Abstract:
A presente dissertação tem por intenção debruçar-se sobre uma fonte histórica produzida no século V a.C, especificamente na cidade de Atenas, uma obra teatral escrita e encenada pelo trágico Eurípides no ano de 431, a tragédia Medeia. Nesse sentido, a nossa interpretação foi fundamentada paulatinamente a partir de uma problemática que utiliza a categoria de gênero para realização de uma leitura específica da personagem Medeia. Além disso, decidimos utilizar esse conceito pois a sociedade clássica apresenta uma organização social e política que evidencia o masculino e atitudes referentes ao seu espaço, ou seja, o comum. Contudo, quando interpretamos profundamente a tragédia Medeia podemos observar que de alguma forma ela permite quebrar uma visão monocromática que reduz tudo a um antagonismo visceral, de mulheres submissas e de homens senhores absolutos, estabelecendo papéis sociais distintos para ambos os sexos. E é justamente esse transbordamento que a personagem realiza que nos permite demonstrar através da escrita as discussões existentes no interior do texto trágico a partir de um problema contemporâneo, a categoria de gênero. Neste sentido, dois tópicos são basilares na presente pesquisa: primeiramente as relações de parentesco que alicerçam-se na problemática do gênero e posteriormente a produção de um lógos específico ao feminino.
The present dissertation intends to focus on a historical source produced in the 5th century BC, specifically in the city of Athens, a theatrical work written and staged by the tragic Euripides in the year 431, the tragedy Medea. In this sense, our interpretation was gradually based on a problem that uses the category of genre to carry out a specific reading of the character Medea. In addition, we decided to use this concept because classical society presents a social and political organization that highlights the masculine and attitudes related to its space, that is, the common. However, when we deeply interpret the Medea tragedy, we can observe that somehow it allows breaking a monochromatic vision that reduces everything to a visceral antagonism, of submissive women and absolute masters of men, establishing distinct social roles for both sexes. And it is precisely this overflow that the character performs that allows us to demonstrate through writing the discussions that exist within the tragic text from a contemporary problem, the category of gender. In this sense, two topics are fundamental in this research: firstly, kinship relations that are based on the gender issue and later, the production of a specific feminine logos.