Abstract:
Objetivo: Investigar os efeitos dos programas de educação em saúde sexual realizados a partir de mídias digitais para adolescentes.
População alvo: Adolescentes.
Delineamento: O estudo trata-se de uma revisão sistemática e meta-análise das intervenções de saúde sexual realizadas através de mídias digitais. Foram utilizadas as bases de dados: Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), PubMed, EMBASE, Web Of Science, SciELO e LILACS, publicados entre janeiro de 2000 à junho de 2022, nos idiomas inglês, português e espanhol. A estratégia PICOS para a inclusão dos estudos possui a seguinte definição: (P) População: adolescentes de 10 a 19 anos; (I) Intervenção: Programas de educação em saúde sexual realizadas através de mídias digitais; (C) Comparador: Nenhum ou outro programa educativo; (O) Desfechos: Comportamentos sexuais de risco, uso de preservativo, incidência de gravidez não e conhecimentos adquiridos acerca da saúde sexual em geral; (S) Delineamento: Ensaios clínicos, ensaios de campo e ensaios comunitários.
Análise: A meta-análise foi realizada através do modelo de efeitos aleatórios, foram calculadas as diferenças das médias padronizadas (DMP) para os desfechos contínuos e risco relativo (RR) para os dicotômicos, bem como os intervalos de confiança de 95% (IC95%). A heterogeneidade foi avaliada por meio da estatística (I²). Para o viés de publicação foi utilizado o gráfico de funil e o teste de Egger.
Resultados: 17 estudos foram incluídos, a maioria, ensaios controlados randomizados e baseados na intenção de tratar. Houve variabilidade dos tipos de mídias, conteúdos e tempo de duração. As intervenções tiveram associações estatisticamente significativas para a eficácia do uso de preservativo (DMP: 0,14; IC95% 0,02-0,26; p: 0,02; nível de evidência: baixo) e aumento de conhecimento em saúde sexual (DMP: 0,66; IC95% 0,27-1,04; p: 0,001; nível de evidência: moderado). As intervenções apresentaram um fator de proteção de 43% para gravidez não planejada (RR: 0,57; IC95% 0,23-1,41; p: 0,22; nível de evidência: muito baixo), assim como
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apresentou aumento da intenção do uso de preservativo (DMP: 0,08; IC95% -0,08-0,24; p: 0,30; nível de evidência: muito baixo), contudo, ambos os desfechos não apresentaram significância estatística. Não foi possível realizar a meta-análise do desfecho de comportamento sexual de risco, pela pouca quantidade estudos, porém os grupos que receberam as intervenções apresentaram comportamentos mais assertivos.
Conclusão: O uso das mídias como ferramentas de educação em saúde sexual foram capazes de promover o uso correto de preservativo, aumentar o conhecimento em saúde sexual entre os adolescentes, contudo os níveis de evidência foram considerados baixo e moderado, respectivamente. O comportamento sexual de risco também apresentou resultados mais favoráveis nos grupos que recebram as intervenções. Novos ensaios controlados com períodos mais longos de acompanhamento devem ser realizados.
Objective: To investigate the effects of sexual health education programs carried out using digital media for adolescents.
Target population: Adolescents.
Design: The study is a systematic review and meta-analysis of sexual health interventions carried out through digital media. The following databases were used: Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), PubMed, EMBASE, Web Of Science, SciELO and LILACS, published between January 2000 and June 2022, in English, Portuguese and Spanish. The PICOS strategy for the inclusion of studies has the following definition: (P) Population: adolescents aged 10 to 19 years; (I) Intervention: Sexual health education programs carried out through digital media; (C) Comparator: None or other educational program; (O) Outcomes: Risky sexual behavior, condom use, incidence of non-pregnancy and knowledge acquired about sexual health in general; (S) Design: Clinical trials, field trials and community trials.
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Analysis: The meta-analysis was performed using the random effects model, differences in standardized means (SMD) were calculated for continuous outcomes and relative risk (RR) for dichotomous ones, as well as 95% confidence intervals (CI95%). Heterogeneity was evaluated using statistics (I²). For publication bias, the funnel plot and Egger's test were used.
Results: 17 studies were included, the majority being intention-to-treat, randomized controlled trials. There was variability in the types of media, content and duration. Interventions had statistically significant associations for effectiveness of condom use (SMD: 0.14; 95%CI 0.02-0.26; p: 0.02; level of evidence: low) and increased sexual health knowledge (SMD: 0.66; 95%CI 0.27-1.04; p: 0.001; level of evidence: moderate). The interventions showed a protection factor of 43% for unplanned pregnancy (RR: 0.57; 95%CI 0.23-1.41; p: 0.22; level of evidence: very low), as well as an increase in intention to use a condom (SMD: 0.08; 95%CI -0.08-0.24; p: 0.30; level of evidence: very low), however, both outcomes were not statistically significant statistic. It was not possible to carry out a meta-analysis of the outcome of sexual risk behavior, due to the small number of studies, but the groups that received the interventions showed more assertive behaviors.
Conclusion: The use of media as sexual health education tools were able to promote the correct use of condoms and sexual health knowledge among adolescents, however the levels of evidence were considered low and moderate, respectively. Risky sexual behavior also showed more favorable results in the groups that received the interventions. New controlled trials with longer follow-up periods should be performed.