Abstract:
Grupos de larvas do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis foram alimentadas do estádio de mísis I até oito dias após a metamorfose (PL8) com duas dietas diferentes: tratamento enriquecido (TE), no qual as larvas receberam metanáuplios de Artemia enriquecidos com uma emulsão rica em ácidos graxos altamente insaturados (n-3 HUFA), e tratamento controle (TC), onde as larvas foram alimentadas com náuplios recém eclodidos de Artemia. As larvas foram criadas na densidade de 67/L em dois tanques de 180L. As PL8 foram submetidas a testes de tolerância à salinidade e amônia total (N-AT). Ao final da larvicultura, pós-larvas com 18 dias (PL18) foram estocadas na densidade de 300 PL/m2 em gaiolas (1m2 de fundo e malha de 1,5mm) instaladas no estuário da Lagoa dos Patos, RS, onde foram criadas durante 30 dias. As PL8 alimentadas com Artemia enriquecida apresentaram tolerância significativamente maior à salinidade e a amônia total. As salinidades letais para 50% da população durante 24 horas (SL50 24h) foram estimadas em 18,93‰ e 20,53‰ para TE e TC, respectivamente, enquanto que as concentrações letais de amônia total para 50% da população durante 24 horas (LC50 24 h) em TE e TC foram 32,6 e 30,0 mg/L N-AT, respectivamente. O peso das PL18 do tratamento TE foi significativamente maior do que as do controle. A análise de ácidos graxos indicou níveis significativamente mais altos de n-3 HUFA, especialmente dos ácidos graxos eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA), na Artemia enriquecida (TE). Por sua vez, níveis mais elevados de ácidos graxos altamente insaturados das séries n-6 e n-3 foram observados nas pós-larvas (PL) do TE, enquanto que as PL do TC apresentaram níveis mais altos dos ácidos linolênico (18:3n-3) e estearidônico (18:4n-3). Embora ao final do berçário não tenham sido detectadas diferenças significativas entre as sobrevivências, o peso final foi significativamente superior no TE (TC = 0,896g e TE = 1,082g). Os resultados demonstram que o fornecimento de n-3 HUFA durante a fase de larvicultura aumenta a tolerância de pós-larvas de F. paulensis à salinidade e à amônia e ainda afeta positivamente o crescimento. A diferença de peso observada no final da fase de larvicultura manteve-se ao longo do cultivo nas gaiolas. Recomenda-se, portanto, o fornecimento de n-3 HUFA durante a larvicultura, através do enriquecimento de Artemia, como forma de produzir pós-larvas com maior tolerância ao estresse e maior tamanho.
From mysis I to eight day-old postlarvae (PL8), groups of shrimp (Farfantepenaeus paulensis) larvae were fed two different dietary treatments: enriched (TE), in which larvae received Artemia metanauplii enriched with a emulsion containing high levels of highly unsaturated fatty acids (n-3 HUFA), and control (TC), where larvae were fed newly hatched Artemia nauplii. Larvae were reared at the density of 67/L in two 180L tanks. PL8 were submitted to stress tolerance tests to salinity and total ammonia (N-AT). At the end of the larviculture period, eighteen day-old postlarvae (PL18) were transferred to cages (1m2 bottom area and 1.5mm mesh opening) placed in the Patos Lagoon estuary, southern Brazil, were they were nursery-reared for 30 days. PL fed the enriched Artemia presented significantly higher tolerance to both salinity and total ammonia. Lethal salinity for 50% of the population during 24 hours (SL50 24h) were 18.93 and 20.53 for TE and TC, respectively, whereas the lethal total ammonia concentration for 50% of the population during 24 hours (LC50 24 h) for TE and TC were 32.6 and 30.0 mg/L N-AT, respectively. Weight of PL18 from TE was significantly higher than in the control group. Fatty acid analysis indicated significantly higher levels of n-3 HUFA, especially eicosapentaenoic (EPA) and docosahexaenoic acids (DHA), in the enriched Artemia (TE). In the postlarvae, higher levels of highly unsaturated fatty acids of the n-6 and n-3 series were observed in the PL from TE, while PL from TC presented higher levels of linolenic (18:3n-3) and estearidonic (18:4n-3) acids. Although at the end of the nursery rearing no significant differences in survival were observed, final weight was significantly higher in TE (TC = 0.896g and TE = 1.082g). Results demonstrate that the supplementation of n-3 HUFA during larval rearing increases the tolerance of F. paulensis postlarvae to salinity and total ammonia and positively affects growth. Moreover, the weight difference in PL from the different treatments observed at the end of the larval rearing remained after 30 days of nursery rearing. Therefore, the supplementation of n-3 HUFA during the larviculture of F. paulensis, through Artemia enrichment, is recommended as a way to produce postlarvae with higher stress tolerance and larger size.