Crônicas do 2º concurso literário Carmen da Silva Com a Palavra, Carmen da Silva

Baz, Daniel; Noal, Joselma Maria; Collares, Tiago Goulart

Abstract:

 
Ao completar seis anos de trabalho na revista Claudia, à frente da coluna “A arte de ser mulher”, Carmen da Silva, analisando seu percurso profissional até aquele momento, indagava-se da importância de seus artigos para a vida das pessoas. Sua coluna era mantida por textos em constante diálogo com as leitoras (algumas vezes, com os leitores também) e, por isso, se configurava em um grande projeto coletivo onde outras vozes ressoavam na máquina de escrever de Carmen ao compor os artigos para a revista. Sua escrita nunca foi solitária. Esta angústia e a constatação presente no trecho aqui citado fariam eco mais de 50 anos depois em sua cidade natal, Rio Grande, na segunda edição do concurso literário “Carmen da Silva”. Neste momento, escritoras e escritores de todo o país foram estimulados a evocá-la na produção de crônicas em seu tributo. Quando propomos a ideia do concurso, não podíamos prever de que maneira a escritora gaúcha manteria/construiria os laços com seu público. Ao finalizar a edição do livro, com as crônicas selecionadas, percebemos que a voz de Carmen nunca foi tão necessária, o que é perceptível nos diálogos que constroem esta antologia. Em algumas crônicas, podemos perceber uma forte conexão com temas debatidos na coluna jornalística da autora, com especial atenção para aqueles problemas enfrentados pelas mulheres em nossa sociedade até hoje. Em casos mais abrangentes, temos “Gramática de ca(u)sa”, abordando o questionamento do que seria a essência feminina, e “Buracos”, que fala da dificuldade de ser mulher na sociedade atual. Por sua vez, a violência contra a mulher, seja física/psicológica, é tema da crônica “Andorinhas”, que rememora a história de várias mulheres e o despertar de uma força de luta. A autora riograndina não só é revisitada em seus escritos, mas também em sua imagem histórica. Na mesma linha de pensamento, “Mais Carmens contra o preconceito” salienta a importância de mais mulheres erguerem suas vozes contra o sistema patriarcal, que possui diferentes estilos, aproximam-se ao destacar a influência de Carmen nas mudanças sociais ocorridas no âmbito da vida das mulheres e na manutenção de direitos adquiridos, pois, elas reforçam, a luta é contínua. É diverso, plural. Porém, é inegável o seu propósito de recuperar, instigar e fazer ouvir não só as suas próprias vozes, mas também a de Carmen da Silva. Quando a palavra está com ela, como alude o título do concurso, ela está com todos nós que lutamos e exigimos um mundo mais justo, equânime e melhor para todas as mulheres. A comunidade engajada e pensante a quem Carmen clama em alguns de seus textos escritos para a revista Claudia parece ter ouvido seu chamado e reverberado em grande estilo ao compor esta antologia. No entanto, é preciso avisar: ao adentrar neste universo feito de tinta, papel e ideias, corre-se o risco de manter acesa a chama dos pensamentos incendiários de Carmen da Silva. Estaremos indissoluvelmente ligados uns ao destino dos outros. Tudo o que posso garantir é que vale a pena queimar.
 
Upon completing six years of work at Claudia magazine, heading the column “The art of being a woman”, Carmen da Silva, analyzing her professional career up to that point, wondered about the importance of her articles for people's lives. Her column was maintained by texts in constant dialogue with readers (sometimes, with readers too) and, therefore, it was configured as a great collective project where other voices resonated on Carmen's typewriter when composing articles for the magazine . Her writing has never been lonely. This anguish and the observation present in the excerpt cited here would resonate more than 50 years later in her hometown, Rio Grande, in the second edition of the “Carmen da Silva” literary competition. At this time, writers from all over the country were encouraged to evoke her in the production of chronicles in tribute to her. When we proposed the idea for the competition, we could not predict how the writer from Rio Grande do Sul would maintain/build ties with her audience. Upon finishing the edition of the book, with the selected chronicles, we realized that Carmen's voice has never been more necessary, which is noticeable in the dialogues that make up this anthology. In some chronicles, we can see a strong connection with themes discussed in the author's journalistic column, with special attention to those problems faced by women in our society to this day. In more comprehensive cases, we have “Grammatica de ca(u)sa”, addressing the question of what the feminine essence would be, and “Buracos”, which talks about the difficulty of being a woman in today's society. In turn, violence against women, whether physical/psychological, is the theme of the chronicle “Swallows”, which recalls the stories of several women and the awakening of a fighting force. The Rio Grande do Sul author is not only revisited in her writings, but also in her historical image. In the same line of thought, “More Carmens against prejudice” highlights the importance of more women raising their voices against the patriarchal system, which has different styles, coming closer to highlighting Carmen's influence on the social changes that occurred in the lives of women. women and the maintenance of acquired rights, as, they reinforce, the struggle is continuous. It's diverse and plural. However, her purpose of recovering, instigating and making heard not only her own voices, but also that of Carmen da Silva, is undeniable. When the word is with her, as the title of the contest alludes, she is with all of us who fight and demand a fairer, more equitable and better world for all women. The engaged and thinking community that Carmen calls out to in some of her texts written for Claudia magazine seems to have heard her call and reverberated in great style when composing this anthology. However, it is necessary to warn: when entering this universe made of ink, paper and ideas, there is a risk of keeping the flame of Carmen da Silva’s incendiary thoughts burning. We will be inextricably linked to each other's destiny. All I can guarantee is that it's worth the burn.
 
Al cumplir seis años de trabajo en la revista Claudia, al frente de la columna “El arte de ser mujer”, Carmen da Silva, analizando su trayectoria profesional hasta ese momento, se preguntó sobre la importancia de sus artículos para la vida de las personas. Su columna se sostenía mediante textos en constante diálogo con los lectores (a veces, también con los lectores) y, por tanto, se configuraba como un gran proyecto colectivo donde otras voces resonaban en la máquina de escribir de Carmen a la hora de redactar artículos para la revista. Sus escritos nunca fueron solitarios Esta angustia y la observación presente en el fragmento aquí citado resonarían más de 50 años después en su ciudad natal, Río Grande, en la segunda edición del concurso literario “Carmen da Silva”. En esta época escritores de todo el país se animaron a evocarla en la producción de crónicas en su homenaje. Cuando propusimos la idea del concurso, no podíamos predecir cómo la escritora de Rio Grande do Sul mantendría/construiría vínculos con su público. Al terminar la edición del libro, con las crónicas seleccionadas, nos dimos cuenta de que la voz de Carmen nunca había sido más necesaria, lo que se nota en los diálogos que componen esta antología. En algunas crónicas podemos observar una fuerte conexión con temas debatidos en la columna periodística de la autora, con especial atención a aquellos problemas que afrontan las mujeres en nuestra sociedad hasta el día de hoy. En casos más completos tenemos “Gramatica de ca(u)sa”, que aborda la cuestión de cuál sería la esencia femenina, y “Buracos”, que habla de la dificultad de ser mujer en la sociedad actual. A su vez, la violencia contra las mujeres, ya sea física/psicológica, es el tema de la crónica “Golondrinas”, que recuerda las historias de varias mujeres y el despertar de una fuerza de lucha. La autora riograndina no sólo es revisitada en sus escritos, sino también en su imagen histórica. En la misma línea de pensamiento, “Más Carmens contra los prejuicios” destaca la importancia de que más mujeres alcen su voz contra el sistema patriarcal, que tiene diferentes estilos, acercándose a resaltar la influencia de Carmen en los cambios sociales ocurridos en la vida de las mujeres. las mujeres y el mantenimiento de los derechos adquiridos, ya que, refuerzan, la lucha es continua. Es diverso, plural. Sin embargo, es innegable su propósito de recuperar, instigar y hacer oír no sólo la propia voz, sino también la de Carmen da Silva. Cuando la palabra está con ella, como alude el título del concurso, está con todas las que luchamos y exigimos un mundo más justo, equitativo y mejor para todas las mujeres. La comunidad comprometida y pensante a la que Carmen convoca en algunos de sus textos escritos para la revista Claudia parece haber escuchado su llamado y repercutido con gran estilo al componer esta antología. Sin embargo, hay que advertir: al adentrarse en este universo hecho de tinta, papel e ideas, se corre el riesgo de mantener encendida la llama de los pensamientos incendiarios de Carmen da Silva. Estaremos inextricablemente vinculados al destino de cada uno. Lo único que puedo garantizar es que vale la pena quemarlo.
 
Au terme de six années de travail à la revue Claudia, à la tête de la rubrique « L'art d'être une femme », Carmen da Silva, analysant son parcours professionnel jusqu'alors, s'interroge sur l'importance de ses articles dans la vie des gens. Sa chronique était entretenue par des textes en dialogue constant avec les lecteurs (parfois aussi avec les lecteurs) et, par conséquent, elle était configurée comme un grand projet collectif où d'autres voix résonnaient sur la machine à écrire de Carmen lors de la composition d'articles pour le magazine. Son écriture n'a jamais été solitaire. Cette angoisse et le constat présent dans l'extrait cité ici trouveront un écho plus de 50 ans plus tard dans sa ville natale, Rio Grande, lors de la deuxième édition du concours littéraire « Carmen da Silva ». A cette époque, les écrivains de tout le pays étaient encouragés à l'évoquer dans la réalisation de chroniques en son hommage. Lorsque nous avons proposé l'idée du concours, nous ne pouvions pas prédire comment l'écrivaine du Rio Grande do Sul entretiendrait/construirait des liens avec son public. En terminant l'édition du livre, avec les chroniques sélectionnées, nous nous sommes rendu compte que la voix de Carmen n'a jamais été aussi nécessaire, ce qui se remarque dans les dialogues qui composent cette anthologie. Dans certaines chroniques, nous pouvons constater un lien étroit avec les sujets débattus dans la chronique journalistique de l'auteur, avec une attention particulière aux problèmes auxquels sont confrontées les femmes dans notre société jusqu'à aujourd'hui. Dans des cas plus complets, nous avons « Grammatica de ca(u)sa », qui aborde la question de ce que serait l'essence féminine, et « Buracos », qui parle de la difficulté d'être une femme dans la société d'aujourd'hui. À son tour, la violence contre les femmes, qu'elle soit physique ou psychologique, est le thème de la chronique « Les hirondelles », qui rappelle les histoires de plusieurs femmes et le réveil d'une force combattante. L'auteur de Riograndina n'est pas seulement revisitée dans ses écrits, mais aussi dans son image historique. Dans le même ordre d'idées, « Plus de Carmen contre les préjugés » souligne l'importance pour davantage de femmes d'élever la voix contre le système patriarcal, qui a des styles différents, ce qui se rapproche de l'influence de Carmen sur les changements sociaux survenus dans la vie des femmes. les femmes et le maintien des droits acquis, car, renforcent-ils, la lutte est continue. C’est diversifié, pluriel. Cependant, leur objectif de récupérer, d'inciter et de faire entendre non seulement leur propre voix, mais aussi celle de Carmen da Silva, est indéniable. Lorsque la parole est avec elle, comme le titre du concours l’indique, elle est avec nous toutes qui luttons et exigeons un monde plus juste, plus équitable et meilleur pour toutes les femmes. La communauté engagée et réfléchie à laquelle Carmen fait appel dans certains de ses textes écrits pour le magazine Claudia semble avoir entendu son appel et s'est répercutée avec brio lors de la composition de cette anthologie. Cependant, il faut prévenir : en entrant dans cet univers fait d'encre, de papier et d'idées, on risque de maintenir allumée la flamme des pensées incendiaires de Carmen da Silva. Nous serons inextricablement liés au destin de chacun. Tout ce que je peux garantir, c'est que cela en vaut la peine.
 

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