Duas imprecações medievais contra os advogados: as diatribes de São Bernardo de Claraval e Ramon Llull nas obras da consideração (c. 1149-1152) e o Livro das Maravilhas (1288-1289)
Abstract:
O século XII assistiu a uma das maiores revoluções silenciosas já vistas na história do ocidente medieval: o renascimento do direito romano. Graças a ele, uma cisão corroeu o sistema feudal, colocando de um lado regalistas, e de outro, papistas, opondo e mesclando o direito consuetudinário ao romano, o canônico ao civil, e, sobretudo, fazendo despontar um novo e emergente tipo social: o advogado. Para desenvolver esse interessante topos literário a respeito dos advogados, analiso neste trabalho dois pequenos extratos medievais que mostram com maestria esse ponto de vista ainda hoje arraigado no senso comum. São duas interessantes passagens contra os advogados: uma belíssima carta exortatória intitulada Da consideração, do monge Bernardo de Claraval (1090-1154) ao papa Eugênio III (1145-1153), e um trecho da novela enciclopédica O livro das maravilhas, do filósofo Ramon Llull (1232-1316).
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