Versões impressas no papel e na memória: Abrigo de Menores, novembro de 1956

Abstract

A partir de uma denúncia do jornal “A Verdade”, de Florianópolis, em novembro de 1956, sobre o Abrigo de Menores do Estado de Santa Catarina, encontrada no arquivo dos Irmãos Maristas, administradores do Abrigo na época, desenvolvemos uma narrativa que apresenta o transcurso do processo de pesquisa envolvendo o tema da denúncia, e como diferentes versões a respeito do episódio foram sendo constituídas em processo de disputa, às vezes silencioso, sobre qual teria maior legitimidade enquanto expressão de uma memória que falasse pelos Abrigados a respeito do ocorrido. Nessa disputa analisamos os Jornais da cidade, os Maristas, e como se desenvolveu um diálogo cruzado permitindo-se perceber como a imprensa e os sujeitos sociais “interagem” no processo social dinâmico. E, através de entrevistas com ex-Abrigados contemporâneos ao evento, e que participaram do mesmo, pois “fugiram” do Abrigo e foram até a redação do Jornal cobrar retratação, identificamos que, na trama histórica, a as crianças, se fazem sujeitos ativos dos processos sociais.

Based on a report by the newspaper “A Verdade”, from Florianópolis, in November 1956, about the shelter for minors in the state of Santa Catarina, found in the archives of the Marist Brothers, administrators of the shelter at the time, we developed a narrative that presents the course of the research process involving the subject of the complaint, and how different versions of the episode were being constituted in a process of dispute, sometimes silent, about which would have greater legitimacy as an expression of a memory that spoke for the sheltered people about what happened . In this dispute, we analyzed the city's newspapers, the Maristas, and how a crossed dialogue was developed, allowing us to perceive how the press and social subjects “interact” in the dynamic social process. And, through interviews with ex-Abrigados contemporary to the event, and who participated in it, as they “fled” from the Shelter and went to the Newsroom to demand a retraction, we identified that, in the historical plot, children become active subjects of social processes.

Desde una denuncia del periódico A Verdade, de Florianopolis, Brasil,en noviembre de 1956, hablando del Abrigo Menores do Estado de Santa Catarina, encontrado en el archivo de los HermanosMaristas administradores del Abrigo, desarrollamos una narrativaque presenta el proceso de investigación de la temática de la denunciay cómo diferentes versionesdel ocurrido fueron construidosen el proceso de disputa con respecto a cual de las memoriaspresentadas de los hechoshablaban con mayor legitimidad de la perspectiva de los niños Abrigados. En esa disputa hicimos el análisis de periódicos de la ciudad, de los maristas y de cómo se desarrolla un diálogo entre ellos, quedando claro como la prensa e los sujetos sociales tienen relaciones de modo dinámico en la construcción de la realidad. Además, por medio de testimonio de antiguos Abrigados, que vivieron los hechos, pues “evadieron” del Abrigo y fueron hasta la redacción del periódico A Verdade, exigir retratación, percibimosuna trama histórica, quedando claro la acción de los niños como sujetos activos del proceso social.