Abstract:
Este trabalho traz resultados de uma dissertação do Mestrado Profissional em Ensino de Física (MNPEF), Polo 21, da Universidade Federal do Rio Grande - FURG a qual teve como objetivo central, investigar como o Ensino de Física pode contribuir para uma educação antirracista, a partir da vivência de uma Unidade de Aprendizagem sobre as tecnologias desenvolvidas por africanos/as e afro-brasileiros/as escravizados no período escravista criminoso no Brasil. A fim de atingirmos tal objetivo, analisamos uma Unidade de Aprendizagem no contexto do Ensino de Física vivenciada por estudantes do primeiro ano do ensino médio de uma escola estadual de Porto Alegre (RS). Ao longo da vivência buscamos responder as duas questões: a) Como o Ensino de Física pode contribuir para uma educação antirracista e desenvolver metodologias que dialoguem com a legislação vigente, contribuindo para o exercício da cidadania e para a formação científico-tecnológica no seu contexto político-social?; (b) Como a utilização da Física relacionada aos equipamentos desenvolvidos pelos africanos(as) escravizados(as) no período escravista criminoso no Brasil, pode ser uma estratégia para abordar a história e cultura africana e afro-brasileira visando uma educação antirracista? A análise foi realizada de acordo com os fundamentos teóricos proposto por Paulo Freire para uma educação libertadora, a qual possa promover a autonomia dos indivíduos, articulados com as relações étnico-raciais no campo do currículo. Utilizamos a Análise Textual Discursiva (ATD), de Moraes e Galiazzi (2013) em que o corpus da análise constituiu-se pelas produções escritas e diálogos dos estudantes e do professor durante a vivência da Unidade de Aprendizagem. Como resultados da análise, identificamos duas categorias: "Currículo em movimento" e "Descolonizar o currículo de Física". A partir destas, evidenciamos que o Ensino de Física pode contribuir para uma educação antirracista ao se comprometer com as relações sociais éticas, como: ao promover o debate sobre cidadania, ao possibilitar aos(as) estudantes a vivência de metodologias que rompem com a estrutura padrão dos encontros/aulas, ao abordar a história e cultura africana e afro-brasileira no contexto do ensino e aprendizagem de Física participando da denúncia do silenciamento destas contribuições e ao não proceder unicamente em apresentar conceitos isolados, alheios aos(as) estudantes, mas sim, utilizando os conteúdos/conceitos como meios para a compreensão das relações étnico-raciais.
This work presents results of a dissertation - of the professional master's degree in Physics teaching (MNPEF), pole 21, of the Federal University of Rio Grande (FURG), that aims to investigate how Physics teaching can contribute to an antiracist education from the experience of a Learning Unit content about technologies developed by the African and Afro-brazilian enslaved population during the criminal slave period in Brazil. Pursuing this goal we analyze this Learning Unit in the context of Physics teaching through a vivence with students from the public high school system of Porto Alegre (RS). Along the research we looked for to answer two question: a) How can Physics teaching contribute to an antiracist education and developing methodologies that dialogue with current legislation contributing to the exercise of citizenship and to a scientific and technological formation within its political and social context?; b) How the use of the physics involved in the equipaments developed by the African and Afro-brazilian enslaved population can be an estrategy to approach the African and afro-brazilian history and culture for a antiracist education? The analysis was carried out following the theoretical framework from Paulo Freire that stand for a liberating educational process that might promote the authonomy of individuals and has articulated that theory with the discussion about the ethnic-racial relations it the curriculum field. The methodology used was the Discursive Textual Analysis (ATD) by Moraes and Galiazzi (2013) in which the corpus of the analysis consisted of the written productions and dialogues of the students and the teacher during the vivence of the Learning Unit. As results of the analysis we two categories: "Curriculum in motion" and "Decolonize the curriculum of physics". From these, we evidence that the teaching of physics can contribute to an antiracist education by committing itself to ethical social relations, as: promoting the debate about citizenship, making it possible for students to experience methodologies that break with the standard structure of classes, when approching African and Afro-brazilian history and culture in the context of teaching and learning Physics participating in the denunciation of the silencing of these contributions, and not only present isolated concepts, but rather to use the contents as means for the understanding of ethnic-racial relations.