Abstract:
A Klebsiella pneumoniae é uma enterobactéria responsável por infecções
comunitárias e relacionadas à assistência à saúde (IRAS). A K. pneumoniae resistente à
terceira geração de cefalosporinas e/ou carbapenêmicos, é considerada uma ameaça
crítica à saúde global pela Organização Mundial da Saúde devido à limitação de
tratamentos eficazes. O presente estudo tem como objetivo analisar o impacto das
infecções por K. pneumoniae na taxa de resistência antimicrobiana e na conduta
terapêutica em um hospital de atendimento terciário. Trata-se de um estudo retrospectivo
transversal onde foram incluídos 245 episódios de infecção por K. pneumoniae em 219
pacientes internados no período de 2019 a 2021 no Hospital Universitário Dr. Miguel Riet
Corrêa Jr da Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Foram determinadas as taxas
de resistência aos antimicrobianos, e avaliadas se variáveis demográficas e clínicas foram
associadas a uma prescrição de antibiótico adequada em relação ao perfil de sensibilidade
ao antimicrobiano. A associação das variáveis foi realizada com a conduta terapêutica
antes e após a liberação do resultado microbiológico pelo teste de qui-quadrado através
do programa SSP, sendo considerado significativo um p < 0.05. Os resultados mostraram
que a taxa resistência aos antibióticos das classes das cefalosporinas, quinolonas e
carbapenêmicos, bem como a taxa de produtora de betalactamase de espectro estendido,
apresentaram um aumento gradual ao longo dos três anos de estudo. No ano de 2021
foram apresentadas as maiores taxas de resistência a 15 dos 16 antibióticos avaliados
sendo as maiores de 100% para ampicilina e 86,36% para cefazolina. Na análise da
conduta terapêutica mostrou que não houve diferença significativa nas variáveis em
relação a conduta ser ou não ajustada após a liberação do laudo laboratorial. Na escolha
empírica foi demonstrado que nos casos de pacientes novos (≤ 20 anos de idade),
internados na UTI neo e pediátrica e amostras de origem sanguínea a escolha do
antibiótico foram significativamente mais adequadas. Os achados deste estudo mostraram
uma crescente taxa de resistência antimicrobiana pela K. pneumoniae no período da
pandemia, sobretudo para as cefalosporinas e carbapenêmicos. Na conduta terapêutica,
não foi encontrada diferença significativa entre ajustar ou não o tratamento após a
liberação do laudo microbiológico. Estes resultados demonstraram na prática clínica que
o manejo inadequado do uso de antibióticos contribui para a progressão das taxas de
resistência de K. pneumoniae, e demonstram a necessidade de fortalecer o manejo
racional do uso de antibióticos com uma abordagem mais precisa no escalonamento da
terapia com base nos resultados microbiológicos.
Klebsiella pneumoniae is an enterobacteria responsible for community and
healthcare associated infections (HAI). K. pneumoniae resistant to the third generation of
cephalosporins and/or carbapenemics is considered a critical threat to global health by the
World Health Organization due to the limitation of effective treatments. This study aims
to analyze the impact of K. pneumoniae infections on the antimicrobial resistance rate
and therapeutic management in a tertiary care hospital. This is a retrospective crosssectional study which included 245 episodes of K. pneumoniae infection in 219 patients
hospitalized from 2019 to 2021 at the University Hospital Dr. Miguel Riet Corrêa Jr of
the Federal University of Rio Grande-FURG. Antimicrobial resistance rates were
determined, and demographic and clinical variables were associated with an appropriate
antibiotic prescription in relation to the antimicrobial sensitivity profile. The association
of the variables was performed with the therapeutic conduct before and after the release
of the microbiological result by the chi-square test through the SSP program, being
considered significant a p < 0.005. The results showed that the rate of resistance to
antibiotics of the cephalosporins, quinolones and carbapenemics classes, as well as the
rate of producing extended spectrum betalactamase, showed a gradual increase over the
three years of study. In 2021, the highest rates of resistance to 15 of the 16 antibiotics
evaluated were presented, being the higher of 100% for ampicillin and 86.36% for
cefazolin. In the analysis of the therapeutic conduct showed that there was no significant
difference in the variables in relation to the conduct being or not adjusted after the release
of the laboratory report. In the empirical choice it was demonstrated that in the cases of
patients under 20 years old, hospitalized in the neo and pediatric ICU and blood samples
the choice of antibiotic was significantly more appropriate. The findings of this study
showed an increasing rate of antimicrobial resistance by K. pneumoniae in the pandemic
period, especially for cephalosporins and carbapenemics. In the therapeutic approach, no
significant difference was found between adjusting or not the treatment after the release
of the microbiological report. These results demonstrated in clinical practice that
inadequate management of antibiotic use contributes to the progression of K. pneumoniae
resistance rates, and demonstrate the need to strengthen the rational management of the
use of antibiotics with a more precise approach in therapy scaling based on
microbiological results.