Abstract:
Alguns estudos sugerem que a suplementação de ácidos graxos altamente poliinsaturados da família n-3 (n-3 AGAI) poderiam aumentar a sobrevivência, o crescimento e a tolerância ao estresse em animais aquáticos. Neste trabalho, avaliamos os efeitos do enriquecimento de Artemia franciscana (GSL, EUA) com emulsões contendo diferentes perfis de ácidos graxos no desempenho da larvicultura, desenvolvimento morfológico e tolerância à salinidade, temperatura e amônia total (N-AT) de pós-larvas do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis (Pérez-Farfante, 1967). Larvas no estádio de misis I foram cultivadas numa densidade inicial de 60 indivíduos/L em tanques de 40L até a idade de pós-larva 10 (PL10). Grupos de camarões foram alimentados exclusivamente com uma das seguintes dietas: (1) náuplios recém-eclodidos de Artemia; (2) náuplios enriquecidos com emulsão a base de ácidos graxos saturados (AGS) (emulsão ICES 0/-/C); e (3) náuplios enriquecidos com emulsão (ICES 50/0,6/C) contendo 50% de ácidos graxos altamente insaturados (n-3 HUFA). Náuplios recém-eclodidos foram enriquecidos por 24hs com duas doses de 0,3 g de emulsão/L adicionada a cada 12hs. A alimentação das larvas foi realizada diariamente às 10:00 e 22:00hs. Ao alcançar a idade de PL10, estimaram-se a sobrevivência, comprimento total (CT; da extremidade do rostro até a extremidade do telson), índice de desenvolvimento e a morfologia das pós-larvas (conformação da posição central do telson, número de cerdas no quinto somito abdominal, número de espinhos dorso-rostrais e número de cerdas do telson). As tolerâncias à salinidade, temperatura e amônia foram avaliadas pela exposição de PL10 à salinidade 10 por 1h, 16-17 °C por 1h e níveis crescentes de amônia total (0, 15, 30, 45, 60 e 90 mg/L de N-AT) por 24hs, respectivamente. As tolerâncias à salinidade e temperatura foram expressas através do índice de estresse acumulado (IEA; somatório das mortalidades acumuladas por 1h), enquanto a tolerância à amônia foi estimada através da concentração média letal para 50% da população (CL50). Todos os resultados foram submetidos a ANOVA e ao teste Tukey’s (α=0,05), com exceção dos valores de CL50, os quais foram comparados graficamente. As taxas de sobrevivência de PL1 e PL10 alimentadas com meta-náuplios de Artemia enriquecidos com HUFA foram significativamente maiores do que nos outros tratamentos. viii O comprimento total das PL1 não foi significativamente diferente, mas as PL10 alimentadas com náuplios recém-eclodidos foram significativamente maiores. Não foram encontradas diferenças significativas em termos de taxa de metamorfose e tolerância à salinidade e temperatura. A conformação da posição central do telson e no número de cerdas no quinto somito abdominal foram significativamente diferentes, o que não ocorreu para o número de espinhos dorso-rostrais e o de cerdas do telson. As PL10 alimentadas com meta-náuplios de Artemia enriquecidos com HUFA apresentaram maior tolerância à amônia. Esses resultados sugerem que alimentação de larvas e pós-larvas de F. paulensis com meta-náuplios de Artemia enriquecidos com HUFA aumenta sua sobrevivência e tolerância à amônia total, o que pode ser vantajoso sob condições adversas de cultivo.
Dietary supplementation of n-3 highly unsaturated fatty acids (n-3 HUFA) is thought to increase survival, growth and stress tolerance of aquatic animals. In this study, we assessed whether or not the enrichment of Artemia franciscana (GSL strain, USA) with emulsions containing different fatty acid profiles would affect larviculture output, postlarval morphology and tolerance to salinity, temperature and total ammonia (TAN) of the shrimp Farfantepenaeus paulensis (Pérez-Farfante, 1967). Mysis I larvae were reared in 40 L tanks at an initial density of 60/L. Up to postlarvae 10 (PL10), three replicate groups of shrimp were fed solely one of the following diets: (1) freshly hatched Artemia nauplii; (2) Artemia meta-nauplii enriched with a saturated fatty acid (AGS) emulsion (ICES enrichment emulsion 0/-/C); and (3) Artemia meta-nauplii enriched with an emulsion containing 50% HUFA (ICES emulsion 50/0.6/C). Freshly hatched Artemia nauplii were enriched for 24h with two doses of 0.3g emulsion/L added at 12h intervals. Larval feeding was carried out daily at 10:00 and 22:00h. Survival, total length (TL; from the tip of rostrum to the tip of the telson), development index and analysis of postlarval morphology were estimated. Tolerance to salinity, temperature and ammonia was assessed by exposing PL10 to 10‰ salinity for 1h, 16-17°C for 1h and increasing total ammonia levels (0, 15, 30, 45 60 and 90 mg/L TAN) for 24 h, respectively. Tolerance to salinity and temperature were expressed as cumulative stress indexes (CSI; sum of cumulative mortalities over 1h), while tolerance to ammonia was estimated as the median lethal concentration for 50% of the population (LC50). All data were subjected to ANOVA and Tukey’s test, except LC50 values, which were compared graphically. Survival of shrimp fed n-3 HUFA enriched Artemia was significantly higher than in the other treatments. TL of PL1 were not significantly different, but PL10 fed Artemia nauplii were significantly longer. No differences were found in terms of development index and tolerance to salinity and temperature. Differences in the central position of the telson and in the number setae in the 5th abdominal somit were found, while no differences in terms of number of dorsal rostral teeth and number of setae in the telson were observed. PL10 fed HUFA enriched Artemia presented a higher tolerance to ammonia. These results suggest that feeding HUFA- x enriched Artemia meta-nauplii to F. paulensis larvae increases their survival rate and tolerance to total ammonia, which may be advantageous under adverse rearing conditions.