Migrações venezuelanas, crise da reprodução social capitalista e necropolíticas de fronteira

Abstract

Nesse artigo, discutimos alguns aspectos das atuais migrações venezuelanas, chamadas também de diáspora venezuelana, relacionando-as à crise da reprodução social capitalistas e às necropolíticas engendradas por essa última. Para tanto, relacionamos tais migrações com o estouro da bolha que caracterizou o fim do boom das commodities e a crise mundial de 2008, que resultaram em uma brutal deterioração das condições de vida da população e ampliação da gestão armada da vida social na Venezuela; avançamos uma discussão crítica sobre os limites da distinção entre migrações forçadas e voluntárias; e observamos dimensões conflituosas do acolhimento recebido pelos venezuelanos no Brasil, levando em conta a gestão de populações e as políticas de fronteira. Para além do debate bibliográfico, da análise de documentos e matérias jornalísticas, sustentam ainda nossas reflexões, trabalhos de campo realizados pelas autoras a Roraima em 2019 e em 2020.

In this article, we discuss some aspects of current Venezuelan migrations, also called the Venezuelan diaspora, relating them to the crisis of capitalist social reproduction and the necropolitics engendered by the latter. To do so, we relate such migrations to the bursting of the bubble that characterized the end of the commodities boom and the world crisis of 2008, which resulted in a brutal deterioration of the living conditions of the population and expansion of the armed management of social life in Venezuela; we advance a critical discussion about the limits of the distinction between forced and voluntary migrations; and we observed conflicting dimensions of the reception received by Venezuelans in Brazil, taking into account the management of populations and border policies. In addition to the bibliographic debate, the analysis of documents and journalistic articles, our reflections are also supported by fieldwork carried out by the authors in Roraima in 2019 and 2020.

En este artículo discutimos algunos aspectos de las migraciones venezolanas actuales, también denominadas diáspora venezolana, relacionándolas con la crisis de la reproducción social capitalista y la necropolítica engendrada por esta última. Para ello, relacionamos dichas migraciones con el estallido de la burbuja que caracterizó el fin del boom de las commodities y la crisis mundial de 2008, que resultó en un brutal deterioro de las condiciones de vida de la población y la expansión de la gestión armada de los derechos sociales. la vida en Venezuela; avanzamos en una discusión crítica sobre los límites de la distinción entre migraciones forzadas y voluntarias; y observamos dimensiones contrapuestas de la recepción que reciben los venezolanos en Brasil, teniendo en cuenta el manejo de las poblaciones y las políticas fronterizas. Además del debate bibliográfico, el análisis de documentos y artículos periodísticos, nuestras reflexiones también se sustentan en trabajos de campo realizados por los autores en Roraima en 2019 y 2020.