Uso de polissacarídeos não-amiláceos por juvenis de tainha Mugil liza (Valenciennes, 1836)

Ramos, Leonardo Rocha Vidal

Abstract:

 
Com a crescente expansão da atividade aquícola mundial, torna-se necessário a redução da dependência sobre a farinha de peixe aliado ao estudo de alimentos alternativos sustentáveis e ambientalmente amigáveis. Porém, a presença de fatores antinutricionais e componentes fibrosos nesses produtos vegetais fazem com que sua utilização na alimentação de organismos aquáticos seja limitada, principalmente pela falta de conhecimento das ações destes alimentos sobre o organismo alvo. Os objetivos do presente estudo foram avaliar o efeito da goma guar (GG – experimento 1) e da pectina cítrica (PC - experimento 2), dois polissacarídeos não-amiláceos solúveis (PNAs), sobre o crescimento, composição proximal, morfologia do trato intestinal, comunidade microbiana e parâmetros hepáticos de juvenis de tainha Mugil liza. Ainda, avaliar a inclusão de enzimas exógenas (experimento 3) numa ração base de farelo de soja e verificar a performance, composição proximal muscular, histologia intestinal, comunidade microbiana do trato e deposição de Ca e P nos ossos. Para o primeiro e segundo experimento, foi formulada uma ração purificada basal sem níveis significativos de fibra e a ela foram suplementados três níveis de polissacarídeos não- amiláceos (4, 8 e 12%), goma guar (experimento 1) e pectina cítrica (experimento 2) ao longo de 60 dias. Os resultados do experimento 1 indicam que a goma guar atuou como um fator antinutricional com a inclusão de 8 e 12%, reduzindo o desempenho dos animais. A adição de GG alterou a composição corporal, o glicogênio e o colesterol hepático além da comunidade microbiana em diferentes secções do trato, contudo não foram observadas alterações na morfologia do trato. No experimento 2, a inclusão de diferentes níveis PC não alterou a performance, mas alterou a composição corporal e o glicogênio hepático. Não foi observado efeito modulador na comunidade microbiana e os peixes alimentados com PC apresentaram lesões intestinais semelhantes à enterite. No experimento 3, uma ração basal composta por farelo de soja como a principal fonte protéica (controle) foi suplementada com quatro níveis de coquetel enzimático exógeno (50, 100, 150 e 200 g t-1) e fornecida aos peixes durante 75 dias. Não foi observado melhoria no desempenho, alterações na composição do músculo e comunidade microbiana. Foi constatada maior retenção de Ca nos ossos dos peixes alimentados com a inclusão de enzima. Peixes alimentados com a ração controle apresentaram alterações morfológicas de grau leve à severa, com necrose e alterações das vilosidades intestinais, que a longo prazo, podem comprometer a performance. Animais alimentados com suplementação de enzima nas dietas não desenvolveram nenhuma patologia intestinal, indicando que as enzymas exógenas podem ter eliminado ou neutralizado os fatores antinutricionais presentes no farelo de soja. Como conclusão, recomenda-se o uso de GG como aglutinante em dietas para tainhas somente até o nível de 4%; o uso de PC em dietas como aglutinantes para essa espécie deve ser cauteloso quando realizado por períodos longos; e adição de enzimas exógenas apresentou potencial para mitigar as lesões intestinais induzidas pela inclusão do farelo de soja em dietas para Mugil liza.
 
With the increasing of world aquaculture activities, it is necessary to reduce the dependence upon the fishmeal coupled to the evaluation of sustainable plant resources and environmental friendly ingredients. However, the antinutritional factors and fibrous material in vegetable ingredients make their use as aquafeeds unsuitable, mainly for the lack of knowledge of the actions of that feedstuffs on the organisms. The purpose of this study were evaluates the effects of guar gum (GG – experiment 1) and citrus pectin (CP – experiment 2), both soluble non-starch polysaccharides (NSP), over the growth, body composition, gastrointestinal tract histology, microbial community and liver parameters of Mugil liza juvenile. Moreover, it was also evaluated the effects of an enzyme cocktail inclusion in a soybean meal-based diet and the assessment of the animal performance, muscle proximal composition, intestinal tract histology, tract microbial community and Ca and P bone deposition. In the first and second experiments, a purified diet was formulated without significantly levels of crude fiber, and at it was supplemented three levels of non-starch polysaccharides (4, 8 and 12%), guar gum (experiment 1) and citrus pectin (experiment 2), during 60 days. The experiment 1 results indicates that guar gumacts like an antinutritional factor in the 8 and 12% inclusions, lowering the performance of the animals. The GG inclusion has altered the body composition, liver glycogen and cholesterol and microbial community in the different tract sections, however, it was not observed alterations in digestive tract morphology. In the experiment 2, the pectin inclusion did not alter the fish performance, but has changed the body composition and liver glycogen. It was not observed a modulatory effect in the microbial community from the tract sections, but fishes fed on CP supplemented diets have shown intestinal lesions enteritis-like. In the experiment 3, a soybean meal-based diet (control) was supplemented with four levels of an enzyme cocktail (50, 100, 150 and 200 g t-1) and fed the fishes for 75 days. No performance improvements were observed in the animals, muscle proximate composition and in the gastrointestinal microbial community. Was detected higher calcium retention in the bones of the fishes fed with enzyme-supplemented diets. Fishes feed in the control diet exhibited from light to serious morphological alterations, with necrosis and alterations in the villus morphology, which for longer periods could impair the animal performance. Animals fed on enzyme- supplemented rations dit not display any intestinal pathology, indicating that exogenous enzyme could eliminate or neutralize the antinutritional factor that induce those disease observed in the animals fed on soybean meal. As conclusion, is recommended the GG as binder in diets for mullet only at 4% inclusion level; the uses of PC as binder in this specie feed should be cautious when performed for longer periods; the enzyme supplemented diets shown potential for mitigates intestinal lesions soybean meal- induced in diets for Mugil liza.
 

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Tese

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  • IO- Doutorado em Aquicultura (Teses)