Abstract:
Inclusão é um tema recorrente na sociedade civil, e como parte integrante
desta, das organizações empresariais. Em sentido restrito, a inclusão de
surdos na força de trabalho tem uma característica peculiar: o desafio da
comunicação, presente em toda a vida do surdo e agora revivida no contexto
dessa organização. A luta do surdo por reconhecimento e pela sua valorização
identitária através de seus artefatos culturais, do qual a língua de sinais é
marca principal, adentra então aos muros da empresa, onde a questão
comunicativa representa a necessidade de adaptação. A teoria da
Administração devota à comunicação um papel de destaque para a
consecução de seus fins, mediada pela racionalidade objetiva do cosmos
corporativo. Essa problemática, então, leva a examinar como são conduzidas
essas questões, para que se crie um ambiente intersubjetivo, onde essa luta
por reconhecimento é exitosa, e representa de fato um cenário pleno de
inclusão do sujeito surdo. Considerando as abordagens filosófica e
metodológica de que trata a fenomenologia social, sobretudo em Albert Schutz,
o estudo buscou a compreensão deste fenômeno em suas essências, por meio
de entrevistas com surdos e ouvintes que partilham o ambiente de trabalho
numa organização industrial. O fenômeno foi analisado segundo o fio condutor
da comunicação, problemática central, conectado com outros temas, sobretudo
racionalidade, inclusão e reconhecimento do surdo como diferença, e não
deficiência. O método fenomenológico se apresenta como uma abordagem
compreensiva, explicativa e intuitiva, onde o mundo vivido do participante
(mundo-da-vida ou lebenswelt) é protagonista, e exige do pesquisador os
movimentos de imersão nesse mundo e emersão, buscando referências que
completem seu entendimento. Após a análise do material colhido, foi possível a
revelação do fenômeno, cujas essências centrais foram: a apresentação ao
surdo ao contexto de racionalidade objetiva da organização; a mudança de
percepção do ouvinte em relação ao surdo; a zona de conforto do ouvinte,
induzida pela racionalidade; a necessidade de aceitação do surdo na
organização social; o intercâmbio cultural como forma de comunicação voltada
à intersubjetividade; e o trabalho como bandeira de igualdade para o surdo. O
estudo se apresenta como uma proposta de aprofundamento da temática dos
surdos no campo da Administração, onde ainda é pouco explorada, e seu
caráter aberto pode empreender futuros estudos em diversas correntes, como
Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, Teorias Organizacionais; Análise
Organizacional e Psicologia Organizacional.
Recurring theme around civil society, inclusion is also situated in business
organizations. In a specific case, politics of deaf peolpe's inclusion in the labour
market has a peculiar characteristic: the communication hedge, always present
in the deaf’s life, and at this moment, in the specific context of organization. The
deaf's struggle towards acknowledgment and identity regard through their
cultural artifacts, which sign language is the main element, is introduced on the
company context, where the communicative issues represents adaption needs.
The management theories gives to communication a prominent role for the
attainment of its goals, mediated by the objective rationality of the corporate
cosmos. This question leads to search how these questions are handled, in
order to create a intersubjective environment, where this deaf struggle could be
successful, and might represents actually a inclusion scenario. Considering the
philosophical and methodological approaches that social phenomenology deals
with, particulary due to Albert Schutz, the study sought to understand this
phenomenon in its essences, through interviews with deaf people and listeners
who share the work environment in an industrial organization. The phenomenon
was analyzed according to the thread of communication, central problematic,
connected with other themes, above all rationality, inclusion and deaf’a
acknowledgment as a difference, not a disability. The phenomenological
method means a comprehensive, explanatory and intuitive approach. There, the
liveworld (lebenswelt) of each participant protagonizes the scene, and demands
for the researcher movements of immersion and emersion in it, looking for
complementar references towards a complete understanding. After analyzing
the collected material, it was possible to reveal the phenomenon, whose core
essences were: deaf presented to the organization objective rationality context;
changed perceptions by the hearing people, relationed to the deaf; the hearing’s
“comfort zone”, reinforced due to the rationality; the acceptance need of the
deaf in social organization; cultural exchanges as a form of communication
focused on intersubjectivity; and work as a “flag of equality” in the deaf’s hand.
This study could be considered as a call for more studies on the
Administration’s field, due the lack of exploration in this area; besides, it can
engages possible studies in several currents, such as People Management and
Labour Relationships, Organizational Theories; Organizational Analysis and
Organizational Psychology.