Abstract:
Objetivo: Analisar o estado de luto das mães de bebês natimortos, o impacto
psicossocial e as estratégias de enfrentamento delas após o óbito fetal.
População alvo: Mães de natimortos atendidas nas duas maternidades do município de
Rio Grande, com idade igual ou superior a 18 anos, que participaram do estudo
“Inquérito Perinatal em Rio Grande/RS” no ano de 2019 e que responderam não à
pergunta do inquérito “o seu filho nasceu vivo?”. Foram identificadas 20 mulheres,
sendo 15 mães de natimortos elegíveis para o estudo.
Delineamento: Transversal.
Desfecho: Estado de luto, impacto psicossocial e estratégias de enfrentamento das
mães de natimortos.
Análise: Os dados obtidos foram submetidos a diferentes técnicas de análise. Os dados
coletados nas escalas seguiram as orientações de análise dos autores responsáveis pela
validação dos instrumentos no Brasil. Os dados resultantes da entrevista em
profundidade compuseram um corpus que foi submetido a análise temática e, após a
leitura exaustiva, códigos foram gerados e um mapa temático foi desenvolvido. A
triangulação dos dados coletados ocorreu durante a interpretação e análise dos
resultados buscando compreender as convergências, combinações e diferenças entre os
achados das escalas e do mapa temático.
Resultados: Três mães apresentaram luto complicado identificado na aplicação da
Escala de Luto Perinatal. Quatro temas emergiram na análise temática das entrevistas:
(a) descoberta da perda; (b) atendimento; (c) impacto psicossocial e (d) estratégias de
enfrentamento. Culpa, ansiedade, depressão e luto não legitimados são danos
observados nas mães após o natimorto. Os tipos de coping predominantes nas mães a
partir BriefCOPE foram religião, reinterpretação positiva, auto culpa, aceitação, coping
ativo, suporte emocional, auto distração, expressão de sentimento, planejamento e
suporte instrumental.
Conclusão: É possível concluir que o natimorto tem impacto negativo sobre as mães. O
atendimento revela a inexistência de um protocolo e sugere que o apoio está
condicionado a sensibilidade da equipe. O despreparo para noticiar o natimorto e
conduzir o atendimento pós perda pode prejudicar a construção de estratégias de
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enfrentamento. Conhecer a extensão dos danos causados por um natimorto pode
contribuir para políticas de saúde pública e protocolos de atendimento para as mães
que perderam seus bebês.
Aim: To analyze the grieving status of mothers of stillborn babies, psychosocial impact,
and coping strategies after fetal death.
Target population: Mothers of stillbirths attended at two maternity hospitals in the city
of Rio Grande (state of Rio Grande do Sul, Brazil), aged 18 years or over, who participated
in the study “Perinatal Survey in Rio Grande/RS” in 2019 and who answered no to the
survey question “Was your child born alive?”. Twenty women were identified, 15
mothers of stillbirths eligible for the study.
Design: Cross-sectional.
Outcome: Grief, psychosocial impact, and coping strategies for mothers of stillborn.
Analysis: The data obtained were subjected to different analysis techniques. The data
collected on the scales followed the analysis guidelines of the authors responsible for
validating the instruments in Brazil. The data resulting from the in-depth interview
comprised a corpus that was subjected to thematic analysis and, after reading, codes
were generated, and a thematic map was developed. The triangulation of the collected
data occurred during the interpretation and analysis of the results seeking to understand
the convergences, combinations, and differences between the findings of the scales and
the thematic map.
Results: Three mothers had complicated mourning identified in the application of the
Perinatal Mourning Scale. Four themes emerged in the thematic analysis of the
interviews: (a) discovering the loss; (b) service; (c) psychosocial impact and (d) coping
strategies. Non-legitimized guilt, anxiety, depression, and grief are damages seen in
mothers after stillbirth. The types of coping prevalent in mothers from BriefCOPE were
religion, positive reinterpretation, self-guilt, acceptance, active coping, emotional
support, self-distraction, expression of feeling, planning and instrumental support.
Conclusion: It is possible to conclude that stillbirth has a negative impact on mothers.
The service reveals the lack of a protocol and suggests that support is conditioned to the
team's sensitivity. Unpreparedness to report the stillbirth and conduct post-loss care
can hinder the construction of coping strategies. Knowing the extent of damage caused
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by stillbirth can contribute to public health policies and care protocols for mothers who
have lost their babies.