Abstract:
Introdução: O Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, em 2019
atingiu o número de 773.151 pessoas privadas de liberdade em todos os regimes.
Estimativas sugerem que a população privada de liberdade (PPL) apresenta 7,2 vezes
mais chances de viver com HIV do que pessoas adultas na população geral. Estudos
apontam que a capacidade de executar uma determinada conduta ou ação inclui
aspectos como o conhecimento do comportamento requerido. Em relação ao HIV entre
à PPL, o conhecimento ameniza os riscos a que esta população vulnerável pode estar
se expondo. Objetivo: Avaliar o percentil do conhecimento sobre o HIV/Aids em uma
população privada de liberdade. Material e Métodos: Trata-se de um estudo transversal
que realizou a análise do Conhecimento do HIV/Aids na PPL, através da Teoria de
Resposta ao Item, que identifica os parâmetros de discriminação, além da dificuldade de
cada item, possibilitando desenvolver para cada instrumento uma escala de medida com
maior qualidade psicométrica. Essa pesquisa fez parte do Projeto de Saúde Prisional do
regime fechado da 5ª Delegacia Penitenciária Regional - Sul (DPR), realizada no período
de maio de 2017 a janeiro de 2018. Na coleta dos dados foi utilizado o Questionário de
Conhecimento sobre HIV (HIV-K-Q) na forma auto aplicada. Para a análise do
conhecimento, foi definido como ponto de corte o percentil 80 e aqueles 20% que
atingiram esse parâmetro formaram o desfecho deste estudo, sendo considerados com
nível alto de conhecimento. As análises bivariadas foram realizadas por meio do quiquadrado (χ²) de Person para analisar a relação do desfecho com as variáveis
independentes. Para as variáveis categóricas ordinais, foi reportado o p do teste de Wald
para a tendência linear. A análise multivariável foi conduzida mediante Regressão de
Poisson e elaborado um modelo hierárquico, controlando as variáveis para aquelas do
mesmo nível ou de níveis anteriores, permanecendo no modelo aquelas com p<0.20.
Resultados: Com este estudo concluímos que ao analisarmos os 20% com maior
conhecimento na população privada de liberdade, aqueles com 9 anos ou mais de
educação, com renda acima de dois salários mínimos, que tinham religião, com 30 anos
ou mais de idade e que já receberam informações sobre Infecções Sexualmente
Transmissíveis foram os que apresentaram maior nível de conhecimento sobre o
HIV/Aids. No contexto deste estudo, foi considerado como alto conhecimento sobre
HIV/Aids os 20% da amostra 115 dos 571 que atingiram conhecimento superior ou igual
a 80%. Além disso, foi possível observar que existem muitas fragilidades encontradas
nesta população. Sendo necessário o desenvolvimento, aprimoramento de ações e
intervenções de saúde direcionadas à PPL no âmbito dos serviços de saúde prisional.
Introduction: Brazil possesses the fourth-largest incarcerated population globally,
reaching a total of 773,151 individuals deprived of liberty across all regimes in 2019.
Estimates suggest that the incarcerated population (IP) is 7.2 times morem likely to live
with HIV than adults in the general population. Studies indicate that the ability to execute
a specific conduct or action includes aspects such as knowledge of the required behavior.
Concerning HIV among the IP, knowledge mitigates the risks to which this vulnerable
population may be exposing themselves. Objective: To assess the percentile of
knowledge about HIV/AIDS in an incarcerated population. Materials and Methods: This
is a cross-sectional study that conducted an analysis of HIV/AIDS knowledge in the IP
using Item Response Theory. This theory identifies discrimination parameters and the
difficulty of each item, enabling the development of a measurement scale with higher
psychometric quality for each instrument. This research was part of the Prison Health
Project in the closed regime of the 5th Regional Penitentiary Delegation - South (DPR),
conducted from May 2017 to January 2018. Data collection utilized the self-administered
HIV Knowledge Questionnaire (HIV-K-Q). For knowledge analysis, the 80th percentile
was set as the cutoff point, and those 20% reaching this parameter formed the outcome
of this study, considered to have a high level of knowledge. Bivariate analyses were
conducted using Pearson's chi-square (χ²) to examine the relationship of the outcome
with independent variables. For ordinal categorical variables, the p-value of the Wald test
for linear trend was reported. Multivariate analysis was performed through Poisson
Regression, developing a hierarchical model by controlling variables for those at the
same level or earlier levels, retaining in the model those with p<0.20. Results: With this
study, we concluded that, upon analyzing the top 20% with higher knowledge in the
incarcerated population, individuals with 9 or more years of education, income above two
minimum wages, religious affiliation, 30 years or older, and those who received
information about Sexually Transmitted Infections showed the highest level of knowledge
about HIV/AIDS. In the context of this study, high knowledge about HIV/AIDS was defined
for the top 20% of the sample, with 115 out of 571 attaining knowledge equal to or greater
than 80%. Additionally, it was observed that many vulnerabilities exist in this population,
necessitating the development and improvement of health actions and interventions
directed at the incarcerated population within the scope of prison health services.