Abstract:
Partimos da noção de humilhação como ação racionalmente orientada por práticas de assujeitamento e degradação moral e física, resultantes em feminicídios, a fim de indagar sobre mudanças e persistências nas visões e discursividades sobre o ato. Apoiamo-nos em cobertura da imprensa e em narrativas nos julgamentos no Tribunal do Júripara analisar entre cruzamentos entre gênero, raça e classe. Nosso percurso alude a casos históricos de feminicídio no Brasil e ao Memorial de Feminicídios de Londrina (Néias – Observatório de Feminicídios, 2015 - 2022), com registros de tentativas e concretização de feminicídios. A despeito da suposta aleatoriedade, tais casos conectam entre si, pois expressam relações assimétricas de poder simbólico, legitimadoras de violações, degradações e extermínios dos corpos femininos. Sustentamos, ainda, que, a despeito dos avanços legais recentes, nos julgamentos persistem práticas e percepções culturais e institucionais de depreciação das mulheres.
We start from the notion of humiliation as an action rationally guided by practices of subjection and moral and physical degradation, resulting in feminicides, in order to inquire about changes and persistence in views and discourses about the act. We relied on press coverage and narratives from the Jury Court trials to analyze cross-references between gender, race, and class. Our route alludes to historical cases of feminicide in Brazil and to the Memorial de Feminicides of Londrina (Néias – Observatório de Feminicides, 2015 - 2022), with records of attempts and the realization of feminicides. Despite the supposed randomness, such cases connect with each other, as they express asymmetric relations of symbolic power, legitimizing violations, degradations and exterminations of female bodies. We also maintain that, despite recent legal advances, cultural and institutional practices and perceptions of women's depreciation persist in judgments.
Partimos de la noción de humillación como acción racionalmente guiada por prácticas de sometimiento y degradación moral y física, que derivan en feminicidios, para indagar sobre cambios y persistencias en visiones y discursos sobre el acto. Nos basamos en la cobertura de prensa y las narrativas de los juicios del Tribunal del Jurado para analizar las referencias cruzadas entre género, raza y clase. Nuestro recorrido alude a casos históricos de feminicidio en Brasil y al Memorial de Feminicidios de Londrina (Néias – Observatório de Feminicidios, 2015 - 2022), con registros de tentativas y realización de feminicidios. A pesar de la supuesta aleatoriedad, tales casos se conectan entre sí, pues expresan relaciones asimétricas de poder simbólico, legitimando violaciones, degradaciones y exterminios de los cuerpos femeninos. También sostenemos que, a pesar de los avances legales recientes, las prácticas culturales e institucionales y las percepciones de menosprecio de las mujeres persisten en las sentencias.
Description:
Artigo da Revista Brasileira de História & Ciências Sociais - RBHCS, v. 14, n. 29, p. 120–152, jul./dez., 2022, publicado no município de Rio Grande, RS, pela Universidade Federal do Rio Grande - FURG