Abstract:
This paper aims, from a comparative perspective, to discuss the postmodern manifestations,
highlighting the individualism and the solitude of the postmodern subject, in the book by
Bernardo Carvalho, Reprodução. Centered on the main character of the novel, the Chinese
student, this paper will adopt the notion of Stuart Hall's fragmented identity and the idea that in the postmodern era nothing was made to last, brought by Zygmunt Bauman, to demonstrate
that today nothing else is stable. The postmodern man is no longer the unified individual of the
past, but rather, without continuity, off-center. However, such a concept of subject brings with
it a constant solitude feeling, which assumes a pre-eminent role, since it is a product of the
absence of bonds, supported by new technologies. Phones, computers and social networks
seem to alienate the subjects of social interaction. Postmodern society is characterized by being
the society of communication, of globalization, of information, of plurality, of the dissemination
of knowledge, of contact. But it is, paradoxically, the society of solitude. It seems to us that in
bearing different facets, fragments of self, man chooses not to adopt a single identity and not
to foster closer connections. In this way, we believe that Bernardo Carvalho's work is an
instrument for perceiving postmodern solitude as something related to the impossibility of
perceiving and dealing with all the essential violence that scares and drags the subject and
society of today.
Este trabalho objetiva, dentro de uma perspectiva comparatista, discutir as manifestações pós-
modernas, dando destaque ao individualismo e a solidão do sujeito pós-moderno, no livro do
escritor carioca Bernardo Carvalho, Reprodução. Centrado no personagem principal do
romance, o estudante de chinês, o presente artigo adotará a noção de identidade fragmentada
de Stuart Hall e a ideia de liquidez de que na era pós-moderna nada foi feito parar durar, trazida
por Zygmunt Bauman, com o objetivo de demonstrar que hoje se vive em um espaço onde o
duradouro dissolve-se e nada mais é estável, tudo que é sólido desmancha no ar. Partiremos
assim, da noção de que o homem pós-moderno já não é o mais o indivíduo unificado de outrora,
mas sim, sem continuidade, descentrado. Entretanto, tal conceito de sujeito traz consigo um
sentimento de solidão constante, que assume um papel precípuo, visto que é um produto da
ausência de vínculos, sustentado pelas novas tecnologias. Vivemos em mundo onde celulares,
computadores e redes sociais parecem afastar os sujeitos do convívio social. A sociedade pós-
moderna é caracterizada por ser a sociedade da comunicação, da globalização, da informação,
da pluralidade, da disseminação do conhecimento, do contato. Porém é, paradoxalmente, a
sociedade da solidão. Pareces-nos que ao ostentar diferentes facetas, fragmentos do eu,
o homem opta por não adotar uma única identidade e por não fomentar ligações mais
estreitas. Desta forma, acreditamos que a obra de Bernardo Carvalho seja um instrumento para
que se perceba a solidão pós-moderna como algo ligado à impossibilidade de perceber e lidar
com toda a violência essencial que assusta e arrasta o sujeito e a sociedade de hoje.