Abstract:
Os estudos do espaço constituem uma categoria interdisciplinar desde a sua origem.
Perpassam diversas áreas do conhecimento, buscando melhor compreender as
interações entre os indivíduos e o meio. Nos contos de Katherine Mansfield, as coisas
são animadas pela perspectiva das protagonistas: temos um espaço narrado e
embebido pelas impressões delas. Ao deslocar a focalização e inserir os elementos
constituintes da espiral vertigo, na qual suas protagonistas são conduzidas, seu estilo
vai além da literatura inglesa em que ela tem sido classificada. Interpretar sua obra
sob concepções impressionistas e comparativistas traz uma contribuição mais ampla
que aquela até então disponível. Mansfield é aclamada por narrar histórias de
mulheres menos privilegiadas, como a protagonista Ada Moss de “Cenas” (“Pictures”)
e por tecer acirradas críticas à alta sociedade, como faz a partir de Bertha Young em
‘Êxtase” (“Bliss”). Este trabalho busca aprofundar o entendimento das técnicas
narrativas utilizadas por Mansfield e da forma como a literatura mansfieldiana se utiliza
de meios pertinentes a outras formas de arte para, com a riqueza de efeitos
alcançados, fazer personagens e leitoras experimentarem a epifania, revelando
dilemas ainda tão comuns às mulheres do nosso tempo.
Spatiality studies have been an interdisciplinary category since the early days. They
cross different knowledge fields, seeking to better understand the relationship between
people and the environment. In the short stories of Katherine Mansfield, things are
animated by the perspective of the protagonists: we have a space narrated and imbued
with their impressions. By shifting the focus and inserting the constituent elements of
the vertigo spiral, into which her protagonists are led, her style goes beyond the English
literature in which she has been classified. Interpreting her work under impressionist
and comparativist conceptions brings a broader contribution than that previously
available. Mansfield is acclaimed for narrating the stories of underprivileged women,
like the protagonist Ada Moss of “Pictures” and for weaving fierce criticisms of high
society, as she does from Bertha Young in “Bliss”. This work seeks to deepen the
understanding of Mansfield’s narrative techniques and the way in which her literature
uses them through relevant means to other art forms so that, with the abundance of
effects achieved, allow characters and readers to experience the epiphany, revealing
dilemmas still so common to women of our time.