity and contemporaneity (HALL, 2011; BAUMAN, 2001; SIBILIA, 2008) as well as on autofictional writing (LEJEUNE, 2014; ARFUCH, 2010; FAEDRICH, 2014, 2015). Ultimately, the analysis of these narratives points up the following particularities of Moiras work: its hybrid aesthetic; the adaption process as it relates to its both editions (2016 and 2018); and her individual voice and how it is prone to collectivity.
 

Show full item record

 

Files in this item

This item appears in the following Collection(s)

:

  • ILA- Mestrado em Letras – (Dissertações)